31.12.12

2013

Desejo a todos um ano mais produtivo.
Em termos de blogs falando, claro!

25.12.12

Natal 2012

Este ano esqueci-me de fazer a habitual carta ao Pai Natal. Talvez porque estivesse à espera do fim do mundo que, afinal, foi um embuste...
Mesmo assim ele lembrou-se de mim e trouxe-me várias coisinhas boas.
Também, em tempos de crise, era difícil pedir mais. 
Para o ano voltarei a ser um pouquito ambicioso.
Por ora, desejo-vos a todos um Feliz Natal.

24.12.12

Evereste, de perto

O Evereste, em alta definição, para explorar com tempo.

20.12.12

Frio?, eu não tenho frio!*

Vilnius, Lituânia - Dezembro,2012


* E não usei uma termotebe.

16.12.12

Pensamentos de um gigante no gelo


Vilnius.
Lituânia.
São 01h34m (hora local) e  lá fora estão -8º e um vento que corta. 
A neve tudo cobre e o taxista adivinhou a estrada que nos trouxe do aeroporto para o hotel.
Até ao nascer do sol adivinha-se a queda do termómetro e mais neve. 
O tempo adequado para o Urso Polar?

23.11.12

Cinzento...

O dia está cinzento, e anunciam-se nuvens tempestuosas vindas do Leste da minha preocupação.
Contrapõem-se raios de sol da realidade vivida entre amigos. Comida, bebida, exercício, programas alternativos compensam os temores daquelas chatices que não era suposto aparecerem.
Por ora, aposto na bonança. 
Segunda-feira, se calhar, é dia de tempestade.

15.11.12

Pois é... será assim tão difícil de perceber isto?

 
Há coisas do arco-da-velha. Uma delas é acreditar que um polícia, depois de hora e meia a levar pedradas, tem discernimento para, durante uma carga, saber quem prevaricou e não prevaricou.
Vamos a factos. Vários energúmenos (que nada tinham a ver com o espírito da manifestação, e já depois de esta ter acabado) começaram a apedrejar polícias em frente ao Parlamento. Vários manifestantes (entre os quais Daniel Oliveira, segundo o próprio relata na sua crónica) pediram insistentemente para não o fazerem, no que não tiveram sucesso e abandonaram o local. Um dirigente do PCP, que se encontrava a dar uma entrevista a uma televisão, condenou o sucedido e disse que ia retirar-se imediatamente daquele sítio, o que fez. Mais de uma hora depois, as pedradas continuavam. Alguns populares (ligados, presumo, à manifestação da CGTP) colocaram-se em frente da polícia tentando demover os delinquentes. De nada serviu, a chuva de pedras continuou. A polícia fez um aviso: retirem-se da praça que vamos carregar. Dois minutos depois repetiu o aviso. Cinco minutos depois, carregou. Quem ainda estava na praça sabia o que ia acontecer.
Bateram em pessoas que jamais tinham atirado uma pedra? É possível. O que não é possível é ser de outra maneira; o que não é possível é durante uma carga, um polícia que esteve sob uma tensão enorme durante horas, indagar e interrogar-se sobre a justeza da sua ação. Isso é lírico.
A polícia cumpriu todas as normas. Mas porque não foi ao meio da manifestação buscar os apedrejadores? Bem, porque era arriscado. E porque as cargas têm de ter aviso, pelo menos nos países democráticos e civilizados.
E, já agora, uma nota final para os ignorantes que comparam estas cargas às que existiam antes do 25 de Abril. Estive em várias e era assim. Um estudante (lembro-me de José Luís Saldanha Sanches, por exemplo) saltava para a escadaria da Faculdade de Direito e discursava contra a guerra colonial. De repente, de trás da reitoria, saía a polícia de choque do célebre capitão Maltez. Às vezes traziam cavalos, mas a maioria das vezes cães. Batiam em quem podiam, sem que nada fosse arremessado contra eles. Sem avisos, sem jornalistas que pudessem presenciar. Acham que há comparação? Não brinquem com coisas sérias!»
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
Facebook:Henrique Monteiro http://www.facebook.com/hmonteir     




 

Uma boa imagem... ou três

A artista chama-se Pawla Kuczynskiego. É polaca tem ilustrações estupendas, brutais, irónicas, incisivas.
Deixo três exemplos...


Voltarei em breve com mais uns exemplos.

11.11.12

Pois...

Porque será que os alemães não querem divulgar este vídeo?

29.10.12

Ornatos de todas as cores

(foto de José Sena Goulão/LUSA - porque as minhas, de iPhone e à distância, não se aproveitam)


Felizmente arranjei bilhetes para o concerto dos Ornatos Violeta de sábado. Tive o prazer de ver um espectáculo completo de uma banda mítica que na curta duração de dois álbuns nos mostrou como se pode fazer excelente música em português. Música que, passados estes anos todos, ainda está nos lábios daquela enorme gente que encheu o Coliseu. Cheio. Mesmo muito cheio.
No momento final em que Manuel Cruz chamou ao palco umas dezenas de espectadores, foi evidente que os miúdos escolhidos nem sequer andariam na escola quando a banda acabou. Nem  mesmo seriam nascidos quando os discos saíram... E ainda assim estavam ali, vibrantes ao som da banda.
Durante mais de duas horas e meia o quinteto revisitou todos os seus temas. Editados ou não. Era este o terceiro concerto consecutivo em Lisboa e a  entrega de Manuel Cruz revelou-se logo nos primeiros temas, desde logo evidente na sua voz já cansada. Nem por isso deu menos àqueles milhares de espectadores. Entregou-se de corpo e alma sem reserva, assim como o fizeram os restantes membros da banda. Deram tudo o que tinham e mais ainda. Puseram todos a cantar em uníssono. Provocaram contínuos pedidos por mais música, mais Ornatos, mais. Ninguém queria que se fossem embora, já sabendo que desta será de vez. Que não haverá mais. Que agora os Ornatos chegam ao seu fim, um fim como deve ser, sem dramas nem surpresas.
Um fim que, em palco, se revelou com "a moedinha n.º 1 do Tio Patinhas".
Foram grandes. Continuarão a ser grandes. E "Cão!" e "O Monstro Precisa de Amigos", dois dos meus álbuns favoritos.
Obrigado.

007 - Back to Basics

Chegou esta sexta-feira o último filme de 007, "Skyfall". Só posso dizer que o filme é fantástico, dentro do universo "James Bond".
Está muito bem escrito, melhor realizado e tem interpretações de muito bom nível, com personagens mais densos do que estamos habituados para a saga.
O vilão, Javier Bardem, é espelho de poderosos criatividade e desempenho, e as suas intenções são mundanas e longe da megalomania de outrora.
Daniel Craig é, para mim, o melhor Bond de sempre.
E o filme regressa ao básico, esquece os "gadgets" infernais (apesar de não resistir a pôr umas luzinhas numa pistola para um desfecho irrelevante), esconde a publicidade que nos tempos de Brosnan era gritante, e desperta-nos a memória com estímulos do passado, ligando o actual 007 ao seu passado.
Encontraremos sempre um lado mais infantil, uma ponta menos bem arrematada, ou uma cena que se dispensava por tão inútil e despropositada. Mas, meus amigos, isso faz parte do pacote que traz o agente secreto mais famoso de sempre.
Porém, ao contrário dos tempos passados, este é um filme que, ao chegar ao fim, nos deixa na boca o gostinho da antecipação dizendo "quero ver o próximo; quando sai?".
Não percam este. Fiquem à espera do que vier a seguir.

20.10.12

Passado, presente, futuro, ou como poderíamos perder tempo a fazer esquemas com futuros e presentes alternativos

Um dos melhores filmes sobre viagens no tempo.
Coerente, inteligente, com bastante acção. Não só por ter Bruce Willis, faz lembrar "12 Macacos". Também pela forma inteligente como não se dispersa na criação do futuro, dos cenários, do acessório, e se concentra na história. O elenco está impecável, destacando-se o trabalho de caracterização a Joseph Gordon-Levitt, um "Willis" mais novo incrível.
Não percam. Isto é cinema de acção, ficção científica, entretenimento, que não toma o espectador por estúpido, antes apela à sua sabedoria e compreensão.
Muito bom.

17.10.12

Alegoria em Roma, com alegria

Woody Allen tem várias histórias para contar. Cada história representa uma alegoria, e tem uma mensagem. Para a recolhermos temos que viver com os personagens cenas embaraçosas, divertidas, irreais, imaginativas...
Com elas riremos como Woody sempre soube fazer, criando situações hilariantes, mas sempre comedidas.
É inútil procura a ligação entre as histórias durante o filme. Correm mesmo a ritmos temporais distintos. Mas no fim, tudo faz sentido, e vamos para casa satisfeitos por Woody Allen continuar a fazer um filme por ano. É reconfortante.
Vão ver.

13.10.12

Bicla

Se virem um Urso Polar em cima de uma destas... não fiquem espantados.
É o novo brinquedo cá de casa. Mais um exemplo de adaptação urbana.

10.10.12

Encontros imediatos de terceiro grau?

Não.
Museu da Art Deco em Salamanca. Infelizmente ficou por visitar.

3.10.12

E ao Lado Mora Outro Pecado


Pois, ali perto, já há umas semanas que abriu outra tentação.
Não há dieta que resista!

O Pecado Mora ao Lado

Pertinho de casa abriu mais uma tentação.
Os chocolates da Arcádia estão agora à mão de semear.
Ahh!, desgraçados, que tudo fazem para me desviar do caminho da rectidão!

1.10.12

Sete anos em Lisboa

A propósito de conversas que nos últimos tempos tenho tido com algumas pessoas sobre "viver no campo", recomendo que se oiça um pouco a rádio.
Estamos a 01 de Outubro. Há dinheiro para encher o depósito. As aulas começaram em força. Já quase ninguém está de férias.
Por acaso faz sol, nem uma gota de chuva entropece o tráfego automóvel.
Pois todos os acessos a Lisboa, como todos os acessos ao Porto, apresentam diferentes níveis de engarrafamento.
Pensem agora nas vantagens de viver fora da cidade. Falem-me agora dos passarinhos, da calma, da vossa casa ser maior que a minha e ter custado o mesmo, de terem garagem, arrecadação, relvado e, quem sabe, piscina. Do ar ser mais fresco...
Há quanto tempo estão a tentar entrar em Lisboa? Quantas vezes já vociferaram?, cerraram os dentes?, abanaram a cabeça?, olharam para o relógio?, sopraram arreliados?
Eu demorei quinze minutos de casa ao trabalho. Apanhei um autocarro, mudei para o metro, entrei numa pastelaria e sentei-me ao computador vinte minutos depois de fechar a porta de casa.
Ao fim do dia, nas traseiras do meu prédio, vejo e oiço os pássaros nas árvores. O sol põe-se e, de janela aberta, consumo o anoitecer sem o ruído da cidade que se perde nas artérias principais. Ao fim de semana, Lisboa é mesmo muito sossegada. Tenho à minha volta mais coisas para ver, fazer, experimentar, do que alguma vez terei tempo para frequentar. Comprem a Time Out e vejam. Vejam lá o que poderiam fazer se não passassem pelo menos duas horas no trânsito, todos os dias. Vejam lá o que poderiam fazer se não gastassem todo esse dinheiro em combustível e portagens.
Em dias como este, quando oiço no rádio a descrição das filas e do tempo perdido para entrar na cidade, recordo-me da minha vida 2004/2005, antes de vir viver para Lisboa (faz hoje, precisamente, sete anos). Recordo-me de acordar acelerado para chegar à A5 antes das 07H10, para chegar a Lisboa em 25 minutos e não em mais de uma hora. Recordo-me das manobras doidas que todos os dias via na auto-estrada feitas por condutores cansados, distraídos, mal-educados, atrasados... Recordo-me de chegar a casa agastado pelos quilómetros, quantas vezes a passo de caracol.
Sete anos em Lisboa (e não no Tibete) são sete anos de qualidade de vida.
Em Lisboa, no centro de tudo, ao alcance de tudo.

27.9.12

Já Cansa...

... ouvir a palavra

Excepção*


*(naturalmente, aqui sem a treta da nova grafia que andam a tentar impingir)

19.9.12

Trânsito, rotunda e cépticos

Não me ouviram dizer mal das alterações à Rotunda do Marquês de Pombal. Algum cepticismo, sim, quando não percebia como iam pôr duas rotundas naquele espaço. Quando percebi que se tratava da abertura do anel exterior, logo compreendi os ganhos na circulação, a redução dos cruzamentos entre viaturas, a maior previsibilidade do trânsito. E fiquei à espera.
Como estarão agora os arautos da desgraça, ACP à cabeça, quando se diariamente se vê um trânsito mais racional, mais fluido, diferente?
Há que assumir o objectivo de redução de automóveis na cidade, em particular na Baixa. E por isso a Avenida tem menos espaço para circular. O que faz sentido: agora a Avenida tem a mesma largura que as ruas que, a partir do Rossio, têm que escoar o trânsito que vem de cima. Não há afunilamento lá em baixo. Pelo menos, ontem, ao contrário de outros dias, não havia nenhum constrangimento e, rapidamente se chegava ao Campo das Cebolas partindo do Marquês.
Eu continuo a acreditar que esta solução, com as necessárias correcções que a experiência venha a ensinar, poderá ser gratificante para o trânsito lisboeta. Apenas será preciso calma para os primeiros dias, e paciência para interiorizar o funcionamento do trânsito. Ler o folheto ajuda. Olhar para a sinalização, também.
Espero agora por mais vida na avenida.


18.9.12

Pela primeira vez, republico a publicação de outro blogger


Reproduzo aqui o texto do Cão com Pulgas Pedro Aniceto.

"O jogo da Glória

Queria tanto ser perfeito naquilo que não quero descrever, Glória. Queria lembrar-me do seu sorriso mas tudo o que me pergunto é como é que ainda consegue sorrir. É que sabe, Glória? Eu levantei-me no passado Sábado para, com um grupo de amigos, participar num concurso de fotografia. Abri os olhos, levantei-me e fui até lá, pensava eu que de olhos bem abertos, ao encontro dos meus amigos que são realmente fotógrafos, sim que eu não sou fotógrafo, nem artista, nem nada que se possa comparar a um arremedo da arte. Em matéria fotográfica sou um cepo, Glória. Um cepo. Eu achava até, Glória, que me esforçava. É mentira. E cheguei à conclusão de que é mentira, por sua causa. Vi-a a sorrir e talvez tenha sido o primeiro a fotografá-la. Numa janela lá no alto, quatro arames de estendal a estragar-me a composição. É sempre assim, minha querida, é sempre assim, só vi os arames depois, muito depois, já era tarde, demasiado tarde. Por isso me socorro agora da fotografia, da sua fotografia, feita pelo meu amigo Hugo Pereira, ele sim deveras melhor do que eu nesta arte de deixar para amanhã as marcas do tempo de hoje e de todos os hoje que já faleceram, apanhou-lhe um sorriso que de quando em vez me parece um esgar de dor. E talvez seja. Na verdade, Glória, você estragou-me o dia. De tal maneira que hoje está quase finado o Domingo posterior ao Sábado que você me arruinou e continuo a pensar em si e em tudo o que significou este nosso encontro. Não pelos arames, (malditos!), não pelo vaso e a folhagem que nem ficam mal no conjunto; eu continuo em busca da imagem perfeita que nunca farei e você estará ali, a sorrir, sempre a sorrir, como se tivesse qualquer razão secreta para não deixar de o fazer.

Eu fotografei-a, Glória. Quero dizer, acho que o fiz, mais do que no cartão, ficou-me na alma outra impressão mais funda e toda a gente vai ficar a saber disso mesmo, acredite, farei por isso mais do que pela imagem que guardei de si nas estranhas da minha máquina fotográfica. Mesmo com os arames que eu não vi mas que quero acreditar que sempre lá estiveram, a folhagem que eu sempre achei que era bem mais curta ou a aduela da janela que não era suposto ter ficado à vista. Aos meus olhos nunca esteve. Mas foi sempre assim nas minhas fotografias.

Nesta altura todos nós, eu e os meus amigos que efectivamente parecem saber fotografar e que entendem como ninguém de arames, folhas, aduelas e sorrisos, estamos consigo, você convida-nos a ir fotografar algo que tem dentro de casa, e nós, eternos crentes, acreditamos como meninos que vai haver algo de maravilhoso para fotografar; havia céu, sol e uma tremenda curiosidade de calcorrear estradas que estão mesmo a dizer-nos "É melhor não...".

E é precisamente neste momento que se dá o erro, o equívoco em que haverá de se transformar este seu convite. Havia algo a querer dizer-me "Vai-te embora! Vai-te embora!", mas não, não fomos, eu baixei a máquina, estava desfeita a magia e quebrado o encanto do compromisso, dali para a frente, como diz a outra, só haveria dragões.

Vejo o
Vasco Casquilho a disparar. Diz-me a prática que quando um fotógrafo a sério dispara, é sinal de que um qualquer aprendiz de feiticeiro fotográfico se deve colocar por detrás dele, em linha de mira com os sonhos do instante que me habituei a não aproveitar. Sucedeu isso muitas vezes durante este meu Sábado, chegámos a falar sobre isso mesmo e das poucas vezes em que eu decidi ir a jogo, seguir-lhes os passos e o olhar, perdi sempre, qual pistoleiro destreinado ou de mão trémula. A vantagem da fotografia face ao duelo é que, felizmente, podemos perder muitas vezes e continuar a tentar. E não faz sangue, só dói nas almas.

Não o fiz, (haveria de tentar emendar a mão muito mais tarde no meu dia), o Vasco continuou a disparar e eu a prestar-lhes atenção a ambos, a Glória, a dizer-me "Venha fotografar a minha casa", como uma sereia a atrair incautos navegantes do nada imaginado. Entrei a porta, tremendo engano, não o deveria ter feito, soube isso meros segundos após ter devassado a penumbra. O Vasco continuou a disparar, pediu-me até que me desviasse, e eu desviei-me, e a primeira pergunta que me coloquei, foi "Mas como é que é possível?".

Eu fui lá cima, Glória. É curioso como se pode descer a um Inferno, subindo. Eu fui lá cima e vi como é que alguém como você consegue sorrir depois de me mostrar onde vive. E como vive. Nas condições a que pouparei o leitor, mas que como poderão dentro de meia dúzia de linhas poder imaginar, acarretam risco de vida permanente. Eu disse, risco de vida permanente. Acreditem em mim. Tive vergonha de sequer erguer a lente ou carregar em que botão fosse. Talvez não tenha sido apenas por vergonha mas sim medo de falhar algum movimento dos meus pés e estatelar-me no andar de baixo. Desci vergado à culpa. À culpa de ter subido, Glória. E você subiu à minha frente. Corrijo: Escalou a escada daquilo a um senhorio chama casa, à minha frente enquanto eu abria a boca de absurdo espanto. E quando cheguei cá baixo, sem uma palavra, o Vasco sussurrou-me "Queres uma (foto) vencedora?" e mostrou-me isto:



Não lhe perdoo, Glória, que sorria. Não lhe perdoo que me tenha assombrado o fim de semana. E não é apenas isso que lhe não perdoo. Estas imagens não irão disputar o concurso de fotografia e eu tenho pena. Pena e desconforto de não conseguir ser perfeito no meu silêncio, nas minhas omissões. Sem brilho mas com Glória.



Em virtude dos múltiplos contactos que tenho tido sobre a questão aqui levantada da casa da D.Glória, e na impossibilidade de responder individualmente a todos em tempo útil, elaborei esta lista de perguntas frequentes, que poderá dar resposta a alguns de vós. Obrigado pela solidariedade."
 
 
 
Vejam e ajudem a divulgar. É provável que, só isso, já consiga resultados.

17.9.12

Meio milhão

Meio milhão de pessoas. Meio milhão…
Quinhentas mil almas reunidas num único espaço, indignadas, ultrajadas, fartas do rumo tomado pelas suas vidas. Gritam palavras de ordem, insultos, aproveitam para desabafar as amarguras que diariamente as oprimem. Sentem-se incomodadas e encontram no calor da multidão conforto, quanto mais não seja por perceberem que não estão sós, que muito mais gente vê o futuro pintado de negro a partir deste presente cada vez mais escuro.
Por isso falam para o lado e recebem compreensão do vizinho desconhecido que, com empatia, sorri e aproveita a primeira pausa para, também ele, desfiar o rosário das suas dificuldades. Ao ouvir estórias piores que a sua, o indivíduo encontra uma irracional satisfação quando confirma que há quem seja mais desafortunado e que para si olhará com um laivo de inveja.
Volta e meia interrompem-se as trocas de experiências para entoar um cântico comum. Nesses momentos, a vibração das vozes em uníssono faz tremer os espíritos mais empedernidos. Há nós nas gargantas e lágrimas ao canto do olho. Há uma convicção de que, todos juntos, não poderão ser detidos. Serão imparáveis. Uma maré viva. Um tsunami.
Tremam!, dizem no seu íntimo. Tremam!, e vergam-se à vontade desta multidão.
Rapidamente passam as horas.
Rapidamente a multidão desmobiliza. Gente não habituada às lides de rua queixa-se de dores nos pés, nas pernas, queixa-se de fome, de sede… falam em ir para casa tratar da janta, deitar os miúdos, amanhã vou almoçar a casa dos pais, eu vou ao hiper fazer compras, eu já combinei uma ida à praia que o tempo ainda está bom, há que aproveitar.
Num ápice, o magnífico caudal que inundou a praça reflui pelos inúmeros canais de saída, escoando as pessoas por ribeiros enfraquecidos.
Num ápice meio milhão transforma-se em cinco mil.
Aqueles que se vão ostentam um sorriso de dever cumprido, como se tivessem mudado o mundo.
Mas nada mudou. Tudo ficou na mesma.
Sem liderança, sem alternativas, sem soluções, sem propostas reais e não demagógicas, a multidão limitou-se a partilhar a catarse. A lavar a alma. Nada mais.
Fizeram as notícias da TV. As manchetes do jornal. Falaram para a rádio.
Mas a demonstração da sua força revelou igualmente a sua fraqueza. Por enquanto ainda são, apenas, meio milhão de pessoas num único espaço. Por enquanto o indivíduo ainda não se anulou em prol do colectivo, com poder próprio e desmedido. Enquanto não tiverem liderança, ou enquanto o desespero não fizer com que cada um deixe de pensar em si, a presença do indivíduo na multidão não será bastante. Bastante para uma luta, uma revolução, uma guerra.
Se a qualquer um dos que ali se encontra for dada a oportunidade de viver uma rica vida rica, ele de imediato abandonaria o seu posto deixando à sua sorte o inseparável amigo manifestante.
E o poder sabe isso.
Sabe que tem que medir a dor, o sacrifício, pois estes serão tolerados enquanto ainda houver esperança.
Andar nesse ténue equilíbrio será a arte do político. Saber ler a tensão do elástico para ter a certeza de que, enquanto o estica, não lhe vai rebentar na cara.

4.9.12

Fringe

Em quinze dias de férias vi os 88 episódios das quatro séries de Fringe já emitidas. Anuncia-se a 5.ª série, como sendo a final.
Desde a nova Galáctica que não "entrava" tanto num universo de ficção científica. Gosto muito da série, e nem os tiques "Lost" dos criadores comuns a conseguiram estragar. Estou expectante pelo remate que aí virá, e não deixo de recomendar a todos um olhar sobre  esta série. Porém, aviso desde já, não adianta procurar um ou outro episódio, pois se assim fizerem, o mais certo é não perceberem tudo o que está em jogo. Há um fio condutor ao longo de toda a série, pelo que tem que ser vista sequencialmente.
Sim, eu sei, são oitenta e oito episódios de 40 minutos... Mas pensem positivamente. Eu vi-os em quinze dias!

3.9.12

Má herança

A crítica aumentou as expectativas. Ver o filme derrubou-as sem apelo nem agravo.
"O legado de Bourne" não é um bom filme. Aproveita o universo criado na triologia que lhe antecede mas não consegue manter a estrutura inteligente da intriga que aparecia a justificar a violência filmada de forma original.
Usando as palavras de quem me acompanhou no visionamento, "Em vez de nos contarem a história, dizem-nos a história". Não há nada para descobrir, há só informação que linearmente nos é dita, com cenas de acção repetitivas.
É, para mim, uma oportunidade perdida. E fica a milhas dos anteriores filmes doa quais vou gostando mais a cada vez que que os revejo.

Jack White

Na sexta-feira estive no Coliseu para ver e ouvir Jack White. Com músicas dos Whitestripes ao primeiro álbum a solo, Jack bombardeou-me com o nivel mais elevado de decibeis ao qual alguma vez fui sujeito. Duas horas de música muito bem interpretada mas capaz de fazer bater o coração de alguém morto há uma semana.
Vinte e quatro horas depois ainda tinha os ouvidos a zunir. Das duas uma: ou estou mesmo velho, ou foi mesmo um exagero. Não estou a ser parcial ao inclinar-me para a última opção. É que, tal volume, roçou o desconforto, prejudicando a memória que guardo do concerto.
Uma coisa é, contudo, segura: o tipo sabe tocar, sabe o que é rockar, sabe o que é compor e como tocar uma guitarra. E a banda que o acompanha é muito boa. Para mais fotos, podem ver aqui.

31.8.12

*suspiro*

Oficialmente, hoje é o meu último dia de férias. Saúdo o fim de semana que começa, adiando para dia 3 o regresso aos trabalhos forçados.
Hoje à noite, Jack White no Coliseu. Para ver se anima. 

15.8.12

Azul?

De volta às férias e este gajo não está azul?

14.8.12

The Bright Side of Life

Do encerramento dos Jogos Olímpicos guardo o desempenho de Eric Idle, num momento musical digno dos Monthy Python, com freiras, soldados, indianos, pauliteiros entre outros, para entoar esse hino que foi cantado por toda a gente naquele estádio. Quando a vida corre mal e nos sentimos esquecidos, nada como assobiar "Always Look on the Bright Side of Life".

13.8.12

Finalmente, praia

Ontem foi o meu primeiro dia de praia, este ano.
Excelente, com sol quente, mar agitado para as brincadeiras nas ondas, e sem que estivesse gelado.
Amigos, conversa, um livro...
Tirando o facto de ser, verdadeiramente, o Urso mais Polar das redondezas (apesar de estar constantemente a comparar-me, dizem-me que ainda estou mais branco que todos aqueles que indiquei), foi fantástico.
Pena é que hoje, esteja de volta à secretária...

7.8.12

De volta

Regressei ontem de Barcelona. Entre passeios, visitas e algumas compras, qual turista, frequentei mais um estágio com o Mestre Tokitsu.
Cresci. Descobri em mim capacidades que ainda julgava não ter.
Com efeito, sinto o tai-chi como a arte marcial que me prepara para a luta do dia-a-dia.
Agora, anseio rapidamente pelo dia 15. Aí acabará o turno que hoje começo. E voltarei a estar 100% de férias por mais duas semanas.

28.7.12

Cinema de muito boa onda

 Duas sugestões para as férias, mesmo antes do Batman que estreia para a semana.
"Ted" é Seth MacFarlane puro. Se gostam de "Family Guy", "American Dad" e "The Cleveland Show", então o filme é imperdível. Não tem nada de surpreendente no argumento mas, no entanto, tem todo o rigor, todo o humor, toda a corrosão que nos fazem passar um excelente tempo no escuro do cinema, dali saindo com um sorriso nos lábios e algumas cenas de antologia para doravante comentar e reproduzir em conversas bem animadas.
"Moonrise Kingdom" é Wes Anderson puro. E tem a pureza de um texto bem escrito, melhor interpretado e genialmente transposto para o filme, pelo excesso das cores, dos gestos, do ridículo, do inesperado, da fantasia, da magia do cinema.
Para mim, sem dúvida será uma nova adição aos filmes de culto, para ver, e rever, sempre com renovada satisfação.

26.7.12

Ou então


Por seu turno, no Nimas...

25.7.12

Segunda oportunidade

Quem quer ir ao cinema?

17.7.12

*suspiro*



A partir de hoje, o Urso Polar está de férias. Espera ter oportunidade de se deitar ao sol, sem nada para fazer.
E se estiver muito calor, irá procurar o gelo (que pode muito bem estar dentro de um copo, bem acompanhado com pepino e Hendricks).

16.7.12

Corruptela

"A Paz, o Pão,
Habituação, Saúde,
Educação..."

15.7.12

Sessenta mil

Em 10.10.2003, iniciei este blog, com uma mensagem que não sonhava que perdurasse tanto tempo depois.
Ali anunciei a minha vontade de:
Do breve comentário, à dissertação, passando pela piada, pela pergunta, pela ficção, de tudo um pouco disponibilizarei neste confessionário público, aberto a quem quiser perder tempo para o ler. Preparado para receber os comentários de quem quiser responder. 
Cheguei às 60.000 visitas.
Nada mau, para quem tem uma audiência restrita, num blog anónimo (só os mais chegados sabem quem é, na realidade, este Urso Polar).
Este marco de visitas pareceu-me merecedor de um comentário. Daqui a um ano e uns meses, estarei aqui a celebrar os dez anos deste púlpito para desabafos.
Até lá, "Esperem gelo e solidão. Pêlo e peixe cru. Força e patadas" (sic).

5.7.12

Propinas...

"- E onde estudas?
 - Na universidade da vida.
 - Então toma lá 500$00 para as propinas"
(A Comédia de Deus, João César Monteiro)



Andei eu, e milhares como eu, a estudar durante anos. A viver à custa dos nossos pais, que com esforço trabalharam para que os seus filhos estudassem e se licenciassem. A lutar pela não introdução das propinas, pois para muitos o esforço exigido à família punha em risco a continuação dos estudos. Outros, dormiram mal durante anos, para trabalhar de dia e estudar à noite, num esforço quantas vezes desumano.

Afinal, nada disso era preciso. Bem vistas as coisas, bastava ter escolhido uma das "boas" jotas e tirado o cartão. Trabalhado aqui e ali, assumido cargos aqui e ali, a maior parte das vezes ganhando mais do que aquilo que nós, os burros que tiveram que estudar para concluirem uma formação superior, ainda hoje não ganham apesar de sermos doutores e engenheiros, arquitectos... enfermeiros (pois,  € 4,00 por hora?, caramba, a minha empregada de limpeza cobrava € 6,00...).

Bem vistas as coisas, o programa "Novas Oportunidades" foi mais longe e "eles" é que a sabem toda. Do inglês técnico ao domingo, ao curso feito em quatro cadeiras, quatro exames, tudo valeu. Quanto terá custado o diploma? Qual o valor das propinas?

Os nossos pais, a maioria dos quais nunca pôde, sequer, almejar a uma educação superior, deveriam avançar em massa para as Universidades. Com a sua experiência profissional, de uma vida de labor e sacrifício, decerto têm os créditos suficientes para pedirem equivalências e fazerem o curso de um momento para o outro.

O "SBSR" começa hoje no Meco, ao que consta com muita relva para pisar. Pisem a relva, pisem, e reduzam-na a pó!

4.7.12

Pininfarina


O desenhador desta máquina, e de tantas outras, que alimentaram os sonhos de um adolescente ávido por belos automóveis, morreu.
Teve uma vida longa. Deixa uma respeitável herança, capaz de provocar um brilho nos olhos de muita gente sempre que o seu nome for pronunciado.

Tabacaria




30.6.12

18.6.12

Mantra

"O tempo será teu servo se souberes ser seu amo" 
(citação livre, de memória, do filme Faraway, So Close!, de Wim Wenders)

11.6.12

Adeus a Maria Keil



 A semana nasceu com a notícia da morte de Maria Keil, ícone das artes plásticas conhecida pelos seus azulejos, pelas suas pinturas, pelas ilustrações dos livros da nossa infância.
Para mim, muito mais do que isso. Antes de casar, a minha mãe trabalhou na casa da família da artista, o que levou a que, anos mais tarde, Maria Keil assumisse o papel de minha madrinha.

Infelizmente, o tempo levou a afastamento das famílias e são poucas as vezes que recordo ter estado na presença de Maria Keil, a última talvez há cerca de vinte e cinco anos. Ainda assim tenho bastante presente a sua voz inconfundível (ajuda ter escutado e visto tudo o que foi saindo em rádio e televisão sobre a artista e a sua obra), e a forma delicada e encantadora como se dirigia às crianças, eu incluído.

Deixo aqui a minha homenagem a Maria Keil. Com algumas imagens de ilustrações infantis e azulejos, como os que seguem, da estação de metro do Rossio (para melhor explorar aqui), de um pequeno par do qual tenho uma cópia em casa, ou ainda do painel da Infante Santo.
Muito mais há para mostrar, tão vasta é a sua obra. Experimentem "googlar" o seu nome e procurem os resultados de imagens. São surpreendentes.