31.10.07

Parabéns para mim

Pois é, hoje cheguei aos 36 anos. Cada vez mais me vejo distante da estultícia da juventude, dos tempos em que era dono do tempo, em que o mundo girava à minha volta.
Com a idade devemos ficar mais ponderados, e pelos vistos ficamos. Mas, ainda assim, sou um filho da geração de '70, que viveu a adolescência nos '80, e que não se deixou cair na idade adulta sem preservar o que de bom se aprendeu naqueles anos. Continuo a andar de t-shirt, ganga e ténis, botas e blusões, e a gostar de piadas, BD, actividade física, amigos e outras coisas que, ao olhar para o lado para outros da minha idade, vejo terem sido esquecidas.
A minha geração já tem muitos soldados caídos na guerra da idade. Muitos que envelheceram precocemente, que já não sabem sujar-se de lama, rebolar na areia ou discutir os livros de Astérix. Muitos que vivem em função dos filhos que tiveram, dos empregos que arranjaram ou dos cônjuges que escolheram. Gente que perdeu a identidade.
Felizmente não me sinto assim. O mundo está cheio de possibilidades e estou sempre com vontade de aprender coisas novas, aptidões diferentes, conhecer mais gente, discutir o sexo dos anjos.
E, já agora, aqui fica anunciada a prenda para a qual contribuíram diversas pessoas, e que mais não é que outro brinquedo da era electrónica para brincar.
Um iPod de 160 GB.
Catita, não? Pus lá toda a discografia que temos em casa e ocupei menos de 30 GB. E são várias prateleiras de CD's. Lembram-se de para levar música ter que carregar muitas cassetes? O arrastar os discos de vinil. Ou mesmo resmas de CD's, ainda que sem a caixa, naquelas bolsas para poupar espaço?
Acho que, mesmo assim, estou a ficar velho.

30.10.07

Viva o nosso Legislador!

Foi publicada uma Declaração de Rectificação às alterações ao Código do Processo Penal aprovadas pela Lei 48/2007, de 29.12.
São 3 (!!?) páginas de "rectificações", de tal forma que importou a republicação de toda a lei e da própria republicação que a Lei já tinha!
Quando era pequeno ouvia muito estes dois ditados: "Cadelas apressadas têm os filhos cegos" e "Depressa e bem, não há quem". Mas a lei tinha que entrar em vigor em 15 de Setembro, não era?
Aqueles que compraram códigos novos já estão a pensar se valeu a pena o investimento. Aqueles que aplicaram a lei neste mês e meio vão agora ler todas as alterações para ver se, assim como quem não quer a coisa, não está para ali alguma "rectificação" mais cabeluda. If you know what I mean.
Já agora, e depois de tudo o que foi dito sobre esta lei, ninguém se lembrou nos jornais de dar a conhecer esta demonstração de incompetência.
P.S. - Sou subscritor do sistema de sumários da I Série do DR. No Sumário de dia 26 não havia qualquer menção a esta declaração de rectificação. Porquê?

29.10.07

Aperta aí

Neste vídeo do Euronews (no YouTube mas não disponível para colocar aqui) é visível o nível internacional do nosso Primeiro-Ministro.
Assim como é visível, nos primeiros instantes do vídeo, mesmo no início, a forma "cortês" como trata o Ministro dos Negócios Estrangeiros, deixando-o de mão esticada.

Ataque às magistraturas

Se alguém ainda tem dúvidas (não vejo como) que este Governo quer funcionalizar Juízes e Procuradores, que os quer ter sob sua alçada para cercear a sua Liberdade e autonomia, deveria dar uma olhadela à recentemente aprovada PROPOSTA DE LEI N.º 152/X.
Naquela que é a lei que vai proceder à reforma dos regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores da Administração Pública cria-se um singelo n.º num artigo e eis que cá está, Juízes e Procuradores cada vez mais funcionários:
Artigo 2.º
Âmbito de aplicação subjectivo
1.A presente lei é aplicável a todos os trabalhadores que exercem funções públicas, independentemente da modalidade de vinculação e de constituição da relação jurídica de emprego público ao abrigo da qual exercem as respectivas funções.
2. A presente lei é também aplicável, com as necessárias adaptações, aos actuais trabalhadores com a qualidade de funcionário ou agente de pessoas colectivas que se encontrem excluídas do seu âmbito de aplicação objectivo.
3. Sem prejuízo do disposto na Constituição da República Portuguesa e em leis especiais, a presente lei é ainda aplicável, com as necessárias adaptações, aos juízes de qualquer jurisdição e aos magistrados do Ministério Público.
Mais se diga que nada disto foi discutido com os Conselhos Superiores, da Magistratura e do Ministério Público. Ou com a ASJP ou o SMMP, estruturas sindicais. Não, o que se fez foi, à sorrelfa, para lá de tudo o que tem sido discutido em cima da mesa, criar uma norma por debaixo da mesa para apanhar todos desprevenidos.
Embrulha-se o pacote em demagogia e amanhã está a limitar-se a vida dos Juízes e dos Procuradores, especialmente quando se for mexer nos seus estatutos dizendo "Ah, mas naquela Lei já se dizia assim e assado". E a progressão na carreira foi instrumentalizada para pôr os magistrados no lugar. É que magistrado NÃO É FUNCIONÁRIO.
Ainda há quem tenha dúvidas?
Vamos a ver que barulho isto dá!

Hot Fuzz



Na sexta-feira fui à ante-estreia de Hot Fuzz - Esquadrão de Província, numa iniciativa conjunta da Lusomundo e do blog Há vida em Markl. O resultado foi encontrarem-se numa sala de cinema mais de 230 leitores do HVEM, para ver o filme que, condenado que estava apenas à edição em DVD, recebeu uma vida nova com direito a estreia em sala. E ainda bem. Espreitem aqui para ver o trailer, e descubram este genial filme de acção e humor, muito britânico.

Ao invés dos filmes americanos que costumam gozar com os blockbusters recriando cenas para as exagerar ou tornar escatológicas, este Hot Fuzz cria uma história, com personagens trabalhados, e piadas fabulosas, gozando com os filmes de acção de Hollywood tanto pela forma como é filmado, como pelos meios envolvidos.

E o elenco é muito bom, com Simon Pegg à cabeça, mas por onde passam inúmeros actores da britcom ainda que seja por breves momentos.

Hot Fuzz ganha muito com o écran grande de uma sala de cinema. Por isso, quando estrear, vão ver. Será, sem dúvida, uma das grandes comédias do ano.

24.10.07

Ferrari


Desde há muitos anos que sou adepto da Ferrari. Mesmo assim cheguei a torcer pela McLaren quando aí corria Niki Lauda, herói da infância à adolescência. Depois disso, sempre torci pelos carros vermelhos mesmo que os pilotos nada me dissessem. Ainda assim, simpatizei muito com Berger e fui fã convicto de Alesi.

Depois aturei o Schumacher e vi despontar Alonso que, não correndo na Ferrari, é o piloto que actualmente mais aprecio na Fórmula 1. Mas não tanto assim para ver com extremo gozo um piloto da Ferrari (Raikönen, que não me desperta nenhum entusiasmo) ganhar o campeonato por um ponto aos dois (?) pilotos da McLaren, num ano em que esta equipa revelou uma completa incapacidade para gerir dois pilotos (como aconteceu com Lauda-Prost, Prost-Sena e Coulthard-Hakinen).

No primeiro ano em muitos que não vi uma única corrida, cortesia da Sport TV que roubou as transmissões de sinal aberto, e guardou para os seus clientes (e eu não serei um deles) o gozo ou o aborrecimento de ver grandes máquinas às voltas a alta velocidade, o campeonato do mundo ganhou emoção. Perdido o domínio claro de Schumacher, apareceram vários pilotos de igual para igual.

E no Fim foi um piloto da Ferrari a ganhar o Título.

Deu-me bastante gozo ver mais uma derrota da McLaren. é como ver o FCP perder...

21.10.07

É a cultura aqui ao lado

Uma das grandes vantagens de viver em Lisboa é que estão sempre a acontecer coisas às quais dá vontade de ir. Se, por vezes, deixamos a inércia bater-nos e ficamos esparramados no sofá a ver séries ou filmes já vistos e revistos, qual odre passivo, noutras ocasiões tornamo-nos activos e vamos ao encontro daquilo que acontece mesmo aqui ao lado. Foi o que fiz nestes últimos dias. E, apesar do Doc Lisboa estar aí em força, e haver alguns filmes que gostava de ver, o certo é que não há tempo para tudo. Senão, vejam.

Na quinta-feira a eleita foi a minha querida Companhia Teatral do Chiado, que nunca me desiludiu e sempre me proporcionou espectáculos de qualidade num ambiente de alguma intimidade, familiar. Com efeito, a sala pequena que é a Sala Estúdio Mário Viegas proporciona proximidade entre espectadores e actores, e as representações ocorrem mesmo junto a nós. Os actores estão sempre a interagir com a audiência, dando relevo à sua presença e não apenas para uma massa de espectadores exigentes de performance.
Desta feita o espectáculo é a Biblia: toda a palavra de Deus (sintetizada). Não se deixem iludir, o espectáculo não tem pretensões religiosas, mas apena o desejo de vos pôr a rir durante as mais de três (!) horas de duração. Adaptação do texto original dos tês criadores de "As obras completas de William Shakspeare em 97 minutos" (se nunca viram, vão ver a adaptação da CTC, em exibição há 11 anos), esta peça é fabulosamente interpretada por apenas três talentosos actores que dão uma verdadeira lição de teatro. Simplesmente imperdível.



Na sexta-feira o destino foi o CCB onde desfilaram num único concerto Vieux Farka Touré, um dos filhos de Ali Farka Touré recentemente falecido, e os Tinariwen. O primeiro mostrou que não transporta apenas o nome do pai, mas também um talento à medida da herança familiar. Mestre da guitarra toca a alma do Mali em ritmos de blues, irados, animados, dançantes com uma energia em palco contangiante, capaz de levantar muitos espectadores das cadeiras para irem dançar para as coxias da sala. Não resisti e comprei o primeiro CD dele cuja capa aqui exibo. Vale a pena ouvir, ver e manter debaixo de olho.



Mas o concerto continuou com uma segunda parte a cargo da banda Touareg (incompleta pois apenas cinco dos sete ocuparam o palco) que se mostra igualmente à vontade a manipular as cordas das guitarras, num ritmo por vezes hipnotizante mas quase sempre dançante. As músicas parecem repetir-se mas na realidadidade entranham-se no corpo e obrigam-no a mexer-se. Mais gente largou os assentos e quando chegou ao fim todos de pé dançaram um pouquinho no ambiente sempre formal do Grande Auditório do CCB. Também comprei um CD deles, o "Aman Iman" e saí de Belém com a satisfação de quase três horas de música muito bem tocada por artistas que sabem cativar e mobilizar o público.



Nesse dia recebi o convite da produção do espectáculo de ontem de Chick Corea para ir ver a actuação a solo deste artista ao piano (muito obrigado, Tiago) e não podia recusar. Com efeito, o concerto foi espectacular, e impressionante. Corea conseguiu criar um ambiente intimista numa sala como o Grande Auditório do CCB onde mais de 600 pessoas assistiam ao evento, e tocou de forma fabulosa, rigorosa, diversos improvisos, passeando por temas antigos da sua já longa carreira, misturando referências e exibindo o seu virtuosismo. e, para acabar, tocou um incrível tema com o Coro de Lisboa. Quem? Com os 600 assistentes que dividiu em áreas e pôs a cantar consigo enquanto teclava no piano, enquanto exibia acordes que as vozes repetiam, enquanto pedia mais ou menos intensidade. E durante vários minutos nós, que assistíamos a um concerto de Chick Corea, tivemos o prazer de cantar com ele, fazer parte do espectáculo. Memorável. Mais um concerto inesquecível.

15.10.07

Sem perder o rumo

Na recente onda de aproveitar todas as oportunidades para adquirir novos conhecimentos e descobrir novoas activididades ontem fiz uma pequena formação sobre orientação. Fiquei a saber muito mais sobre o desporto, nomeadamente sobre as exigências do mesmo a alto nível, e a fantástica possibilidade de ser praticado simultaneamente por inúmeros escalões, mesmo dos curiosos que só vão experimentar.
A iniciação de ontem terminou com um percurso de 17 pontos e três quilómetros no Jamor.
Fiquei com vontade de ir experimentar uma prova.

9.10.07

Armadilhas dos armados em bons

Este fim de semana voltei ao cinema, após longa paragem, para ver dois filmes. O primeiro foi uma escolha sem grande convicção. Porém, como vira em DVD os dois primeiros filmes da série, havia uma certa curiosidade em saber como funcionava o espectáculo em ecran de grandes dimensões.
Não funciona bem. O filme é uma sucessão de fugas, corridas, perseguições, lutas e tiros filmadas quase sempre com câmara livre, ou seja, à mão, num fluxo de imagens agitadas, desfocadas, confusas, montada em velocidade supersónica com planos de muito curta duração. A história é mais do mesmo, Jason Bourne é muito bom, muito melhor que os outros, e já roça as capacidades de um super-herói.
Conclusão: quando o realizador confunde acção com confusão, perde-se a contemplação. Muito se perde porque o realizador não nos mostra, tendo que o imaginar. O filme não é "limpo", mas sim uma suja confusão. Saí de lá cansado, com os olhos em bico e sem prazer. Nem a história convence. Nota 1, apenas por alguns detalhes curiosos.

Depois vi o segundo filme de Grindhouse, a épica homenagem de Tarantino e Rodriguez aos filmes de série Z. Da opção de Tarantino ("À prova de morte", já por mim comentado) resultaram padrões muito elevados e que inevitavelmente proporcionariam comparação com este filme de Robert Rodriguez. Porém, o realizador esteve igual a si mesmo e, num regresso às origens, fez um filme de zombies. Mas apenas isso. Um filme de zombies.

Basicamente, ao ritmo de um jogo de vídeo (ou antes, foram estes inspirar-se em filmes dos anos setenta) temos uma história descabida que cria zombies bexigosos, esfomeados por cérebros, e um grupo de sobreviventes a disparar a torto e a direito para acabar com eles e salvar a humanidade. Está lá tudo o que de bom e mau tinham estes filmes. As incongruências de argumento, a irrealidade das situações, o vazio dos personagens, a película riscada e até uma bobina perdida. E nunca se leva a sério, nunca se arma em bom, pelo que foge aos lugares miseráveis daqueles filmes que, actualmente, enchem a pantalha de efeitos especiais e pseudo-histórias para transpor ideias que nasceram de jogos de vídeo do tipo "tiro neles" (shoot'em up).

É, sem dúvida, uma boa diversão. Falta-lhe contudo, o substrato que faz da obra de Tarantino um verdadeiro filme, devidamente completo. Enquanto Tarantino não deixa nunca para trás o diálogo, a composição dos personagens, Rodriguez troca isso tudo por mais sangue, mais gore. Por isso, na comparação, fica a perder, e merece apenas uma nota três.

6.10.07

Contra-Luz


(fotografia por Urso Polar)

1.10.07

Canon EOS 40D - EFs 17-85 1:4-5.6 IS USM



Já chegou!
O meu brinquedo novo veio da Alemanha e aterrou hoje nas minhas mãos.
Agora só tenho que ler o manual e reaprender a tirar fotografias.
Avizinha-se mais um curso no Instituto Português de Fotografia.