31.5.07

Ruptura

"Ruptura" é o título em português. É um policial com um pouco de tribunal à mistura, numa fórmula em tempos muito repetida mas ultimamente em desuso. Este filme é, sem dúvida, bem conseguido. O argumento não é óbvio, deixa-nos sempre a pensar no que irá acontecer a seguir, e onde raio o personagem de Hopkins errou, se é que errou, para que possa ser apanhado e se fazer Justiça. Apenas a relação "amorosa" de Gosling parece metida "a martelo", mas vive-se bem com isso.

Interpretação segura, num filme que não enrola, não faz perder tempo, é directo e escorreito. Vê-se com agrado mas... também assim se verá quando dentro de alguns meses começar a passar na televisão. Não é o tipo de filme que constitua especial espectáculo numa sala de cinema, e nem mesmo me parece que possa ser um futuro DVD para guardar.

Gostei do filme, porque é honesto dentro do seu estilo, da sua categoria. Ainda assim, não passa das três estrelas.

28.5.07

Autocarro curto



Este autocarro curto não faz uma viagem muito apelativa. Apesar de aclamado por muitos, não encontrara aqui ecos de louvor.

Só consigo descrevê-lo desta forma: Shortbus é um filme pornográfico, com humor, sentido estético e pretensões filosóficas, com laivos de musical. Não é uma mistura habitual e não a considero feliz. Especialmente porque deixa muito a desejar no campo da profundidade.

A história mostra-nos personagens com problemas afectivos/relacionais que procuram num antro de liberdade sexual a resposta para a sua condição. Esse local onde decorrem orgias públicas e funções privadas, conversas íntimas, exibições de filmes e engates, sem qualquer entrave quanto ao estilo de cada um (sejam hetero, homo, bi, sado, maso, e sei lá que mais variantes) chama-se "Shortbus".

Só que o filme nunca dá "um golpe de asa" que o justifique. O sexo explícito afigura-se muitas das vezes gratuito. As conversas "profundas" soam a oco e extremamente forçadas. O sentido estético não encantou. A parte musical, nomeadamente o final do filme, é... indescritível Salva-se o humor, posto que o caricato de algumas cenas fez-me rir a gosto. E dois pormenores artísticos: a maquete de Nova Iorque a partir da qual se fazem as transições; e as polaroids escritas que uma personagem cria.

Apenas por estes detalhes o filme merece uma estrelinha. E não me apetece dar mais.

27.5.07

Competências?

Ontem, na minha rua, uma equipa de cinema instalou-se para rodar uma cena. Ao que percebi foi apenas uma cena. Descreve-se em poucas palavras: uma rapariga cruza-se numa esquina com um rapaz que a ataca (creio que será um roubo, mas da janela não pude confirmar). A rapariga grita.
Desde que se ouvia "acção!" até ao "corta!" passavam apenas dez segundos. Na montagem esta cena não dará mais que oito segundos ao filme.
Pois bem. Depois de mais de meia hora a discutir onde poriam a câmara, os takes sucederam-se uns atrás dos outros. Ouvi inúmeras vezes o grito de socorro da vítima. Estiveram em filmagem duas horas. Duas horas!
Filmar em Portugal fica caro. Realmente, a este ritmo uma longa-metragem será uma maratona em rodagem. A menos que alguém obrigue as filmagens a chegar ao fim, e se acelere o processo nos últimos dias filmando "à bruta" o que será importante e demorado. Porque uma manhã inteira para uma cena de dez segundos, para mim que sou um leigo na arte, soa-me a incompetência.

Competência

Na sexta-feira fui à Feira do Livro de Lisboa e vim de lá muito triste. Triste porque este a Feira me pareceu um daqueles cafés antigos, com donos velhotes, que não são alterados, remodelados, há décadas e cheiram a mofo e azedo. Triste porque a Feira deste ano parece ter regredido no tempo. Triste porque me foram reveladas graves incompetências na gestaão de todo o evento.
A feira abrira na véspera. Pois em muitos stands ainda estavam a pôr livros. Que incompetência justifica que os editores não tivessem as suas minúsculas barraquinhas cheias e preparadas 24 horas depois da inauguração?
O pagamento por multibanco não estava disponível em nenhum stand. Porque razão, num evento que dura duas semanas, o sistema mais fácil de pagamento ainda não estava operacional? Só posso conceber como explicação a incompetência.
O conteúdo livreiro dos stands é, manifestamente, requentado. Há editoras que têm a mesma oferta desde há três anos, com a diferença que agora os seus livros já parecem fora de prazo e com descontos cada vez menores. Muitos deles encontram-se todo ano por aquele preço na FNAC.
O pavilhão principal, que nos últimos anos tinha sido concebido e desenvolvido por arquitectos que apresentaram soluções ousadas e agradavelmente vistosa foi substituído por uma tenda.
Valham-nos algumas operações de saldo que ainda permitem encontrar algumas pechinchas.
Gastei € 100,00 em livros, mas não o fiz num ambiente de festa como aconteceu nos últimos anos. Porque a incompetência agarrou a Feira pelos cornos.
Depois queixam-se que vendem pouco. Meus amigos, para vender mais têm que oferecer mais.

24.5.07

Livros


Abre hoje a Feira do Livro de Lisboa, na sua 77.ª edição. Até dia 10 de Junho aproveitem para passar pelo Parque Eduardo VII e investir um pouco em livros. E, já agora, façam favor de, depois, os ler. Não façam como eu que daqueles que comprei o ano passado ainda tenho alguns por abrir.

A festa da feira traz as habituais promoções do dia, e inúmeras sessões de autógrafos. Para estarem informados, cliquem aqui, e descubram um site bem organizado (para variar).

Abre igualmente a edição do Porto. Para quem está lá para o Norte, essa é a alternativa mais próxima.

22.5.07

Apetece-me fazer alguma malvadez


Não sei se é da chuva que cai lá fora, se do trabalho que hoje me cai à frente, a verdade é que me sinto um pouquito maquiavélico.
Eheheheheh, (ri ele esfregando as mãos em antecipação).

Cutty Sark

Não falo, obviamente, do whisky, mas sim do belo navio que fez a carreira do chá e que era um dos poucos grandes veleiros que hoje em dia ainda existem para embelezar portos e mares por esse mundo fora.
Enquanto estava no estaleiro, para reparações, foi pasto das chamas. Ontem o casco do Cutty Sark ardeu. Como estava a ser alvo de trabalhos, grande parte da estrutura superior tinha sido retirada e ficou a salvo. Os mastros, as velas, os cabos, e toda a equipagem do convés escaparam ao fogo.
Diz o proprietário que o vai reconstruir. Esperemos que sim. Queremos que este barco
continue a navegar.

21.5.07

Sacana do tempo


Quinta-feira, sexta-feira e sábado torrei, tostei, suei, senti calor escaldante, gratificante. Senti-me bem, com temperaturas superiores a 30º mesmo depois das oito da noite.

Hoje acordei e Lisboa tinha 13º para uma máxima prevista de 18º.

Sacana do tempo, que não se decide, carago!

Bom... desde pequeno que ouvia o meu pai dizer que a abertura da Feira do Livro trazia sempre mau tempo, chuva, algum frio, que se mantinha até ao dia do seu fecho. A feira estará aberta de 24.05 a 10.06. Será que há coisas que ainda persistem? Mas, então, não nos ofereçam amostras provocadoras do calor que faz lembrar as férias.

17.5.07

blow-jobs


Esta candidata a deputada belga foi para além daquilo a que nos habituaram os deputados e ao invés de jobs, oferece 40.000 blow-jobs a quem nela votar. Não acretitam? Vejam o site do partido NEE.
e escolham a versão inglesa para perceberem alguma coisa.

16.5.07

National Rifle Association



Este é o poder da NRA. Um bébé de 10 meses tem licença de porte de arma no Illinois. E não foi erro ou brincadeira.
Vejam no Público

14.5.07

Desilusão

Um filme com esta capa pedia para ser comprado. Encontrei o DVD na FNAC e não resisti ao impulso. Realizado por Terry Gilliam, com John Cleese e Michael Palin, Sean Connery e Ian Holm no elenco prometia uma desvairada aventura, com humor e non-sense.
O non-sense está lá. Do princípio ao fim do filme aquilo não faz sentido algum. Cheira a 1981, o ano em que foi feito, e os talentos individuais perdem-se numa aventura despropositada e desprovida de humor.
A compra deste DVD foi uma desilusão. Um barrete.
Servo o aviso para quem se sentir tentado.

Confusão Municipal de Lisboa

Quando temos um Código de Processo Penal segundo o qual ser constituído arguido é das coisas mais simples, fáceis e naturais de acontecer (tudo de forma a assegurar o maior leque possível de direitos de defesa a quem, por exemplo, seja ouvido na sequência de denúncia ou suspeita por prática de crime), os políticos apressam-se a tirar consequências desse acontecimento e a gerar confusão atrás de confusão.
Como digo, ser constituído arguido é muito fácil. E numa investigação complexa, como será sempre aquela que se mova em terrenos da corrupção e tráfico de influências, facilmente os nomes e ligações surgem uns atrás dos outros. E ao ouvir os envolvidos, ainda que para afastar as suspeitas contra si levantadas, há que os constituir arguidos.
Será isto suficiente para pôr em causa o exercício de um mandato político? Não o creio, a menos que o indivíduo em causa tenha "o rabo preso" e sinta que foi apanhado e será inevitavelmente exposto. Nessa altura, afastar-se do cargo é uma forma de defesa do partido que representa, de proteger o cargo que exerce.
No passado manifestei-me contra a postura de alguns autarcas, ou candidatos a autarcas, mas apenas porque esses já não eram apenas arguidos, eram arguidos contra os quais fôra deduzida acusação. A mera suspeita foi então substituída pela convicção de uma magistratura no sentido de que, levado a julgamento, se afigura razoável prever que se demonstrará que foi praticado um crime e haverá lugar à aplicação de uma pena.
A situação na CML foi gerada pelos partidos, ávidos na luta pelo poder sem medir consequências. A CML está agora parada, porque o PSD não se satisfez com a gestão do independente que nomeou para seu candidato e aproveitou para ir minando a coerência do seu executivo. A sucessiva queda de vereadores, que Carmona Rodrigues não tentou, sequer, defender com unhas e dentes expôs o desgoverno que se sente na capital há demasiado tempo, e virou-se contra o próprio Carmona.
E agora virá um novo executivo com um ano e meio para governar. Um ano e meio. Tempo insuficiente para estruturadamente fazer o que quer que seja. Para além de fogo de artifício e declarações de intenção que não terão resultados mas apenas custos. Depois, nas outras eleições joga-se o habitual "não fizeram nada de diferente" contra o "ainda não tivemos tempo, mas já plantámos a semente, deixem-nos trabalhar".
Qual o peso de uma candidatura como a de Helena Roseta, sem o apoio de um partido? Infelizmente, pouco. Duvido que consiga ganhar a Câmara de Lisboa, não obstante adorar que isso acontecesse, para pôr em sentido PS e PSD os quais, aparentemente, jogarão cartadas mediáticas ainda que para isso tenham que interromper os seus trabalhos em curso, e alegadamente a correr muito bem, quer no Governo quer na Câmara de Sintra.
Estou curioso em saber quem acompanhará Roseta. Se reunisse uma equipa sonante e eficaz, quem sabe se não conseguiria haver um milagrezinho?
Nã... a malta votante só vê simbolos partidários, tal como emblemas clubísticos. E toda a gente sabe que o campeonato é sempre discutido entre os mesmos.

9.5.07

Berlim IX - São as últimas (prometo)

Faz hoje um mês que estava de regresso. Aqui ficam as últimas de Berlim.

- fragmento de pintura no chão em frente à galeria de arte contemporânea de Berlim -

(fotografia de Urso Polar)

- alto relevo no Reichstag -

(fotografia de Urso Polar)

- prédio em reconstrução -

(fotografia de Urso Polar)

- memórias do Mundial; ou como não falhar a pontaria -

(fotografia de Urso Polar)

8.5.07

Berlim VIII - Passeio de barco

Percorri o Spree, o rio que atravessa Berlim, numa volta de 3 horas recolhendo algumas imagens num glorioso, e frio, dia de sol.

(fotografia de Urso Polar)

(fotografia de Urso Polar)

(fotografia de Urso Polar)

(fotografia de Urso Polar)

Berlim VII - Reichstag

Está a fazer um mês que regressei de Berlim, e ainda há tantas coisas que gostaria de mostrar. Porém, prometi que amanhã será o último post sobre essa cidade e esta viagem, pois não vale a pena insistir no tema, tanto tempo depois.

Assim, deixo aqui agora umas fotografias do Reichstag, o edifício do parlamento alemão, por diversas vezes danificado e reconstruído com uma impressionante cúpula desenhada pelo arquitecto Sir Norman Foster.

Pode ser visitado todos os dias até às 22h00m, sendo que a fila implica quase sempre uma espera de uma hora. Fui lá ao cair da noite, e é impressionante o cenário. Estas fotografias são uma mera amostra das dezenas recolhidas. A experiência é fascinante e recomendo-a a quem visitar a cidade.

(fotografia de Urso Polar)

(fotografia de Urso Polar)

(fotografia de Urso Polar)

Cá fora, junto do velho edifício, onde outrora foi terra de ninguém por causa do muro que por ali correu, nasceu um impressionante conjunto de edifícios de arquitectura arrojada e escala esmagadora para alojar o Governo e seus Ministérios e os serviços de apoio do Parlamento.

(fotografia de Urso Polar)

(fotografia de Urso Polar)

7.5.07

França

É França uma democracia consolidada e estável? Saudável e exemplar?
Então, por que raio após umas eleições livres, segundo todos os cânones das democracias actuais, desenvolvidas, há uns caramelos que vêm para a rua largar fogo aos carros e enfrentar a polícia?
Sarkozy ganhou. E então? teve mais votos, não teve?

4.5.07

Aranha


O último filme do Homem-Aranha, o terceiro, novamente com Tobey Maguire na pele do super-herói e Sam Raimi nos comandos da realização, é tão bom como os outros dois filmes. Tal como anteriormente, transpõe para a tela o universo da aranha com um rigor e respeito pelo personagem que apenas pode agradar a quem gosta das aventuras do homem aracnídeo.
Devo confessar que desde sempre gostei do Spiderman. Talvez porque Peter Parker é corroído por dentro por dilemas que o tornam mais "humano" mais vulnerável.
E este episódio traz para o cinema uma das alturas mais interessantes do universo dos comic-books deste super-herói, que coincide com a tradicional luta interior entre o Bem e o Mal, alimentada pelo misterioso ser simbiótico que dá origem ao Dark Spiderman.

Sem perder o rumo ao tom, por vezes infantil, dos livros, também o filme expõe o lado negro deste conflito temperando-o com o ridículo humor de um Peter Parker "armado em bom".

E depois, depois de se livrar do fato negro, nasce Venom, um dos rivais mais espectaculares, que no filme está perfeito. Do filme só consegui arranjar esta imagem, de uma "action-figure". Serve para o exemplo.

Para quem gosta de Spiderman, para quem gostou dos outros dois filmes, para quem gosta da acção fantasiosa deste universo, e dos dilemas de Peter Parker, estas duas horas e vinte de filme não são de perder.

2.5.07

Berlim VI - Defuntos

Por terras de Berlim, estive junto às campas destes senhores (se abrirem as fotografias, ampliando-as, conseguem ler as pedras tumulares)

(Campa de Brecht - e mulher - fotografia de Urso Polar)


(Campa de Hegel - fotografia de Urso Polar)



E no museu judaico, incrível edifício (se bem que a exposição não me tenha dito nada), encontra-se uma instalação em memória às vítimas do Holocausto



(fotografias de Urso Polar)



Num pequeno pátio interior, estendem-se centenas, se não milhares, destas caras recortadas em ferro forjado, sobre as quais podemos caminhar. Ao fazê-lo, o barulho do metal é arrepiante e ecoa nas paredes nuas. Olhando para os pés, sentimo-nos num mar de cabeças agonizantes.