31.10.08

Count Basie Orchestra

Em mais uma produção da Incubadora d'Artes, a Count Basie Orchestra esteve em Portugal, no Campo Pequeno, para um concerto com alguns convidados, a saber Carlos do Carmo, Camané, Manuela Azevedo, Maria João e Lula Pena.
Os músicos são, sem dúvida, bons. Sabem o que fazem e a grande maioria fá-lo há muitos e muitos anos. Há naquele grupo gente que corre os palcos já muito antes eu ter nascido. 
Os convidados... abordaram o concerto de forma muito diferente. Carlos do Carmo assumiu-se como crooner, uma versão lusa de um Sinatra já velhote. Foi traído pela incapacidade de soar bem em inglês, por evidente falta de domínio da língua que cantava. Camané não quis, ou não conseguiu, esconder que é fadista. As músicas que cantou vieram entoadas com o fado que lhe corre nas veias e a mistura não é para todos os ouvidos. Apesar de admitir que é original e poderá haver quem muito tenha gostado, eu não gostei.
As senhoras, pelo seu lado, estiveram muitos furos acima dos cantores masculinos. Lula Pena foi incrível, ficando a tristeza de só ter cantado um tema. Melhor ainda foi Manuela Azevedo, fabulosa em palco, com uma interpretação carregada de força e dinamismo como a vocalista dos Clã está habituada a pôr em palco. E, finalmente, Maria João. A única que verdadeiramente jogava em casa, foi, mais uma vez, inesquecível. Um monstro vocal que interpreta os temas de forma inimitável a que junta um presença em palco igualmente arrepiante. 
Mais uma vez, parabéns à produtora pelo excelente espectáculo que ofereceu ao público que optou por se deslocar à praça de touros do Campo Pequeno.

30.10.08

25.000

Parece que passei as 25.000 visitas.
Obrigado.

(des)ValorMed



Há poucos anos foi lançada a campanha com pompa e circunstância, com muitos anúncios e sensibilização do cidadão comum.
Eu fui sensibilizado.
Não deitar para o lixo embalagens de medicamentos e medicamentos fora de prazo passou a ser uma preocupação, porque poderiam ser reciclados, ou eliminados em segurança. Queimá-los não era solução, pelo que não deveriam ser juntos com o lixo comum.
Numa gaveta da cozinha passou a haver mais um saquinho, ao lado do pequeno saco onde acumulo (cada vez menos) pilhas usadas, para que, de vez em quando, se justificasse a ida à farmácia depositar os resíduos no respectivo contentor. E a consciência aliviava-se de mais um peso na minha pegada ecológica.

Soube-se esta semana que, até hoje, a ValorMed nada reciclou e tudo incinerou. Sinto-me enganado.
Indignado.
Para já, o saquinho e o seu conteúdo saltaram para o grande saco do lixo. Dentro em pouco serão incinerados pela Lipor. Pelo menos assim não justifico a actividade destes palhaços que seguramente são bem pagos para fazer algo que não fazem.

Bush (?)

Podia ter lido as piores críticas que, ainda assim, quereria espreitar este filme. Há muito que vi o trailer e fiquei muito curioso. Os personagens, gente de carne e osso que estamos habituados a ver na tv, estão muito bem retratados e a chancela do realizador Oliver Stone aguçava a curiosidade.
Antes de ir ao cinema li que o realizador perdera a chama rebelde, que estava muito politicamente correcto, que não era particularmente opinativo, que no filme George W. Bush poderia ser visto positiva ou negativamente, dependendo dos olhos que viam a película. Eu saí da sala com uma opinião totalmente diversa.
Para mim, Stone faz uma apreciação muito crítica do percurso do ainda presidente dos EUA, só que deixou de ser óbvio e enveredou pela subtileza que assegura a divulgação da sua leitura.
Ver as reacções, as motivações, as decisões de Bush assim retratadas só pode permitir uma conclusão: os EUA vivem o fim de oito anos de governação incompetente, que os arrastou para um atoleiro sem fim à vista.
O pior, é que quando os EUA caem, arrastam sempre grande parte do mundo atrás de si.
"W." é, sem dúvida, um belo filme, baseado em factos verídicos e documentados. Se não é a verdade, decerto está muito próximo dela. É um filme que deverá ser visto pelas gerações futuras. Porque há erros que não se devem repetir. E um deles é eleger um incompetente para a Casa Branca. Para a semana os americanos podem começar a mudar o seu, e o nosso, futuro.
Hoje, este filme merece as 5 estrelas para o seu género.

27.10.08

Fruta da época

O primeiro Pai Natal da época foi visto este fim-de-semana no LIDL. Era de chocolate.
Igualmente vista foi a primeira árvore de Natal. Encontrava-se na CASA, juntamente com a panóplia usual de enfeites.
Lá teremos dois meses disto.

24.10.08

22 mil euros

Até sou apreciador de Fórmula 1. Bom, enquanto as corridas eram transmitidas em sinal aberto era tipo para ver os bólides a volta na pista em directo. Agora, com a Sport TV a ter o exclusivo, deixei-me disso, e limito-me a ler as notícias nos jornais.
Até sou condutor de um Renault, e bastante satisfeito, por sinal.
Mas a ocupação da Av. da Liberdade para pôr um F1 da Renault a dar umas voltas e fazer publicidade à marca, pretendendo atrair 100.000 pessoas (não será demais?), com todo o distúrbio que causa o evento, não é uma ideia que me agrade.
Aparentemente, a CML vai ganhar € 22.000,00 com a iniciativa. Acho muito pouco. Compreendo que o município precise de dinheiro, mas não compreendo estes saldos. Sequestrar o coração da cidade durante dois dias (com duas semanas - uma antes e outra depois - de perturbação da vida dos munícipes) por apenas vinte e dois mil euros parece-me bastante barato. Tudo o que seja abaixo de dez mil contos por dia é uma oferta.
António Costa... vê lá se fazes negócios mais rentáveis com este tipo de clientes. É que estas marcas, com todos os seus patrocinadores, podem pagar bem.

22.10.08

Chico-esperto


Ao que parece, entraram em casa de Miguel Sousa Tavares e furtaram-lhe o computador portátil e a carteira.

É muito aborrecido, e espero que supere a insegurança que fica sempre que invadem o nosso espaço reservado e nos privam de algo que estimamos.

Ao que parece, no computador portátil estava uma obra completa, inédita, e diversos textos para um outro livro, dos quais foi privado e que assim perdeu.

É muito bem feito. Então o chico-esperto que bota faladura na TV e nos jornais sobre tudo e todos, não sabe fazer backups? Se é de texto que falamos, não sabe para que serve uma coisa destas?


Encontram-se à venda por diversos preços, com diversas capacidades e muitos estilos. Chamam-se pen-drives, ou flash-drives e se tiver uma de 4 Gb (são comuns e custam menos de € 30,00) pode lá guardar inúmeros dos seus textos, dos seus livros.
Pois é... É muito chato ser desleixado.

16.10.08

Prioridades

Nada como um desaire futebolístico para os meios de comunicação social se esquecerem das flutuações financeiras que passaram para um apagado segundo plano. Será muito mais grave não ir ao Mundial da África do Sul de 2010 do que generalizar-se o quadro de recessão, não é?.

14.10.08

Máfia sem brilho

Durante muitos anos fomos inundados por imagens idílicas da máfia, difundidas pela máquida de sonhos de Hollywood. Crescemos com os violentos senhores do submundo americano de origem italiana, vestidos com esmero e vivendo os luxos do lucro ilícito. Acompanhámos religiosamente e durante sete anos as peripécias da família Soprano, simpatizando com aqueles carniceiros à margem da lei.
Talvez na América seja assim. Talvez. Na Europa, a realidade está mais distante dessa visão. À parte os topos dos topos, que naturalmente serão podres de ricos e se deslocarão mais ao nível do tráfico de influências e gestão de empresas que manipulam o meio económico-financeiro, existe uma larga e pobre realidade (pobre em dinheiro, inteligência, valores, auto-estima) que dá corpo à estrutura mafiosa. É nela que pega Gomorra.
Este filme de Matteo Garrone exibe a crueldade e inslaubridade de um negócio: o da droga. Apesar de incluídos na designação de Máfia, ali não há lugar a brilhos e luzes: tudo é negro. A vida pouco vale, e toda a gente vive o comércio da droga, seja por dele fazer parte, por dele receber, ou por o ter à sua porta. E, quando as hordas se dividem e envolvem numa luta fraticida, tudo vale.
São cinco as histórias que se cruzam, interpretadas ao sabor de um sotaque cerrado e quase incompreensível.
Numa delas dois jovens vivem o sonho dos bandidos cinematográficos americanos. Tão desaprorpiadas são as suas condutas que desde o início adivinhamos o fim que os espera. Noutra, um miúdo deseja entrar no mundo do comércio da droga, iniciar-se na máfia para ser integrado naquilo que sempre se desenrolou à sua volta. Temos ainda o distribuidor de dinheiro, já com alguma idade, e que vê com preocupação a violência à sua volta. É-nos igualmente apresentado o mestre costureiro que alimenta a indústria da fabricação de vestidos de alta-costura e que, pelo pouco que ganha e muito que trabalha, se sente tentado com a oferta chinesa que avança para o mercado como temível concorrência. E, finalmente, resta a história de como os resíduos tóxicos podem dar muito dinheiro, tudo valendo para os fazer desaparecer.
O filme é duro, violento, mas muito realista. Merece nota quatro, sem margem para dúvidas.

13.10.08

Multibanco

Há dezoito anos apareceu o Multibanco (*). E há dezoito anos que tinha este visual catita, que sempre estimei e que, perante os tristonhos exemplos dos atm's estrangeiros, aprendi a valorizar como algo que nos identificava. O "boneco do multibanco" era original, era "nosso" e era elaborado.
Agora o multibanco fez uma plástica e modernizou-se. O símbolo empresarial é mais forte, com o fundo negro e letras determinadas, modernas.
Mas o "boneco do multibanco" foi substituído por este infeliz sucedâneo, básico, saído da caneta de um infante da primária. Deixou de ser rico, detalhado, para ficar mais um palhaço saltitante, bi-dimensional, infatilóide e medonho.
Terei sempre saudades do boneco original. Dos seus sapatos e luvas. Da boca escancarada e olhos esbugalhados.
Quanto a este?... Bahhh!
(*) Fiquei a pensar nisto e fui confirmar a informação. No site da SIBS está referenciado o aparecimento do multibanco há 23 anos. O que eu não recordava é que nos primeiros tempos não havia "o boneco do multibanco", o qual só terá aparecido ao fim de cinco anos do sistema, daí ter lido "18 anos".

12.10.08

Teste malvado

Para testar o mal dentro de vós. What´s your evil nature, na nova colecção da Swatch, com vilões do 007.

6.10.08

Hipocrisias

A história vem em segunda mão, e o seu conteúdo nem é o relevante. A relevância fica-se pelas considerações que aqui decidi partilhar. Disse-me um amigo que numa ocasião social qualquer em que esteve, uma série de pessoas discutia com empenho e ansiedade a "onda de violência e criminalidade" que se vive. Porém, no fim do tal evento, discutiam igualmente qual a melhor maneira de chegar a casa sem encontrar polícia ou operações "stop", obviamente porque já tinham bebido demais e, ainda assim, iriam conduzir.
Não sou daqueles que acredita que hoje há muito mais criminalidade que no passado. Podemos ter vivido um pico, aliás, vulgar no calor do Verão, mas o que aconteceu foi um eco ensurdecedor nos meios de comunicação social que, à míngua de incêndios florestais, descobriu no crime fonte para fazer notícias. Ou seja, imitou aquilo que o Correio da Manhã sempre fez perante o desdém da concorrência.
Porém, aquilo que vejo é que quem mais se mostra perturbado com o crime são aquelas pessoas que estão sempre dispostas a colocar em causa a autoridade, nomeadamente de polícias e Tribunais. Tão depressa se queixam que os polícias não andam atrás dos criminosos, como vociferam contra os polícias por terem sido apanhados a conduzir embriagados.
No fundo, pessoas com dois pesos e duas medidas. Os outros são criminosos, porque sim. Eles, mesmo que conduzam com excesso de álcool no sangue, não deverão ser preocupação para as polícias porque eles não são criminosos. Ah, não?!
E tão depressa pretendem desautorizar um polícia como o querem forte e interventivo. Tão depressa exigem sentenças mais pesadas e prisão perventiva por "dá cá aquela palha" como depois fogem às notificações, escudam-se em subterfúgios e desobedecem às decisões judiciais que, por serem contra eles próprios, já são excessivas e injustas. Porque contra os "criminosos" tudo vale. Contra eles, nada será permitido, tudo é um abuso.
Um dos maiores problemas existentes em Portugal é a falta de autoridade que trespassa transversalmente toda a sociedade. As leis estão lá, mas toda a gente se acha no direito de as moldar aos seus interesses. Ora, o que se impunha era inflexibilidade na exigência do cumprimento das leis. Seja a punição do estacionamento irregular, do lixo deixado na rua junto ao ecoponto, ou do cócó do cão no passeio, seja a da condução em estado de embriaguez, do roubo, da corrupção, do abuso sexual ou do homicídio.
Se todos interiorizarem o respeito pela lei, se deixar de haver desculpas, deixa igualmente de se enfraquecer quem tem que impôr e aplicar coercivamente essas mesmas leis. Para que o bandido não tenha desculpa ou safa. Para que a segurança se viva na rua, em casa, na estrada, no trabalho.
Para que cada um assuma as consequências dos seus actos e se deixe de hipocrisias.

A inteligência é relativa. E não é para todos.

"Burn After Reading", último filme dos Coen é, sem dúvida, uma bela peça de humor que nos faz reflectir sobre a estupidez humana e o irresistível desejo individual de dar um passo maior que as pernas. Os actores de renome que fazem o cartaz desta longa-metragem interpretam na perfeição os idiotas que perante a vida fazem questão de se estatelar ao comprido quando julgam que estão a enganar todos os outros. E ao longo das quase duas horas de projecção largamos gargalhadas perante piadas muito bem construídas, longe do humor alarve que Hollywood costuma alimentar, à medida que os personagens criam uma situação equívoca, onde ninguém sabe tudo o que se está a passar. Excepto o espectador que com isso pode delirar.
A delirar também andam os dirigentes de uma tal de associação dos invisuais americanos, apelando ao boicote do filme Blindness, que nasceu do "Ensaio sobre a Cegueira" de Saramago. Confundir a alegoria que Saramago criou para revelar a natureza humana, e o mal que tende a aparecer quando o Homem é confrontado com severas dificuldades, com a ideia de que os cegos são maus, é sinal de delírio e estupidez. À boa maneira americana.

1.10.08

O tempo da castanha

É oficial. O Verão acabou de forma irremediável. Acabo de me cruzar com o primeiro vendedor de castanhas da época. Não tarda nada, o Pai Natal começa a aparecer em tudo o que é anúncio.