26.1.09

Woody e Eastwood

Em semana de estreia lá fui religiosamente ver o último filme de Woody Allen. Mais uma vez os críticos divertem-se chamando-lhe mediano, fraco quando comparado com os últimos "Match Point" e "Scoop" (obliterando o último "Cassandra's Dream"). Mais uma vez não podia estar mais em desacordo.
Os filmes de Woody Allen têm marcas que são garantia de qualidade. O texto tem uma história para contar e fá-lo de forma directa e agitada, levando-nos a querer viver os eventos retratados. Os personagens, sempre densos, são sistematicamente colocados perante escolhas. E, chegados ao fim, gostaríamos sempre de ver um pouco mais adiante, saber como continuam o seu percurso. Outra marca é, sem dúvida, a direcção de actores. Escolhidos a dedo, os actores dos filmes de Woody Allen mostram-se sempre ao seu melhor nível, dirigidos com o rigor e a liberdade necessários para comporem os complexos personagens criados no texto. E tudo isto é envolto numa cuidadosa selecção de locais de rodagem. A fórmula está estudada e comprovada. "Só" é preciso pô-la em marcha.
E desta vez temos pelas belas paisagens de Barcelona e Oviedo, num registo cromático amarelo, quente, um quadrilátero amoroso a evoluir numa história simples de contar não fosse a complexidade dos seus protagonistas. E boas e sólidas interpretações do painel de actores escolhidos a dedo, com destaque para Penélope Cruz que, a falar castelhano, é uma actriz portentosa.
Se gostei do filme? Naturalmente. Allen não me desilude. Sei ao que vou, e é isso mesmo que encontro. Cinco estrelas, claro.
Já vem da semana passada, pré-gripe, o visionamento deste último filme de Clint Eastwood. Apesar de assinar filmes de qualidade, o realizador nem sempre alcança a estrelinha que permite a um filme atingir o estatuto de memória do cinema. Este "A Troca" não vai deixar grandes recordações. Filme à medida de uma chorosa e super-maquilhada Angelina Jolie, actriz pela qual não nutro particular predilecção, conta uma história verdadeira que vale por si. Com isto, o filme perde-se um pouco a contar os factos, lendo à luz dos padrões de hoje o que aconteceu há 80 anos, num registo que por vezes ronda o telefilme. Vê-se... mas está longe de encantar. Eastwood sabe fazer muito melhor. Por isso, apenas três estrelas.

23.1.09

"Minha Besta, uma história de amor" é mais um exemplo de literatura de consumo rápido marcada pelo humor. No comercial sector dos vampiros (o anterior título de Christoper Moore, "O Anjo mais Estúpido" navegava pela temática zombie) a história destina-se claramente  à "malta nova" sem preocupações ou exigências literárias. O pretendido efeito humorístico fica muito longe de ser alcançado. A tradução arrepia um pouco, e é paternalista explicando o óbvio em inúmeras notas de rodapé, aparentemente prevendo a falta de cultura dos leitores ou a sua incapacidade de dedução.
Gostei mais do livro anterior. Quando sair o próximo... não pretendo comprá-lo.

22.1.09

Mãos à obra

Obama começou a trabalhar. Depois de George W. Bush (livra!, até que enfim que se foi) não será difícil, se não mesmo impossível, ser melhor presidente.
Mas o seu mandato vai navegar por tempos difíceis. E temo que toda a esperança nele depositada, como se fosse o salvador, não só da nação mas também do mundo, vai ser rapidamente defraudada. Eu que me engane, mas Obama irá amargar muita boca.
Assim como Sócrates amargou quando apareceu qual salvador depois do desastre Santana... Agora anda para aí muita azia que nem com Kompensan acaba.

21.1.09

Vacas, Açores e trânsito

Uma campanha ao turismo nos Açores achou por bem trazer um pouco do arquipélago à capital. Se o campo de golfe dos Restauradores, a baleia do Saldanha ou as hortênsias de Entrecampos (os quais ainda não vi, mas sobre eles li no jornal) não me incomodam, as vacas plantadas na Praça de Espanha entristecem-me logo pela manhã.
Em recintos vedados, na relva daquela praça, estão colocadas inúmeras vacas, apenas fornecidas com um contentor para água, outro para comida e pouca palha.
Os dias estão frios e chuvosos, e os animais não têm qualquer resguardo, sendo deprimente vê-los sujeitos à intempérie. Mas até dou de barato que nos Açores vivam condições climatéricas semelhantes. O que certamente não vivem é o trânsito constante que passa naquelas artérias.
Entristece-me ver aqueles belos animais, ali reclusos, enquanto milhares de automóveis, camiões, autocarros passam acelerando ruidosamente e deixando no ar a sua poluição citadina.
Mais do que trazer os Açores aos Lisboetas, esta parte da campanha leva Lisboa a algumas, tristes, vacas.
Não havia necessidade, pois não?

20.1.09

Gripe



Dois dias de cama e arrasto-me para o trabalho. Com inúmeros medicamentos a trabalhar simultaneamente no meu corpo para expulsar o maldito vírus da gripe, sinto-me como um campo de batalha, pisado, moído, arrasado.

12.1.09

Como foi que disse?


No seguimento dessa informação, o PÚBLICO questionou a administração da Caixa no sentido de perceber a razão da referida promoção, um mês e meio depois da saída de Vara. A instituição esclareceu que, "como é prática comum do grupo, todos os administradores quadros da CGD, quando deixam de o ser, atingem o nível 18 em termos de graduação interna". Fonte oficial da instituição acrescentou ainda "que o Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos cumpriu, desta forma, o estabelecido internamente, agindo retroactivamente, numa das primeiras reuniões do conselho de administração, após alteração da estrutura governativa da instituição, como sempre é feito". 

Vale a pena ler a notícia!

Vícios



Outra ocupação de fim de semana, para fugir ao frio, foi "papar" a 4.ª série da Galáctica de uma assentada. Não sei se já aqui o disse, mas sou fã incondicional desta nova versão, que incrivelmente nenhuma televisão portuguesa, sequer do cabo, ainda pegou. Apesar de acessível na net (ilegalmente, é certo), resisto a ver o que quer que seja até que o DVD seja editado. E, na 5.ª feira lá apareceu na FNAC a 4.ª série, que de imediato comprei para juntar às outras 3 que lá estão na prateleira. Vista em dois dias, só posso afirmar que estou ansiosamente à espera que concluam a 5.ª e última série e a ponham à venda o mais depressa possível (o mais certo é demorar um ano).

Para os mais cépticos posso acrescentar que a senhora da capa é um cylon. Sim, as actualizações da série tornaram-na muito mais agradável...

A vida de Clapton, pelo próprio

Terminei este fim de semana a autobigrafia de Eric Clapton. Escrito de forma muito directa, franca, humilde, o guitarrista revela-se admiravelmente neste livro. Bem sei que não será um tema que interessará a todos. Mas para aqueles que admiram a sua música e sabem um pouquito da sua vida, a leitura destas páginas revela-nos um homem que se portou muito mal durante muito tempo da sua já longa vida, até ser quem hoje é. E as histórias que ouvira relatar, lidas agora na primeira pessoa, tornam-se muito mais reais e humanas. Porque Clapton, durante muito tempo, foi apenas uma guitarra bem tocada.
(Cada vez mais leio expressões que são claros erros de tradução, que saltam à vista de qualquer um e fazem temer que cada vez mais se recorra a métodos informáticos sem o devido controlo. Aborrece muito.)

9.1.09

Zombies e frio

Ontem, logo pela manhãzinha, ao pegar no jornal Metro pensei que íamos ter por aí o regresso de um zombie, um fantasma ou um esqueleto à cena rock. Falo daquela notícia ali no canto superior esquerdo.
Para quem não sabe, os Led Zeppelin acabaram de vez quando o baterista John Bonham morreu, sendo a desculpa final para que Plant e Page se afastassem.
Lida a notícia, no interior, fala-se do regresso de Page com o baixista. E no projecto poderá estar envolvido o filho de Bonham, que já tocou no lugar do pai num evento o ano passado celebrando o "regresso" esporádico da banda. Lida a notícia sabemos que Plant estará de fora deste novo projecto. Tudo lido, ficamos com a sensação que nem há notícia. Muito menos que justifique a chamada da primeira página. E, obviamente, estragada com o erro clamoroso no destaque.
Afinal o frio que anda por aí não está a sentir-se em Lisboa. Meus amigos, em três dias normalíssimos em Paris, o mês passado, estava muito, mas muito mais frio que aqui, agora, pela capital. Ainda bem. Porque se fôr para enregelar o fundo das calças, então que seja com um manto branco a cobrir as ruas.

5.1.09

O Priorado do Cifrão

Inicio aqui uma nova categoria de posts. Falar sobre livros.
À medida que os for acabando de ler deixarei aqui uma breve referência. Nada de crítica, sinopse ou sequer comentário. Apenas a sua identificação e uma referência com uma classificação meramente subjectiva, à luz da minha disposição na altura em que li tal livro. Apenas direi: "desisti"; "não gostei"; "gostei"; "gostei muito"; ou "para ler, reler e guardar religiosamente".
Começo com este "O Priorado do Cifrão", de João Aguiar, um dos meus autores portugueses favoritos, porque, com muita modéstia, acho que escrevo de uma forma parecida com a sua. As suas histórias são sempre pertinentes e têm sempre uma segunda leitura.
"Gostei".

1.1.09

2009

Feliz Ano Novo!

Que 2009 seja um ano melhor que todos aqueles que para trás ficaram, apesar dos maus augúrios do costume, sejam de crise, guerra, doença ou catástrofe Que todas essas previsões sejam tão fiáveis como as do saudoso Zandinga.