30.5.08

Sexo na tv

Não está ao alcance de todos conseguir abordar num talk-show televisivo a temática dos brinquedos eróticos. Claro que tudo é mais fácil se estivermos no Brasil e o anfitrião for o Jô Soares.
P.S. - não se ponham a ver isto no emprego, está bem?

29.5.08

De há 20 anos

Nascido e crescido na Parede, o primeiro cinema que me recordo de frequentar foi o “Royal Cine”, mais conhecido por cinema da Parede, ou “cine-piolho”. Era velhinho, tinha cadeiras duras numa plateia sem inclinação bem como balcão, e exibia matinés de animação, filmes de grande circulação mais de um ano depois da estreia (revi lá “Os Salteadores da Arca Perdida” e “O Regresso de Jedi”, por exemplo), e sessões da meia-noite com filmes de kung-fu. O bilhete custava menos de metade dos preços dos outros cinemas e, para quem era miúdo, em plena década de ’70, era o que havia.
Abriu então o cinema de Carcavelos, o “Atlântida-Cine” ainda no activo, que condenou a velhinha sala da Parede que fechou poucos meses depois, e deu-se um salto qualitativo sem descrição. Passámos para uma sala com mais de trezentos lugares desnivelados, estofados e projecção de qualidade.
Vem tudo isto a propósito do primeiro filme que vi em Carcavelos. Num evento especial, tendo ido a pé, em grupo, e tendo regressado eléctrico, excitado, animado com a excelência de “Blade Runner”.
A semana passada revi este filme, agora em “edição final”, numa sala fantástica, do UCI Corte Ingles. E só posso dizer que o filme envelheceu muito bem, mantendo-se um extraordinário exercício de ficção científica, com uma história profunda, existencialista, representada em cenários incríveis, por competentes actores. Com uma cuidada realização, “Blade Runner” é, sem dúvida, um marco da ficção científica ao nível de um 2001, ou um Solaris. E vê-lo num gigantesco écran não é substituível por um LCD ou um plasma, por maiores que eles sejam no conforto da nossa casa.

Reciclado dos anos oitenta veio igualmente Indiana Jones, agora atrás de uma caveira de cristal. Se o título fazia lembrar logo Arthur C. Clarke e a sua série televisiva, o cartaz do filme desvia-nos logo para campos mais fantásticos, mais extra-terrestres.
Não é surpresa nenhuma pois os três capítulos anteriores andaram sempre no reino do místico e do fantástico. Jones está mais velho, mas ainda se aguenta à bronca com porrada q.b. e aquele espírito aventureiro e muitas vezes trapalhão. Aumentou a quantidade de “piadolas” e “gags” com referências cinematográficas explícitas e, no final, tivemos duas horas de animada correria para fazer o bem vencer o mal.Este novo filme encaixa na perfeição na sequência anterior mas, por culpa da animação por computador, perdeu o factor “uau” que distinguia Indiana Jones dos demais filmes. Talvez seja mesmo o menos espectacular dos quatro, mas, ainda assim, é sem dúvida, um espectáculo a não perder. Especialmente se queremos manter o espírito jovem das místicas aventuras do professor-arqueólogo-espião-caçador de prémios. Em todo o caso, continuo a achar que “Os Salteadores da Arca Perdida” é, sem dúvida, o melhor destes filmes.

21.5.08

Com quatro músicos apenas...

Em mais uma produção da Incubadora D'artes assisti ontem ao excepcional concerto dos Kronos Quartet, um dos melhores de sempre pelo rigor, pela diversidade, pela magia da interpretação imaculada e soberbamente iluminada.
Não tenho palavras para descrever a calma, a excitação, a inquietação, a reflexão, o encanto que vivi durante as duas horas de música depositadas pelo quarteto nestes ouvidos a precisar de tamanha limpeza.
Eles são incríveis, e estiveram incríveis. Sem dúvida músicos sem medo de enfrentar qualquer peça, qualquer estilo, qualquer som, e recriá-lo na perfeição. Mereciam casa cheia, mas infelizmente o CCB estava com a plateia a menos de meio, ocupada por gente jovem, que fez frente ao preço das entradas. Onde andavam os mais velhos e endinheirados que se dizem melómanos? Como puderam deixar passar este concerto?

20.5.08

Iron Man


Sem dúvida que gosto muito de banda desenhada, e que o universo dos super-heróis ocupou muitas horas da minha vida em criança e adolescente (hoje, cada vez menos, o que não deixa de ser natural). E nos meus heróis favoritos contavam-se o Homem-Aranha, o Batman, o Demolidor. Entre todos, o Homem-de-Ferro era apenas um dos que por vezes aparecia nas histórias que conseguia agarrar, a maioria das vezes por empréstimo, razão pela qual nunca estive muito por dentro do seu universo.
Este filme, agora em exibição, vem colmatar tudo isso, explicando a génese do Iron Man, e a sua forma de agir, as suas forças e fraquezas. Mas pouco mais que isso. Ao contrário de Batman, que com o novo fôlego alcançado com a entrada em cena de Christian Bale e Christopher Nolan se veio expôr em toda a sua densidade, esta obra cinematográfica limita-se a explorar (e bem) todo o potencial do CGI para dar vida ao monstro metálico.
Iron Man é apenas mais um filme de super-heróis, com efeitos especiais muito bem conseguidos, mas sem ter, sequer, a incerteza de uns X-Men no tocante ao desenrolar da acção. À medida que a acção desfila em frente dos nossos olhos adivinhamos sem esforço o que se seguirá, apenas ficando por descobrir os efeitos especiais que irão dar corpo à cena seguinte.
Por comparação, poderei dizer que é bem melhor que os filmes do Quarteto Fantástico (inenarráveis na sua infantilidade), mas não chega ao nível dos já citados filmes dos X-Men. Uma nota 3, para assegurar que se passa bem o tempo.

15.5.08

Notas de estranheza

1 - Sócrates viola a lei do tabaco que assinou e implementou, como paladino da saúde e desculpa-se com "conversa de arguido" dizendo que não sabia que era proibido. Se ele, que aprovou a lei, não sabe o que esta diz, quem saberá? Se ele anda para aí a mostrar-se grande "jogger" e é afinal um viciado no tabaco, como pode abanar a bandeira da saúde dos outros? E que me interessa que agora diga que vai deixar de fumar?
Estranho a hipocrisia.
2 - Pinto da Costa é condenado pela justiça desportiva por corrupção. Anda em bolandas com os processos crime relacionados com o mesmo tipo de matérias. Deputados na AR dão jantar em sua honra, associando-se à figura para festejar a vitória no campeonato. Mais uma vez, os políticos vergam a espinha ao futebol. Não foi a primeira, nem será a última.
Estranho a desfaçatez.
3 - Alberto João Jardim diz que não se vai candidatar à presidência do PSD, antes apoiando a candidatura de Santana Lopes.
Estranho que alguém tivesse acreditado que alguma vez aquele sujeito arriscasse sair da sua coutada para se submeter a um processo democrático.
4 - Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, diz que a nova lei da organização judiciária foi feita à medida dos juízes. Diz que os juízes não deveriam ser ouvidos na feitura das leis, mas que se deveriam limitar a aplicá-las. Diz que a violência conjugal deveria admitir desistência de queixa, olvidando as raízes dessa opção legislativa.
Estranho que ainda se dê tempo de antena e se gaste tinta propagando as ideias deste tipo.
5 - O Benfica anda muito tremido, e vê agora Rui Costa como o salvador.
É estranho que acreditem que sem dinheiro se possam fazer equipas de topo.
6 - A Câmara Municipal de Lisboa parou a montagem da Feira do Livro porque as associações livreiras não se entendem.
Já estranhava se este ano tudo corresse bem.
7 - Há três anos a barreira dos $ 40.00 USD por barril de petróleo era vista como a desgraça do planeta. A este ritmo, não tarda nada ultrapassamos os $ 140.00 USD. Bem sei que o dólar anda fraquinho mas...
Estranho a capacidade da economia absorver tão doido aumento.
8 - A gasolina e o gasóleo aumentam desenfreadamente aqui em Portugal. Sabem que mais?
Estranho que, quando saio com o meu carro, acabe tantas vezes numa fila de trânsito.
Já se comia qualquer coisa. Estranho?!, nããã...

2.5.08

A reboque da demagogia

Esta semana, porque está na moda, vozes de responsáveis políticos ecoadas pelos meios de comunicação social exigiram penas mais graves para o "carjacking". Ora, "carjacking" não existe como tipo criminal. Quando alguém aborda outra pessoa, sob ameaça de arma e lhe leva o automóvel, pratica o crime de roubo, agravado. Se obrigar a vítima a acompanhá-lo, juntem o sequestro. Se lhe tirar o cartão multibanco e quiser fazer levantamentos, aditem a burla informática. Se forçar a vítima a dar-lhe o código do cartão, sob ameaça, ainda poderão juntar o crime de coacção.
Mas, ficando apenas pelo crime de roubo, prevê o código penal o seguinte:

Artigo 210º
Roubo
1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair, ou constranger a que lhe seja entregue, coisa móvel alheia, por meio de violência contra uma pessoa, de ameaça com perigo iminente para a vida ou para a integridade física, ou pondo-a na impossibilidade de resisitir, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
2 - A pena é a de prisão de 3 a 15 anos se:
a) Qualquer dos agentes produzir perigo para a vida da vítima ou lhe infligir, pelo menos por negligência, ofensa à integridade física grave; ou
b) Se verificarem, singular ou cumulativamente, quaisquer requisitos referidos nos nºs 1 e 2 do artigo 204º, sendo correspondentemente aplicável o disposto no nº 4 do mesmo artigo.
3 - Se do facto resultar a morte de outra pessoa, o agente é punido com pena de prisão de 8 a 16 anos.
a) De valor consideravelmente elevado;ou f) Trazendo, no momento do crime, arma aparente ou oculta
Três a quinze anos! Não foi isso que disse o presidente do CDS/PP, pois não? Quem acha que deveremos andar a reboque destas iniciativas populistas e totalmente enganadoras.

Ao mesmo tempo lançam-se notícias de ineficiência da PJ na comparação dos dados estatísticos do primeiro trimestre de 2008 com o de 2007, nomeadamente menos prisões, e menos buscas. A causa anunciada é uma: menos 60 inspectores. Então e as alterações ao Código do Processo Penal, sendo que agora quase se tem que pedir licença para prender? Ou para fazer uma busca?
Ninguém se lembrou disso, foi?