27.3.11

Adeus, Knut!

Estive em Berlim quando a discussão sobre o urso Knut estava ao rubro. Havia quem defendesse que deveria deixar-se morrer a cria de urso polar rejeitada pela mãe.
Doía-me ouvir defender tamanha hipocrisia, sustentada no argumento que o urso polar é um animal selvagem e não se justificava salvar o pobre urso rejeitado.
E quem via as fotografias, como poderia arengar pela morte do bicho?

O tratador foi peça fundamental para que Knut não só sobrevivesse, como se viesse a tornar num ícone para a defesa das espécies ameaçadas pelas alterações climatéricas. Infelizmente, o tratador morreu aos 44 anos, ainda Knut não tinha 2 anos de idade.
É triste.
Knut será sempre aquele ursinho branco, pequeno, que desde que nasceu teve de lutar pela vida, muito para além daquilo que via e sentia. O ursinho que foi debatido por ministros, advogados e juízes que acabaram por o deixar viver. Durante 4 anos aproveitou a vida.
Adeus, Knut!

Uma zebra é branca com riscas preta, ou preta com riscas brancas?

O último filme de Jean-Perre Jeunet (Delicatessen; Amélie; La Cité des Enfants Perdus; Alien 4) é uma incrível experiência de imaginação e gozo visual, seja pela criatividade nos cenários, no delírio da história, na pantomina da acção, ou nas referências e auto-referências à vista dos mais atentos.
Pena é que esteja em exibição apenas numa sala de Lisboa (Monumental 3). Também já roda no ZON vídeo clube, no pacote do Fantasporto.
A não perder!

16.3.11

Dúvida explosiva


28 de Março de 1979, E.U.A. - Central nuclear de Three Mile Island sofre uma fusão parcial com libertação de radioactividade para a atmosfera, assim como para o rio. Foram evacuadas 140.000 pessoas. O evento deveu-se a falhas do equipamento devido o mau estado de conservação e a erro operacional. Cortes de custos prejudicaram a manutenção e troca de material. Técnicos mal preparados tomaram decisões erradas.

26 de Abril de 1986 – Chernobyl, União Soviética. Um reactor da central nuclear de Chernobyl explodiu, entrou em fusão descontrolada e libertou uma imensa nuvem radioativa contaminando 5 milhões de hectares. O evento ocorreu durante o teste de um mecanismo de segurança que garantiria a produção de energia em caso de acidentes. A instabilidade do reactor foi provocada por uma combinação de erros humanos na sua operação, tanto mais que a sua construção estava ainda incompleta. Em Chernobyl foi libertada 400 vezes mais radiação do que aquando da detonação da bomba atómica de Hiroshima.


11 de Março de 2011 - Fukushima, Japão. Na sequência de um terremoto com a intensidade 9,0 na escala aberta de Richter, e de um violento tsunami, os sistemas eléctricos da central desligam-se, falhando as bombas do sistema de refrigeração. Após várias explosões, as autoridades confirmam que, pelo menos, um dos reactores entrou em fusão descontrolada e ocorreu a quebra do contentor de segurança. Quatro dos seis reactores enfrentam problemas graves. Há libertação de radioactividade em quantidade ainda por determinar. O cenário é preocupante.

Sempre que as coisas correm mal numa central nuclear, vemos os Homens a reagir de forma praticamente impotente, dominados por um fenómeno que não conseguem controlar. Se em 1979 a "culpa" foi do facilitismo derivado dos cortes orçamentais; se em 1986 a "culpa" foi da teimosa arrogância soviética, da falta de qualidade do material e do inevitável erro humano; em 2011 estamos perante um caso no qual se julga estar numa central nuclar exemplar, seja pelo rigor nipónico, seja pela ideia (que pode ser falsa) de que no Japão está tudo bem pensado e preparado.

São exemplos destes que fazem pensar se a opção nuclear compensa quando ponderada a vertente risco vs. proveito.





14.3.11

Evolução


Jisei Kenjutsu

8.3.11

Gary Moore

Apenas ontem soube que no dia 06 de Fevereiro deste ano Gary Moore, 58 anos, faleceu.
A primeira vez que ouvi falar dele foi quando veio a Portugal, nos anos oitenta, em digressão pelo disco "Wild Frontier" e o cartaz com a sua fotografia estava por todo o lado. Um colega de escola era já conhecedor e deu-me a ouvir algumas coisas de Gary Moore.
Pouco tempo depois os seus discos perdiam a sonoridade mais pesada do início de carreira para um reencontro com os blues. Os novos álbuns, cheios de virtuosas guitarradas, eram literalmente música para os meus ouvidos.
É com pena que sei que nos deixou. Estava a envelhecer muito bem, musicalmente falando.
O guitarrista deixa saudades.

:-(

O último filme de Woody Allen, "You will meet a tall dark stranger", foi uma desilusão.
O realizador já fez este filme mais do que uma vez, e fê-lo sempre melhor. Desta feita não trouxe nada de novo a um história já batida. Aliás, já batida por si noutros títulos geniais.
Este ano Woody Allen deixou-se levar em piloto automático e os seus personagens não têm a densidade, a profundidade que nos habituámos a encontrar nos seus filmes. São rasos, e nenhuma das interpretações de actores tão consagrados como os deste elenco consegue densificá-los nas habituais crises existenciais.
Desde que me recordo, este ficará como o pior filme de Woody Allen.
Em Janeiro haverá mais, esperemos que de melhor calibre.

7.3.11

Indomável

"True Grit" não mereceu o reconhecimento da Academia que não foi capaz de lhe dar um único Óscar. Jeff Bridges recebeu um o ano passado por uma prestação bem menos conseguida. Hailee Steinfeld estreia-se com uma prestação incrível mas, lá está, depois de entregarem Óscares a crianças passara a ter mais cuidado nesta coisa de premiar estreias.
O certo é que esta "coboiada" vai muito para além do espírito western, pois a densidade dos personagens extremamente bem interpretados dá-lhe a consistência habitual dos filmes dos irmãos Coen. As suas marcas de ironia, de humor negro, estão lá, por entre um diálogo soberbamente escrito e melhor representado.
Sem dúvida, para mim, um dos melhores filmes do ano!

1.3.11

Nem sempre



Não morreu nova nem ficou badalada na iconografia mítica, como Marilyn Monroe.
Mas vê-las, lado a lado, no inesquecível “Os Homens Preferem as Louras” foi, e é, uma experiência gratificante. Jane Russell era, sem margem para hesitações, uma mulher mais bonita, mais vistosa que a melhor promovida parceira de cena.
Morreu esta madrugada, aos 89 anos, devido a problemas respiratórios. Fica na memória a recordação dos seus filmes das décadas de 40/50.
E é um exemplo perfeito da falsidade da afirmação que titulava aquele filme.