19.3.15

O filme abriu-me a curiosidade para ler esta autobiografia. E não foi por achar o filme assim tão bom, mas antes por pressentir que as coisas não estavam bem contadas. Especialmente depois de pesquisar na net sobre Chris Kyle e as circunstâncias da sua morte, algo que o filme deixou por explicar até porque era um caso aberto nos Tribunais americanos, e encontrar algumas discrepâncias.
Ora, lendo o livro, nele encontramos um militar desassombrado, com uma postura de dedicação à guerra para a qual foi treinado como elite das tropas americanas. E não encontramos as cenas chave de suspense do filme que, afinal, para este foram criadas. 
Em termos de literatura, o livro nada ensina. Para perceber a mentalidade do soldado americano enviado para o Médio-Oriente já é um retrato precioso. Não obstante o autor não ser um exemplo típico, já que a sua preparação e a especialidade da força que integrava estar muito para além daquilo que o comum militar, ou mesmo os marines ou os da 101.ª aerotransportada representam, é ainda um bom retrato de uma guerra recente. Uma guerra que nasceu da teimosia de um Presidente após um ataque sem precedentes (Bush e o 11 de Setembro) e que deu azo a alterações significativas na geo-política que ainda hoje se fazem sentir, pelas piores razões.
Não obstante a simplicidade da obra, gostei mais de a ler do que ver o filme. Este corre o risco de tornar Chris Kyle num mito que não traduz a verdade. As razões pelas quais será lembrado, em particular nos meios militares americanos, deverão ser as que objectivamente aconteceram, e aqui são descritas, e não aquelas que a ficção cinematográfica fez chegar a milhões, e continuará a fazer sempre que for exibida tal fita.