30.7.08

Terra dos excessos

A escrever a partir de N.Y. devo dizer que me sinto na terra dos excessos. Aqui tudo e' extremado. Ou e' muito grande, ou muito gordo, ou muito magro, alto, baixo... as sarjetas parecem ter o tamanho de um carro, mas os carros te^m o tamanho de uma camioneta, os camioes parecem casas. Na rua o calor e' muito, nos interiores o ar condicionado gela. Os poli'cias andam armados ate' aos dentes, mas so' se ve^em nos transportes ou ocasionalmente a passar num carro, e ha' soldados, de camuflado e armados, claro, em algumas estacoes de metro.
Escreve-se sem acentos ou cedilhas e goza-se uma nova experie^ncia.

27.7.08

A Direcção informa que estará ausente para gozo de férias

O Urso Polar vai estar ausente por uma semanita. Vai conhecer a grande maçã. E espera fazer melhor figura que estes senhores



Andei à procura do evidente "New York, New York" para pôr aqui. E não é que encontrei esta versão muito bem conseguida?




Até breve.

25.7.08

Trevas


Se aqui disse que Batman - o começo era um filme espectacular, Dark Night, a segunda visão de Chistopher Nolan sobre o universo do homem morcego navega nas mesmíssimas águas. O herói solitário, complexo, com um profundo lado negro que o corrói, com o qual luta e pelo qual assume a ambiguidade do vigilante que age à margem da lei, com a lei, mas nem sempre no mesmo sentido que esta.
Contudo, este filme tem uma diferença gigante: o vilão Joker aparece recriado de forma sublime, tresloucada, negra, assustadora pelo falecido actor Heath Ledger.
Muito se fala da possibilidade de vir a ser oscarizado postumamente. Ainda é cedo para falar. Mas sem dúvida que, para mim, é o melhor vilão que já vi nestes filmes de super-heróis. Porque neste universo, não basta ao herói ser super, tambem o vilão o terá que ser, para poder dar verdadeira luta. E este Joker, sem dúvida consegue-o.
Como tal, apenas poderei acrescentar que este filme demonstra que se pode fazer excelente cinema a partir das BD's, universo que, como aqui repetidamente o disse, me é muito caro. Espero, pois, que mais experiências sigam este exemplo, porque é sempre com prazer que dou cinco estrelas a um filme.
Não percam. É perfeito para descontrair neste Verão.

24.7.08

Esperança

Há poucos dias escrevi aqui sobre o arraial mediático à volta dos ciganos da Quinta da Fonte. Hoje venho transmitir uma nota de esperança.
Ontem reparei que o discurso mediático já foi para além da superfície e começou a ver que a chantagem daquelas famílias em protesto não só não tem justificação como é uma insustentável afronta à sociedade portuguesa. E a maior prova disso foi no Em Reportagem que foi para o ar na RTP a seguir ao Telejornal de ontem, que entrou no bairro e falou com quem lá vive. Ciganos, negros, brancos, gente normal, pacífica, que vive do seu trabalho e que só quer sossego. Quer que acabem as repercussões deste episódio de guerra de rua, mas querem igualmente que se defenda o bairro no dia-a-dia, evitando a sua degradação e devolvendo aos seus habitantes honestos (a esmagadora maioria) a possibilidade de viverem em segurança, apesar de pobres como são.
É indicador das dificuldades que vivem a segregação causada pela falta de segurança que impede que uma loja entregue um frigorífico, um taxi deixe em casa uma senhora de idade ou dois jovens tenham que ir a pé desde a Gare do Oriente porque os táxis os não levam, sequer, à beira do bairro. 
E, ainda assim, uma senhora com quatro filhos e dois empregos, consegue educá-los e fazê-los chegar à universidade. Ainda assim um cigano se diz ofendido pelos outros ciganos que generalizam a "insegurança da raça" quando ele lá continua a viver, a ir para o trabalho, sem problemas. Não se mete com ninguem, e ninguém se mete com ele. E entre os realojados que nem pagam as rendas de € 4,00 (e quando despejados partem a casa toda antes de sair) vive gente que contraiu empréstimos para comprar casa, paga mensalidades de € 500,00 e nem pode sair à rua com a insegurança, tem as janelas gradeadas e não logra levantar os estores. Podem ver tudo aqui é a reportagem de 23.07.2008. São trinta e cinco minutos que vale a pena ver.

À bruta

Tropa de Elite, o filme de José Padilha sobre o BOPE, polícia de elite encarregue das entradas "musculadas" nas favelas do Rio de Janeiro para combater o tráfico de droga é um filme muito bem conseguido. Prova de que o Brasil tem um cinema maduro, adulto, tecnicamente irrepreensível e capaz de abordar com seriedade temas quentes da actualidade social de um país com desigualdades atrozes.
A vida nas favelas é dura. O narcotráfico domina, e os senhores da droga, armados até aos dentes e rodeados de "soldados" que farão sombra a muitos "gangs" norte-americanos ou "senhores da guerra" de países africanos, mandam na vida dos pobres que vivem naquelas difíceis condições. 
A polícia, mal preparada, mal paga, e com uma cultura de corrupção, cede aos interesses privados, de alto a baixo na sua hierarquia, compactuando com o crime de forma a controlá-lo um pouco, e a salvaguardar os interesses de alguns. Quem quer ser honesto esbarra num mar de cumplicidades e toda a gente se quer "orientar". Fica a perder a eficácia, a imagem e, por isso, nasce o BOPE.
Neste grupo estão os mais honestos polícias. Honestos porque imunes à corrupção, mais nada. Com um processo de selecção duro, mais duro que muitas das tropas especiais de todo o mundo, no qual mais de 90% dos candidatos não resistem à formação, estes homens estão dispostos a tudo.
Actuando como uma polícia anti-terrorismo com a carta branca (tipo EUA em Guantanamo ou o herói Jack Bauer) eles entram à força das armas nos redutos dos traficantes e abatem-nos sem contemplações. E para os encontrar sem remorsos torturam quem for preciso. Vale tudo. E a tropa de elite, incorruptível, cede à violência deixando-se passar para "o lado negro".
O filme espelha esta dualidade de valores, abstendo-se de tomar partido. É aí que reside toda a sua força. Deixa-nos pensar. 
Pensar na polícia militar comum, corrupta, e no difícil papel daqueles que não querem entrar nos "esquemas". Pensar nos "ricos", nos "estudantes", cheios de juízos morais, críticos da autoridade, da polícia, do Estado, mas que compram droga, fomentando o tráfico, e convivendo com os narcotraficantes escudando-se na necessidade de aceitar as suas regras. Pensar nos polícias mais temidos, cuja eficácia depende de práticas inaceitáveis num Estado de Direito.
No Brasil, há mesmo uma guerra contra a droga, sendo os narcotraficantes organizados em células violentas, armadas, como acontece com o terrorismo. E na guerra fazem-se e toleram-se muitas atrocidades, os princípios morais que nos regem atenuam-se e cedem perante a necessidade de resultados. Mas, normalmente, depois da guerra, olhando com olhos de paz para tudo o que foi feito, costumam rolar as cabeças de quem se deixou ir para lá do aceitável.
Em tudo isto o fillme obriga a pensar, com cenas muito bem interpretadas, realizadas, pensadas.
Em Portugal a realidade é muito diferente. Mas enclaves como a Cova da Moura, a Azinhaga dos Besouros, o Pica-Pau Amarelo,  e outros, outros bairros degradados, têm que ser vigiados de perto e é importante impedir que se agravem as suas condições. Para que não se tornem favelas de acesso restrito como hoje em dia já parecem querer tornar-se. 
Para este filme, as quatro estrelas sem receios. A quinta fica ali, à beirinha de ser alcançada, e apenas não surge por achar que a história condutora da acção podia ser um pouco mais estruturante, mais desenvolvida, à semelhança do que acontecia na "Cidade de Deus", filme a cuja comparação não conseguimos fugir.

21.7.08

Quebrar o silêncio

Acho que já é demais.
A ameaça dos ciganos se mobilizarem e fazerem uma manifestação nacional porque as famílias alojadas em Loures, no Bairro da Fonte, não querem regressar às casas que lhes foram facultadas a custo social (sim, todos lhes pagamos a casa) alegando que aí se sentem inseguras, e haver quem lhes dá tempo de antena, páginas de jornal e ainda outros que ponderem satisfazer as suas demandas é coisa que roça o ridículo, o intolerável, o absurdo.
Quem viu as imagens divulgadas na net e nos telejornais, viu seguramente o mesmo que eu. Os ciganos que hoje se manifestam estavam na rua e as armas que seguravam e usavam indiscriminadamente no meio da rua eram bem visíveis. Contavam-se cinco caçadeiras e outras tantas pistolas e/ou revólveres e, num ambiente digno dos levantamentos da fatah, para as bandas da Faixa de Gaza, disparavam tais armas para o outro lado.
Não vimos "o outro lado". Admito, só como hipótese por ser a única que justificava o não avanço dos ciganos armados, que também estava armada. Mas é assim que se reage num estado livre, democrático, que tem forças de segurança? Obviamente que não. Se os ciganos estão hoje inseguros, é porque contribuiram activamente para o clima de insegurança naquele bairro. Têm, pois, que se aguentar e proteger ao abrigo da lei, recorrendo quando necessário ao apoio das forças de segurança. E estas têm que intervir, apaziguando os ânimos e fazendo chegar os infractores a Tribunal.
Porque é assim com toda a gente.
É assim com os idosos de 70, 80 e 90 anos que vivem para os lados do Intendente onde nasceu uma sala de chuto ao ar livre, um supermercado de droga e onde agarrados desesperados pela dose que tarda atacam desvairados os habitantes que já não têm forças para se defender, que não têm caçadeiras e pistolas (quase tudo ilegal, como se viu da apreensão junto dos manifestantes de Loures) e que ninguém alguma vez pensou realojar. E bem, diga-se. O que deveria ser feito era combater activa e eficazmente o tráfico ali instalado e não andar a deslocar as pessoas ao sabor dos meliantes.
Tudo isto para concluir que só pode ser anedota de Verão esta feira montada pelos ciganos de Loures. Seguramente têm saudades de Scolari, que já não está presente para "defender o minino".

20.7.08

Lou Reed


O concerto de ontem no Campo Pequeno foi fantástico. Berlin revisitado, com muita pujança, arranjos estupendos, com espaço para longas guitarradas e sempre a voz de Lou Reed, inalterada, soberba apesar dos seus 66 anos.
Quem assistiu, e não foram muitos, pois a casa estava a menos de meio (o que querem?, à mesma hora actuava Leonard Cohen e mais não sei quantos "festivais") saíu encantado com o espectáculo apresentado em Lisboa (repete hoje em Loulé e de seguida termina a tour em Málaga). Uma hora e meia para recriar Berlin e mais meia-hora de "encore" para obrigar o público a levantar-se e abanar um pouco. Fabuloso!
Agora já vi Lou Reed ao vivo. E posso dizer que, apesar da carreira já ir longa, ainda o vi em grande forma, ao contrário de outros com a sua idade cuja capacidade para actuar em palco já está diminuída, seja pelo desgaste da voz, seja pela perda de energia. Mas não Lou Reed, que está em grande.

Uma palavra para a "sala". O som é muito bom, e o espaço, aberto no topo, é convidativo especialmente numa noite quente como a de ontem. Mas dois factores muito negativos condicionam o Campo Pequeno: o cheiro a cavalos e toiros está por lá, indisfarçável; e o espaço entre filas é insuficiente para quem tenha mais de 1,70m.

Anos '80 - 80 memórias (43)

Andei por aqui durante 42 posts a falar dos Anos '80 - 80 memórias, e acabei por cansar-me e deixar incompleta a missão. Hoje, à laia de remissão, venho acabar a tarefa com três sites/blogs que encontrei e cujos criadores se dão ao extenso trabalho de pesquisa e compilação de inúmeros vídeos, fotografias e quejandos para reavivar memórias que já vêm desde os anos '70 e passam por publicidade, televisão, brinquedos, alimentos entre outros. 
Para ver, com calma as Viagens ao Passado, os Verdes Anos, e o  Mistério Juvenil 
Têm muito tempo de recordação por aqui. Eu que o diga... que já perdi umas horitas a relembrar coisas tão datadas.

17.7.08

Falta de imaginação

A única nota de imaginação deste filme de animação passou por pôr um panda, urso lento, calmo, gordo e desajeitado a lutar como um mestre de kung fu. Depois,... depois colaram-se todos os clichés de um filme de artes marciais e fez-se um filme.
A animação é boa, dinâmica, excitante, mas a história é uma pastilha elástica reciclada e só me recordo de uma piada que me fez rir com gosto. Uma só, num filme inteiro.
A Dreamworks ficou outra vez aquém da Pixar, que tem sistematicamente revelado um arrojo compensador nas suas criações. E o conservadorismo deste Kung Fu Panda aborrece. Estava à espera de mais, e fiquei desiludido. Com esforço elevo a nota até ao dois. Apenas.
Valeu o trailer do Madagáscar2... que promete.

14.7.08

Procurado

Desconheço em absoluto a banda desenhada que está por detrás deste filme. Por isso, toda a história, os personagens, os feitos de cada um, surgiram aos meus olhos com a novidade da descoberta dando maior impacto ao filme, ao argumento.
Para um filme de acção, fantasia, e incríveis feitos, este "Wanted" (Procurado) tem um argumento coerente e bem esgalhado, com o tradicional vilão como contraponto ao heróis, com personagens dúbios, outros que igualmente se procuram e descobrem, à boa maneira da BD do género. O heróis descobre-se, reinventa-se, torna-se forte, muito forte e alcança feitos inimagináveis, filmados com recurso a efeitos especiais muito bem estudados e executados. 
Ao contrário de outros filmes de acção recentes, que passaram a filmar a acção com muita agitação, capazes de deslocar a retina do espectador menos ágil, Timur Bekmambetov envereda por um estilo semelhante ao marco que foi Matrix, abrandando a acção para uma câmara lenta explicativa que nos permite ver os pormenores das cenas mais agitadas, devolvendo-nos o olhar que nos anima quando lemos os livros de BD.
Os actores (James McAvoy, Angelina Jolie e Morgan Freeman nos principais papeis) estão bem, sem tiques excessivos, sobrios até para quem desempenha habilidades tão estrondosas como as idealizadas para estes Assassinos que, reunidos numa sociedade secreta se dedicam a "matar um para muitos salvar". A história conta-nos o princípio par aMcAvoy, um apagado Wesley Gibsoon, que é levado a descobrir todo o poder que tem encerrado dentro de si.
Dentro do estilo do "tiro neles e muita fantasia", vale uma estável nota quatro.

8.7.08

Primeiro foram os ciganos...

"Recenseamento étnico já começou
Ficha do Governo italiano para ciganos tem espaços para impressões digitais, etnia e religião"
É este  o título de uma notícia no Público on-line, disponível aqui.
Estranha medida, a lembrar um regresso ao passado. Como muitas outras que aqui e ali vão sendo adoptados por governos de direita, governos liberais, governos "democratas"... 
A pouco e pouco vou ficando cada vez mais desiludido com os caminhos tortos que a humanidade teima percorrer.

7.7.08

Opinião


Na SIC Notícias, Medina Carreira falou e eu reconheci no seu discurso muitas das minhas opiniões, sendo o seu tom o mais indicado, aquele da indignação perante as constantes negações da evidência. Para quem tiver paciência, dá para ver aqui.
E obrigado o colega que me mandou o link, porque valeu mesmo a pena.

6.7.08

Hancock, o super "quero lá saber"


É mais um filme de Verão, que se vê bem para passar o tempo. Tem piada, tem acção e, surpresa, até em alguma densidade dramática numa história completa que não é fabricada com a colagem de gastos estereótipos e ideias recicladas.
Hancock é um super-herói bruto, bêbado, porco, mal-educado e com um jeito especial para resolver os problemas da forma menos prática, mais bruta e que mais destruição e custos acarreta.
Tudo muda quando salva um homem das relações públicas que consegue chegar até ao solitário super e fazer sair o que de melhor ele tem. Tudo condimentado com boas piadas, excelentes gags visuais e uma dose q.b. de surpresas. Tudo condimentado com música muito bem escolhida, diga-se de passagem.
Por isso, se querem um filme que não faça pensar, que não canse, não mace, que seja ligeirinho como uma água fresca numa esplanada num dia de Verão, esta é uma oa escolha. Dentro do género, uma muito segura nota 3.

1.7.08

Agradecimento por um bonito número

Em Junho este blog atingiu os quatro dígitos nas visitas. Mais concretamente, 1001 entradas. Em Junho ultrapassou as 20.000 visitas.
A todos vós, que aqui vindes ler os pensamentos deste gigante do gelo, 
Muito Obrigado.

8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (8)

Tema livre

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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (7)

Formas redondas
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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (6)

Lá em baixo, na praia
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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (5)

Isto é turismo
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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (4)

Corda e madeira

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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (3)

Um dia de Verão
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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão (2)


O Museu por fora

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8.ª Corrida Fotográfica de Portimão

O Museu por dentro

(todas as fotografias por Urso Polar)