27.5.11

A pedido de várias famílias

Digam lá se estes tons menos sombrios são mais agradáveis. Aceito sugestões.

Let England Shake


Ontem, P.J. Harvey exibiu-se na Aula Magna. Irrepreensível na prestação, apenas pecou por estar pouco tempo em palco. Distante, pouco faladora, mas disso já estávamos à espera. O último disco foi tocado de fio a pavio, com alguns, poucos, temas antigos.

A Aula Magna está igual a si própria, acumulando pó e aquele cheiro que faz lembrar os autocarros antigos que nos levavam nas visitas de estudo do secundário.

Guardo na memória a voz, ao vivo, de uma fantástica artista.

23.5.11

CCBeat

Entre quinta e sábado fui por três vezes ao CCB para assistir ao conjunto de concertos apelidado de CCBeat. E foi uma experiência muito boa, com um cartaz quase 100% perfeito.



Começámos com L.U.M.E., acrónimo de Lisbon Underground Music Ensemble, que numa fantástica abordagem ao jazz encanta com a qualidade dos intérpretes e o entrosamento alegre com que actuam.



Seguiram-se os Dead Combo. Vi-os agora pela primeira vez em palco e não fiquei desiludido. Pelo Contrário. Intensos, vigorosos, virtuosos e criativos fizeram-me pedir por mais e mais. São incríveis, e continuam a sê-lo ao fim de tantos anos. No segundo dia conheci Kaki King. Vê-la tocar e ouvir os sons que consegue fazer, em simultâneo, a partir de uma guitarra é uma experiência sem igual. Agora procuro os discos, porque tenho que a ouvir, mais e mais vezes, imaginando as imagens da sua prestação.
A segunda parte foi um monumental erro de casting, apesar de ser o concerto que mais gente chamou ao Grande Auditório do CCB. Áurea, que na rádio passa duas músicas que soam muito bem, é um hamburguer plastificado, sem qualquer chama. A banda é um conjunto de "contratados", não se sentindo a mínima empatia em palco. Tudo parece coreografado (apesar de mal interpretado) para parecer grandioso. Mas a música não liga, a imagem assusta, as falhas de afinação arrepiam, e mesmo os sorrisos, os saltos, os gritinhos da cantora são tudo menos espontâneos.
Ao fim de quatro músicas estava de saída. O ruído estava a estragar a experiência prévia da guitarrista virtuosa.





Sábado foi uma noite a abrir. Plateia cheia de "miúdos" - falo de universitários, o que já mostra como estou a ficar velho :o) - que às primeiras notas levantaram os rabos das cadeiras obrigando quem queria ver os concertos a ficar de pé. Saudável prática numa sala formal como o Grande Auditório que, assim, se transformou em vibrante alegria.


Os Diabo na Cruz mostraram a sua energia vinda da rodagem das festas académicas e do circuito nacional de concertos locais. O seu estilo "heavy vira" está encorpado por rigor técnico e criatividade musical, num registo de espontaneidade em palco e alegre empatia entre os artistas. É praticamente impossível ficar quieto a ouvi-los, tal a energia que nos transmitem.
Foi com chave de ouro que o festival terminou. Linda Martini são esmagadores, estão em palco perfeitamente à vontade, entregando um desempenho a 110%. Do lado de cá, pulamos, abanamos, e entregamo-nos ao headbanging enquanto as guitarras são puxadas ao extremo por um baixo vibrante uma bateria incansável. Mesmo no fim, um apelo da banda levou para o palco muitos e muitos dos que assistiam, permitindo assim fechar as hostilidades com uma pacífica invasão de palco que deixou muita gente contar uma nova história nas conversas dos dias seguintes.



Espero, sinceramente, que voltem a repetir-se iniciativas semelhantes. Muito bom!