30.9.09

For Humans Only (Non-Humans Banned)

Distrito 9 é um daqueles filmes que demonstram que o espírito da ficção científica ainda está vivo.
Ao invés de rumar nas águas da fantasia, propõe uma situação de ficção científica (o acolher de um milhão de alienígenas que "encalham" na terra e de cá não conseguem sair) para explorar a natureza humana e, em jeito de alegoria, demonstrar aquilo que hoje somos.
Enquanto Hollywood aproveita e explora os efeitos especiais como sendo o essencial do filme, contentando-se com histórias mal amanhadas, à medida de brinquedos ou BDs, criadas apenas para expôr a nova tecnologia CGI, este filme rodado na África do Sul exibe a natureza humana do seu melhor ao seu pior.
Não nos enganemos: à semelhança de muita da ficção científica, nomeadamente ali dos anos 50/60 do século passado, a história não é brilhante nem surpreendente. É simples nas suas raízes e esta imagem, em Joanesburgo, lembra memórias recentes e explica logo por onde navega este barco.


Não é de estranhar que Peter "Senhor dos Aneis" Jackson seja o principal produtor da obra, realizada por um seu coloborador. E em jeito de documentário lá vamos percebendo o que acontece quando, em plena segregação dos ETs (porque será que o tradutor insistiu em legendar a sua designação como "gafanhotos" se o original inglês dizia "prawns", ou seja, camarões?) um humano é infectado com uma substância que o vai transformar em alienígena.
Apesar de ter gostado muito do filme, pelas suas características, não consigo dar-lhe uma nota mais além que um sólido três. Suficientemente sólido para que os amantes da ficção-científica o achem imperdível.

28.9.09

Cedências

Infelizmente temos que continuar a aturar o boneco animado que é Socrates como primeiro-ministro. Felizmente, terá que perder aquele seu jeito do "quero, mando e posso", do "só nós é que sabemos, porque tivemos maioria absoluta".
Os partidos mais pequenos cresceram. Temos o parlamento dividido entre cinco forças políticas, não sendo nenhuma delas marginal, residual, e permitindo desenvolver acordos pontuais à esquerda e à direita, temperando a governação.
O que é que disto poderá resultar?
Num mundo perfeito, uma governação equilibrada, discutida, vocacionada para resolver os problemas do país com base em consensos. Consensos, ou seja, cedências de parte a parte para alcançar uma plataforma comum de trabalho.
Em Portugal, acredito piamente que irá proporcionar um clima de guerrilha política, de partidos pequenos, minoritários a querer impôr sem cedências as suas visões, minoritárias, e com o PS a querer governar sem mudar em nada as suas ideias e projectos, queixando-se da ingovernabilidade. Daqui a 6 meses começarão os desentendimentos entre as comadres. Aposto que este Governo não durará a legislatura.

27.9.09

Cruzes, Credo!

Teno a sensação de que, onde quer que ponha a cruzinha, vou acabar lixado.
Agora que o Benfica voltou a jogar futebol a sério, já era tempo dos partidos políticos passarem a fazer política e, quando para isso eleitos, a governar como deve de ser.
Ideologias e opções estratégicas à parte, contentava-me que fossem sérios, coerentes e merecedores de respeito.
Cada vez mais tenho dificuldade de recordar políticos assim.
E só há pouquinho decidi a quem vou dar a minha cruz.

20.9.09

VENDO Canon EOS 40D - EFs 17-85 1:4-5.6 IS USM

Pois é, está para venda.
Recebi-a faz dois anos e estou agora a vendê-la.
Naturalmente, não tem problema algum. Fez 6700 disparos (e seguramente irá fazendo mais alguns enquanto não for vendida). Se conseguir vendê-la darei o salto para a nova 7D, à venda a partir de Outubro.
O preço? € 850,00.
Quem estiver interessado pode deixar o contacto num comentário. Prometo apagá-lo logo que o ler para não ficar por aqui exposto. Se conhecerem alguém que possa estar interessado passem a mensagem.
Se alguém estiver interessado apenas no corpo e não na objectiva, diga-o.

16.9.09

Desânimo

Com a idade há quem perca a paciência, a capacidade de improvisar, de reagir perante adversidades, mesmo que pequenas. Coisas que há vinte anos eram encaradas como apenas mais uma pedra no caminho que rapidamente se menorizava, afastava ou contornava, são agora autênticos dramas que se sobrepõem a todo o demais.
Nem a perspectiva de um resultado que é sistematicamente reclamado há anos chega para motivar a resistência à frustração.
Rapidamente o desânimo se contamina e retira o prazer àquilo que julgavamos ser uma genuína boa acção.
E então perguntamos: "porque é que me meti nisto?".

13.9.09

Abriu a guerra

Oficialmente a campanha eleitoral começou. Depois de todos os debates televisivos. Este ano pareceu-me que tais debates foram úteis, bem estruturados, capazes de evidenciar ideias e protagonistas. Mais de um milhão de portugueses viram cada um desses debates, a acreditar no que li no jornal.
Eu, por acaso, e apesar do que agora escrevo, não vi nenhum. Só os comentários posteriores e alguns apontamentos em serviços noticiosos.
Ainda não sei em quem vou votar. Mas já sei em quem não voto.

Lentidão


Um homem habituado a andar de bicicleta, a ser independente, tem um acidente e toda a sua vida muda. Já não é novo, está só e quem lhe acode, por dever de profissão ou pura intromissão fá-lo repensar a vida, olhar para o passado e recriar o futuro.
"O Homem Lento" lê-se depressa e faz-nos pensar. Pensar que nada deve ser dado como garantido. E que devemos esforçar-nos para dar sentido à vida.
Este livro é uma pequena guloseima.

3.9.09

Recomendação literária

Esperei pelo regresso de férias para comprar este livro. Apesar do seu robusto tamanho não durou mais de três dias. Lê-se de um fôlego este policial sueco que foge àquilo que habitualmente encontramos no género.
O autor, Stieg Larsson, um dia entregou os manuscritos dos três livros publicados com o seu nome. Foram, e são, um sucesso. Infelizmente, morreu entretanto, e não haverá continuação para a saga.
Numa altura em que por toda a Europa se vêem os seus livros lançados e publicitados, também por cá me despertou a atenção (especialmente depois de ler uma crítica no Y). Ainda assim, temi que fosse outro "dan brown", sobrevalorizado. Mas não. A sua escrita escorreita e pouco fantasiosa, cria uma complexa história que se desenrola sem sobressaltos, piruetas ou vazios, deixando-nos presos a adivinhar o fim, mas sempre com os pés assentes na terra. Nenhum dos personagens é um "super-herói" à americana, pronto para ser interpretado pelas vedetas do cinema, daqueles que por mais que levem nunca caem. Não. Aqui os personagens são bem construídos e muito verosímeis.
Passando-se a acção na Suécia, entre suecos, não resisto a transcrever uma frase, apenas para salientar quão diferente é a vida naquelas paragens:
"Então, o tempo mudou e a temperatura subiu gradualmente até uns amenos dez graus negativos."
Amenos. Pois...