26.7.05

Quando o Circo desce à cidade

Soares, Cavaco, Freitas... Voltámos ao passado perante a incompetência do presente? Como já dizia Fitzgerald no "Great Gatsby", "you can't repeat the past". Andamos para trás, em vez de descobrir a modernidade?
Entretanto o brilhante ministro da Justiça lança mais uma boa patacoada. Há tempos afirmou alarvemente que o STJ perdia tempo com cheques sem provisão e conduções sem carta. Tal falsidade veio a ser desmentida com a desculpa de uma errada informação de um acessor. A ser verdade, tal acessor revelou uma incompetência tão gritante que deveria, de imediato, ter sido dispensado. Não foi.
Já agora, o ministro que engole tal informação revela nada perceber da prática judiciária. Então, porque é ministro?
Ontem disse que as acções executivas demoravam em 2003, na primeira instância, em média 27 meses. Ora, que eu saiba, a execução corre sempre em primeira instância, e não é acção que, uma vez decidida (pagamento e sentença de extinção) tenha recurso que a atrase (sendo possível, é raro, se não inédito, tal recurso). O que o Sr. ministro deveria ter dito é que, desde a entrada do novo regime de tramitação das execuções, estas não andam nos grandes centros como Lisboa e Porto. Pelo andar da carruagem nem 27 anos chegarão.
Qual vai ser o acessor a apanhar com as culpas. O mesmo?

24.7.05

Em época de estupor estival sucedem-se enganos e desenganos. Artifícios passam despercebidos perante uma comunidade mais preocupada com o sol da sua praia que com a vida que a rodeia.
Os incêndios continuam. O tom do jornalismo que os relata alterou-se. A culpa do fogo já não é do governo, como foi o ano passado.
A água escasseia. Começam a ser efectivos os cortes e racionamentos. Alguém se lembra de Nobre Guedes prever tal solução? Pena foi que, na sua coerência, assim que entrou em campanha desdisse tal cenário, garantindo que havia água para tudo e para todos. Agora, pelos Algarves, as restrições são reais. Não obstante os campos de golfe continuarem bem verdes, enquanto o gado morre de fome e sede um pouquito mais para Norte, na extensa planície alentejana.
De agravamento em agravamento a economia não acorda. O crescimento económico arrisca-se a estagnar ou dar lugar à recessão. Entretanto o ministro das finanças sai por não querer vir a ser conhecido como o ministro do TGV e da OTA.
O que quer a malta? A reentrada da bola. Quem contrata o Benfica, o Sporting ou o Porto? Quando começam os pontapés na bola?
Perdendo ilusões de grandeza, a classe suburbana troca as férias no Algarve pelas praias da Linha, pela Costa da Caparica, pelo Guincho, Maçãs ou Ericeira. Estas praias enchem-se como não acontecia nos últimos anos. Desde que a tez fique morena, conseguiremos tudo enfrentar. Certo que é que com a alvura de uma lula, a pele do anúncio à lixívia, a palidez clínica de quem trabalha sob lâmpadas fluorescentes somos mais deprimentes do que com o castanho tulicreme de quem nada faz para além de aguardar que o Sol queime este invólucro orgânico.

21.7.05

Princípio da igualdade?

A mudança de ministro das finanças neste governo de Sócrates só teve um mérito: não foi feita na praça pública. Porém, ao fim de quatro meses de governo o que se passa? Já há desentendimentos nas fileiras? E logo no cerne da política governamental, aquela que tudo determina?
Se esta mudança ocorresse num governo como o anterior, o do arrepiante PSL, caíria o Carmo e a Trindade. Agora, parece que a calma impera no comentário político. O mesmo que atacava Pedro Santana Lopes sem contemplações.
Notem bem: eu queria a queda do governo de PSL. E tenho por assente que este governo, por muito mau que seja, tem que se aguentar agora por força da legitimidade eleitoral que lhe concederam. MAs não podem deixar passar em branco as suas deficiências. Sob pena de violação do princípio da igualdade.

15.7.05

Até breve

Estou a entrar no período oficial de férias.
Quer isto dizer que, a partir de hoje, vou estar mais ocupado a apnhar sol, areia e mar, a passear e ver exposições que esperam por mim, do que a dedicar-me ao blog.
Não estranhem, por isso, a minha ausência nos próximos tempos.
Pelo meio cá virei deixar uma coisa que está prometida e que, pelo seu tamanho, demorará algum tempo a ler. Falta ainda algum trabalho de revisão.
Até breve.

13.7.05

Guerras antigas

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Fui ver, na 6ª-feira, a Guerra dos Mundos em versão Spielberg.
Que dizer sobre o filme?
O realizador é criativo, tem um sentido estético muito positivo e planos e efeitos bastante bem conseguidos.
Os efeitos especiais são muito bons (a cena do chão a rasgar-se para aparecer o primeiro tripod é brilhante) e a história é garantida de qualidade.
Mas...
E é um grande "mas"...
Tom Cruise não me convence (a sua actuação é irritante). A tensão familiar é demasiado esteriotipada para circunstâncias tão extremas. O filme tem, a espaços, pormenores daqueles que incomodam e aos quais não refiro porque teria que revelar o filme e acho que quem o for ver deve ter oportunidade de sentir o suspense (se conseguir) que quiseram pôr na obra.
Já agora, a tradução é, por vezes, uma verdadeira traição.
No geral, é um filme bom para ver enquanto passa o tempo, tem pormenores de boa qualidade, mas que não consegue ultrapassar a mediania. Foi pena ter ido ver esta ao invés do Sin City, mas os horários são impiedosos.

12.7.05

Silly Season

Entra-se no Verão e os jornais, as TVs e até os Blogs se enchem de inutilidades, curiosidades e inquéritos patetas.
Compreendo porquê. Também o meu cérebro está a ficar em papa, já não sei sobre o que escrever e o calor atrofia as ideias.
É a altura ideal do ano para ser dinâmico. A vantagem sobre os demais pode assegurar o resultado sem grande esforço.
Por aqui, bloga-se sem saber bem o quê.

De um dia para o outro

Quando o sol regressa à cidade

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Fotografia por Urso Polar

qualquer cantinho serve para fugir ao calor. Se não há praia, procure-se o jardim.

11.7.05

Poupança de energia

A cidade de Lisboa acordou assim,

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(foto por Urso Polar)

cheia daquele nevoeiro que gosto de sentir, cheirar, ouvir.
Então, porque é que há animais que não acendem os faróis do automóvel? Estão a poupar energia, é?

Já agora, a esta hora já o sol aquece, o nevoeiro se esfuma e o calor promete. Temos mais um dia de Verão à perna.

8.7.05

Esquecimento

Já viram que, no Iraque, todos os dias há atentados à população civil, tão ou mais graves que este?
Que diariamente morrem, em média, vinte iraquianos devido a bombas?
Porque razão a comunidade internacional só fica chocada com as bombas de Londres, ou Madrid?
Porque se esquece do Iraque, que antes da guerra não tinha bombas na rua, nos mercados, nos transportes?
Porque razão merece um povo o esquecimento e a indiferença, só porque tinha um ditador a dominar o país?

7.7.05

Petição

Não que acredite que a Fundação volte atrás com a sua palavra. Se lhe interessasse a nossa opinião não teria feito o que fez, como fez. Mas sempre poderemos mostrar o nosso desagrado. Não queram a nossa opinião mas damo-la à mesma.

Desta vez, Londres

Iria aqui deixar uma palavra sobre Londres, por causa dos Jogos Olímpicos do distante ano de 2012.
Afinal, primeiro, falo aqui sobre bombas.
Mais uma vez, bombas numa capital europeia. Oito bonbas, ao que consta, repartidas entre o metropolitano e autocarros.
Mais uma vez "cheira" a Al-Qaeda. Como em Madrid.
Rai'spartam estes bombistas!

Ainda o Ballet Gulbenkian

Cada vez que leio sobre o caso ou oiço/vejo uma notícia sinto uma indignação tão grande, e uma tristeza tão avassaladora como nunca pensei que pudesse sentir por algo desta natureza. A emoção é potenciada pela incompreensão.
Porquê pôr fim a uma companhia em plena força, com elevados padrões de qualidade e criatividade? Que tinha 6 (seis!) estreias previstas para a próxima época. Como tem tido todas as épocas passadas? Que enchia o auditório da Gulbenkian? Que era recebida e reconhecida no estrangeiro?
A argumentação do lacónico, e evasivo comunicado, ao qual nenhum outro comentário ou esclarecimento foi concedido, é falaciosa, e acredito mesmo que falsa. Aquela interpretação da "nova realidade da dança contemporânea" é tão lógica como o tipo que tem um Ferrari e o vende para aplicar o dinheiro em vários Fiat 600 de outras pessoas às quais depois irá pedir emprestado o carro.
Ontem, na TV, vi uma companhia, com 25 bailarinos e 4 estagiários, destroçada, a chorar com a decapitação de um sonho que estava em marcha e em pleno vigor havia décadas. E a tristeza foi tão grande, a sua dor tão próxima. Nem tive oportunidade de os aplaudir por uma última vez. Não é compensação que o facto de uma das coreografias do último espectáculo ter toda a companhia em palco e todos os bailarinos terem merecido o meu aplauso. Porque nesse dia era um até já. Era um "vejo-vos em Novembro, como de costume".
O Ballet Gulbenkian é uma produto privado. Foi a Fundação que o criou. Não compreendo é como o pode aniquilar assim.
Os mais pessimistas já lançam avisos à navegação: o Coro ou a Orquestra podem seguir o mesmo caminho.
Já agora, uma observação: um dos grandes investimentos e fonte de rendimento da Fundação Gulbenkian é o petróleo. Nos dias de hoje os lucros devem estar mesmo em alta. Porquê, então, este corte?
Se me sair o Euromilhões esta semana (eheheheh) devo ficar com dinheiro suficiente para salvar a companhia, não?

6.7.05

ABC

A história vem contada no blog Incursões, e é reveladora do passado do actual Ministro, nomeadamente na sua (breve) passagem por Macau. Por certo explicará alguma da recente afronta à magistratura. Ou seja, não é só por causa do "Casa Pia" e da prisão do Paulo Pedroso, e das escutas ao Ferro Rodrigues.
São coisas antigas. E são as acções que definem as pessoas, não é?

BALLET GULBENKIAN

Foi com espanto, surpresa, mesmo uma dor no coração que ontem ouvi no noticiário da 2: que a Fundação Gulbenkian ia pôr fim à companhia Ballet Gulbenkian (?!!).
Porquê???
As explicações transmitidas pela notícia, com ar de serem transcrições de um comunicado, são fracas, vagas, inconclusivas.
Sabemos agora que em Agosto do próximo ano chega ao fim um projecto de dança que, pela sua diferença e qualidade, era uma bandeira portuguesa no mundo, uma lufada de criatividade, um polo aglutinador de uma legião de fiéis seguidores.
Tenho, nos últimos anos, comprado a assinatura da época e a sala nunca está "às moscas". O Grande auditório não esgota, mas são poucos os lugares vagos que restam. Não percebo que "alterações no panorama actual da dança" são essas que justifiquem terminar esta companhia.
A não ser que a Fundação esteja a ficar "tesa".
Primeiro arruinaram o Jazz em Agosto. Agora o Ballet Gulbenkian. Será que a Fundação quer pôr fim a tudo aquilo que regularmente me leva lá?

5.7.05

Vermes

Começo a ficar farto, mas mesmo muito farto, das palhaçadas do Palhaço-Mor e dos vermes que o sustentam, toleram e apoiam.

De negro e a cores

Sexta-feira, fim de tarde, sair do trabalho e entrar numa sala de cinema para esquecer o dia-a-dia. Nada melhor que um filme com fantasia, acção, emoção. Tudo isso se encontra em "Batman begins", de Christopher Nolan
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Se Tim Burton transpusera para o grande ecran a fantasia de Batman tal como o lia nos anos 80, este filme dá corpo ao Batman negro que as revistas editaram a partir dos finais dos anos 90, princípios deste milénio.
Gotham City vai para além dos cenários imponentes. Apesar de luminosa, solarenga até, é uma cidade mais negra que alguma vez fora no passado. Porque a violência vai para além do que víramos anteriormente. A violência respira-se e transpira-se. É incómoda. Está por todo o lado. Está dentro de nós. Associada ao medo.
Christian Bale é, sem dúvida, uma escolha em grande para dar corpo a este Bruce Wayne atormentado e em aprendizagem. A este Batman em formação. É um verdadeiro personagem de BD. Da BD gráfica que substituiu o mundo encantado dos super-heróis assépticos.
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Quem se lembra deste actor no inesquecível "Império do Sol" de Spielberg? Quem esqueceu o "American Psico?"
Depois dos fiascos que levaram à tela ridículos Batman personificados por George Clooney e Val Kilmer, ficou gravada na mente a imagem do novo defensor de Gotham City.
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Chama-se Batman, o homem morcego. A sua silhueta está por aí.
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Sábado à noite, depois de um dia quente e abafado, o ar condicionado da sala de cinema convidava a personagens mais coloridos e frios.
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A frieza destes pinguins no filme "Madagascar" é deliciosa. A interacção destes quatro
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é vibrante. Mais uma vez temos um filme da Dreamworks que está cheio de referências que só os adultos apanham, e com um refinado humor que nos faz sair da sala abanando ao som das músicas do genérico final (ver até ao fim, está bem, oh apressados?).
Visto que foi na versão original fiquei com vontade de espreitar a versão dobrada em português, para ver como os Gato Fedorento deram voz aos pinguins psicopatas ou Bruno Nogueira animou a girafa hipocondríaca.
Agora, a próxima paragem tem mesmo que ser o Sin City. Ai tem, tem.

4.7.05

Multidões

Sou daqueles para quem os Pink Floyd foram uma banda marcante, inesquecível, fantástica, sob o impulso criativo de Roger Waters. Com Sid Barrett andaram ao sabor da alucinação tendo criado momentos brilhantes, mas foi com Waters que deram o passo para a imortalidade. A separação da banda, com a saída de Roger Waters levou a que os membros restantes, sob a batuta de David Gilmour, criassem alguns discos menores, num marcado ocaso. Por seu turno, a carreira a solo de Roger Waters navegou em águas seguras e inspiradas. Mas nunca mais o produto foi tão fantástico como nos anos dos Pink Floyd.
Vi Roger Waters no Pavilhão Atlântico, num concerto com quase três horas, cheio de ritmo e pujança, longas guitarradas e melodias sonantes, revivendo os temas marcantes dos Floyd e adorei.
Foi, por isso, com grande alegria que vi no mesmo palco os Pink Floyd, a mostrar como sabem tocar aquilo que os lançou ao estrelato, superando desavenças antigas de personalidades antagonizantes. Foi no LIVE8, e foi mesmo a única actuação que vi.
Nesta transmissão da RTP (porquê a necessidade de falar durante um concerto, mesmo que seja nas passagens das músicas, e em particular para constatar o óbvio, o visível?) constatei a gigante multidão que se estendia à frente do palco londrino. Multidões como aquela são sempre impressionantes, ainda que juntas pela força da música, a música juntou-se por força de uma necessidade. A necessidade da Humanidade ser mais humana, menos gananciosa, mais equitativa, menos financeira, mais produtiva.
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Por Lisboa a multidão fazia fila para pagar € 20,00 para ver mamas. Sim, essa era a motivação daqueles que à frente da FIL aguardavam a vez para entrar na feira erótica que decorreu de quinta a domingo passados. O Maxime´s, dos pobres, a Passerele dos envergonhados.
Disse-me quem lá foi (também houve música e consta que os Ena Pá 2000 estiveram ao seu melhor) que aquilo tinha um ar pobrezito, fraquito, e estava cheio de gajos amontoados, babados e com um ar mais celibatário que um jovem de 17 anos, fan do Star Treak, do Magic e de informática, cheio de borbulhas e com cabelo oleoso.
Será que a indústria do sexo só serve para isto?
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Praia e filmes, foi por aí que andou o meu fim-de-semana. Amanhã falo sobre isso.

"I shot the comet..."

O clássico de Bob Dylan, por tantos outros reinventados foi recriado pela NASA. Hoje, pelas 06.50 (hora de Portugal), BANG!, a Humanidade espetou um tiro num cometa de de cinco anos e meio em cinco anos e meio nos visitava.
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A responsável é a sonda Deep Impact (cujo nome vem de um filme de Hollywood) que agora vai analizar os estilhaços do impacto que provocou, supostamente, uma cratera de 6 quilómetros. Só espero que um dia nenhum extraterrestre tente fazer o mesmo com a nossa Terra.
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Para ver tudo aqui, no site da NASA