21.2.19

Já não estás ali

A qualquer momento, por qualquer coisa que desperta uma série de pensamentos, ligações, associações de ideias, dou pela tua falta.
Ao fim de 47 anos, já não estás ali.
O vazio.
O vazio que não pode ser preenchido.
Engulo em seco. Paro. Perco-me. 
Até que me reencontro e continuo.
Tenho que continuar.
A percepção do milagre cósmico de uma vida deveria bastar. De uma vida de oitenta anos, ainda mais.
Mas o brilho desse milagre não é suficiente para obliterar este vazio. E, a qualquer momento, por qualquer coisa que desperta uma série de pensamentos, ligações, associações de ideias, dou pela tua falta.
Já não estás aqui.