27.3.07

A vida dos outros pode ser muito melhor que a nossa


Este filme ganhou o Óscar para melhor filme estrangeiro. Muita gente apontava que o prémio caísse para "O Labirito do Fauno", mas foi "A Vida dos Outros" que arrecadou a estatueta dourada. Fui vê-lo ontem. E encontrei outro dos grandes filmes do ano.
Neste filme não encontramos efeitos especiais, ou algo de fantástico. Aliás, o que se cola durante as 2 horas e 20 minutos de projecção é a realidade, a sensação de tudo aquilo que vemos pode ter acontecido. Que aquilo é verdadeiro.
A história passa-se na RDA, em 1984, quando um ministro quer uma actriz para sua amante e envolve a Stasi para atacar o marido daquela, escritor, dessa forma eliminando a concorrência. O director da Stasi, conivente para alimentar a sua ambição pessoal, entrega a missão a um dos seus melhores homens, indivíduo discreto, frio, metódico, eficiente.
Só que este, numa brilhante criação do actor Ulrich Muehe, questiona logo a legitimidade da acção por a ver determinada por propósitos egoístas e não para o bem da nação e do Povo. Este personagem, o Capitão Wiesler, é um bom agente da Stasi, mas fá-lo porque acredita nos propósitos ideológicos da sua missão. Propósitos esses abalados com a motivação para a perseguição ao escritor.
A acção evolui tal como evolui a consciência deste agente que se deixa envolver com os objectos da sua vigilância. E é à volta desta dinânimca que o filme corre, alimentando a nossa curiosidade, envolvendo-nos com as cumplicidades descobertas.
Florian Donnersmarck realiza de forma calma, discreta, mas incisiva mais um documento interessante da antiga RDA, para juntar a "Goodbye, Lenine", mostrando o poder do cinema bem realizado, escrito, interpretado.
Pena que já se fale num "remake" americano. Que mania a destes gajos de refazer o que já está bem feito. Deve ser porque não conseguem ler legendas, decerto.

26.3.07

Fábulas

Este fim-de-semana entreguei-me às fábulas e comecei por ir ver um filme que já está de saída das salas da capital. O Labirinto do Fauno é um magnifico exemplo da vitalidade do cinema espanhol, ao nível do melhor cinema do mundo. Por alguma razão este filme agarrou três Óscares técnicos, a saber, "melhor direcção de fotografia", "melhor direcção artística" e "melhor maquilhagem".
Eu não consigo escrever muito sobre o filme. E explico porquê. É um filme muito bom, que assenta numa história fantástica sobre a qual não convém dar muitas pistas, para não estragar as revelações que aos poucos se expões aos olhos do espectador. Estamos em 1948, em Espanha, e apesar de ter ganho a guerra civil, o regime franquista ainda combate rebeldes escondidos na montanha. O capitão do exército espanhol trás para junto de si a sua mulher, grávida, para que o filho nasca onde está o pai. Com a mulher vem Ofélia, filha do primeiro casamento, cujo espírito está escancarado à mística e à magia.
E logo ali ao lado está o Labirinto do Fauno.
Vejam. Revejam. É um dos melhores filmes do ano, sem dúvida. Nota máxima a não perder.
E que pena tenho eu que em Portugal não se filme assim.

Ontem fui ver outra fábula. "Man of the Year", de Barry Levinson. A história é igualmente simples. Quem vê o "Daily Show, with Jon Stewart" que vai passando na Sic Radical, tem presente como pode ser poderoso o humor a lidar com assuntos sérios, políticos. Dia a dia se revelam escândalos e com humor e sem qualquer sentido do politicamente correcto, porque ao humorista é permitido dizer tudo, se põe o dedo na ferida. E tudo parece fácil, como alternativa ao sistema dominado por dois partidos (como vai acontecendo por cá, por exemplo).

Ora, este filme pega exactamente neste mundo (aliás, Lewis Black, comentador no Daily Show, é um dos actores principais, como redactor criativo) e transforma Robin Williams num apresentador de um programa deste estilo que, levado pelas circunstâncias, decide candidatar-se a Presidente dos EUA. Conjugando a popularidade granjeada numa franja descontente com os grandes partidos, e beneficiando da introdução de um novo sitema de voto electrónico, acaba por ganhar as eleições.

Ou não?

O filme não é surpreendente nem explosivo. Mas não deixa de evidenciar o poder do humor e as contradições do sistema político norte-americano. Os riscos da democracia que se coloca nas mãos das empresas, do dinheiro e se esquece do eleitor e da integridade necessária para governar.

Não é um filme de encher o olho, mas é muito razoável, garantindo a nota média 3. A ver, sem pressas.

22.3.07

Ora querem lá ver esta?

Há falhas no dossier de José Sócrates na Universidade Independente

Querem lá ver que o Sr. Engenheiro enrolou o sistema para, em 1996, concluir a licenciatura?
Já me tinham dito que, no portal do governo, o curriculum vitae do PM tinha alterações frequentes. Guardando as diversas versões já havia razões para questionar o que raio se passava por ali.

21.3.07

Livros

Para quem anda por Lisboa aqui fica uma recomendação: a VII Feira do Livro Manuseado está a decorrer na Praça da Figueira, desde o dia 16 de Março e até ao dia 08 de Abril. Das 09h00 às 20h00.
Vim de lá agora e posso confirmar que esta tem até melhor aspecto que edições anteriores e similares. Muita escolha nova a juntar àqueles livros que já reconhecemos à distância destas andanças, a bom preço, em bom estado, tudo arrumado num espaço suficientemente amplo.
Com alguma moderação (porque não vale a pena comprar livros se não tenho tempo para os ler), gaste € 14,00 e comprei 5 livros. O mais caro, de BD, custou € 5,00. O mais barato € 1,50.
aproveitem.

Tudo em família

Duas das juizas que estão prestes a deixar o Tribunal Constitucional serão substituídas pelos respectivos maridos. Rui Pereira e José Gabriel Queiró são dois dos escolhidos, saíndo as suas mulheres, respectivamente Fernanda Palma e Maria dos Prazeres Beleza (...)
Cada vez mais tenho sérias dúvidas quanto à designação de "tribunal" que o Constitucional tem. Já agora, aposto que o Rui Pereira nunca irá julgar inconstitucional qualquer norma da apregoada "reforma penal", cuja "missão" tem chefiado nestes últimos anos.

Adeus Haloscan

No site do Haloscan consegui as alterações de código que colocam os comentários no blog. Porém, ao fazê-lo, desaparecem os do Blogger. E como, bem ou mal, decidi mesmo passar para os comentários do Blogger, voltei a trás e despedi-me do Haloscan.
Agora, há um manancial de troca de opiniões que não quero perder. Não obstante estar guardado nos servidores do Haloscan, vou tentar recuperá-los e torná-los disponíveis. Será uma tarefa árdua, tanto mais que por ser daqueles clientes pelintras que não pagam um tostão, não consigo importar toda a informação. Vou tentar fazê-lo "à unha".
A menos que alguém tenha uma melhor sugestão.

20.3.07

Cara Nova

Fiz umas alterações aqui ao estaminé.
Espero que gostem.
Passei a ter comentários pelo próprio blogger, o que espero seja melhor. Ainda está sujeito a demonstração de qualidade.
Se alguém souber onde, no template, devo pôr o código dos comentários do Haloscan só para os não perder, faça favor de o dizer. Hoje já não tenho mais tempo, mas amanhã ainda vou tentar descobrir pelo método da experimentação, com a ajuda do próprio haloscan. Em todo o caso, se os virem por aí, não vale a pena comentarem no Haloscan, que está a caminho da reforma.

19.3.07

Porque o mundo rural é diferente do frio mundo da vida da cidade

Nos últimos tempos, na comunicação social, correu a notícia da pequena Andreia. Há 13 meses foi raptada da maternidade onde acabara de nascer. Durante todo este tempo foram infrutíferas as inúmeras diligências da PJ, instalando-se a frustração de um caso por resolver.
Eis senão quando, por via da denúncia de um familiar, a raptora foi desmascarada e a criança recuperada, estando em condições de ser entreque aos verdadeiros pais.
E aí temi que mais uma vez a comunicação social embalasse num registo de exaltação da opinião pública para pôr em causa o direito dos pais e da menor de estarem juntos, assim como ocorreu com o "outro caso", o da "Esmeralda".
Mas não. Ainda houve uma série de vozes que veio questionar a competência dos pais, porque têm outros filhos sujeitos a medidas tutelares, ou quem dissesse que a Andreia iria sofrer a perda dos "pais" que nunca foram pais (só faltava dizer que por ter passado um ano seria traumática a separação e que deveria ficar com aqueles), ou ainda quem se queixasse da pobreza da família.
À semelhança do que acontece todos os dias, as crianças quando nascem não escolhem a família à qual vão pertencer. Se há dificuldades parentais, económicas ou educacionais, cabe aos sistemas instituídos pelo Estado diagnosticar, referenciar e actuar de forma a eliminar tais obstáculos, com o mínimo de perturbação possível.
Ora, no caso concreto, a Andreia é uma vedeta. E como tal, o desejo de ajudar veio de todo o lado, pois até os especadores do programa "Fátima" da SIC, ao qual a mãe da menor foi, contribuiram generosamente para atenuar a pobreza em que aquela família vive. E a madrinha da criança, os vizinhos, os amigos, logo ajudaram com o intuito de proporcionar àquela vedeta aquilo que os seus irmãos não tiveram a sorte de ter.
Em contrapartida, a festa que fizeram no dia da chegada da pequena criança atingiu foros folclóricos que muita gente se apressou a criticar, porque não foi recatado, não defendeu a criança, foi um choque...
Foi a verdade.
A verdade daquelas pessoas simples e pobres que vivem num meio rural. Onde toda a gente se conhece a apressa a ajudar o vizinho quando este precisa. Que em contrapartida quer divertir-se com a simplicidade que vive no dia-a-dia. Que não sabe ser recatada nesta situação, porque a situação é tão original, tão diferente, e tão alegre, feliz, que exige uma festança. Nos moldes a que estão habituados a fazer.
A festa foi real.
Será essa a realidade na qual a pequenota vai viver, crescer, ser educada. Esse é o seu meio social, familiar. Não vale a pena ficcionar redomas só porque já teve o infortúnio de ter sido escolhida para ser levada por uma mulher sem escrúpulos.
Agora, dêem espaço à família para viver como sabe, beneficiando de tudo o que de novo ganhou com esta estranha publicidade. Para ver se consegue ser melhor do que foi no passado com os outros irmãos de Andreia. E se não conseguir, certamente lá estará a Segurança Social, a Comissão de Protecção de Menores e o Tribunal para, como aconteceu outrora, agir se necessário.

15.3.07

Fisco


Na altura de entregar a declaração de IRS, desde que começou a ser possível entregar 0,5% dos meus impostos a uma pessoa colectiva de utilidade pública, tenho optado pela AMI. É tão fácil, pois basta no campo 9 do Anexo H da nossa declaração de IRS pôr o número de contribuinte 502 744 910. Vejam melhor aqui.

12.3.07

Ode ao Cinema

Este filme é uma ode ao Cinema, uma exercício de culto e de homenagem ao filme noir e a toda uma geração de cineastas, argumentistas e actores que fizeram alguns dos filmes mais emblemáticos da história do cinema.
Steven Soderbergh, mais uma vez associado a George Clooney, filma a preto e branco seguindo as regras e o livro de estilo dos filmes dos anos quarenta. E fá-lo a preto e branco, com elevado contraste e iluminação dura, obtendo um resultado visual em tudo idêntico ao cinema de então.
O argumento e as interpretações seguem exactamente o mesmo diapasão, pelo que à excepção de uma cena (que a comissão da moral e bons costumes nunca deixaria passar), o filme poderia ter nascido antes de 1950. Ou talvez não.
Talvez não porque a história passa-se em Berlim, 1945, ou seja, depois da capitulação alemã, da divisão da cidade em quatro sectores, mas ainda antes da derrota japonesa. As tensões entre americanos e soviéticos retratadas, julgo, só agora podem ser abordadas com tamanha frieza e credibilidade, sem excessos estereotípicos.
No demais, Clooney, Cate Blanchett, e Tobey Maguire lideram um elenco que dá corpo a um thriller com as necessárias reviravoltas, a progressiva divulgação de deixas para nos fazer compreender a história e um desfecho clássico, no qual nem tudo fica bem nem tudo acaba bem... mas quase.
Para mim, este leva nota cinco, e recomendo que não o deixem passar sem o ir ver.
Quanto a referências... ora comparem os dois cartazes...

8.3.07

Animalices

Aquele que ao longo do dia é activo como uma abelha, forte como um touro, trabalha que nem um cavalo e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão, deveria consultar um veterinário porque é bem possível que seja burro.
.
(este é daqueles e-mails que me faz sorrir ao fim de um dia em que me senti exactamente assim)

5.3.07

Coerência

Muito gostam os portugueses de questões fracturantes, a preto e branco, para defender a posição A ou B sem se preocuparem com corência ou fundamentar a sua opinião.
Aliás, esta história da coerência é muitas vezes confundida com teimosia, obstinação, inflexibilidade. E, como muito bem ouvi um dia num elogio fúnebre, ser coerente não é nunca mudar de opinião, mas sim agir de acordo com as suas convicções, defendendo na prática aquilo que se acredita na teoria.
Ora, o português comum, médio, está a borrifar-se para esta coerência. Para si, basta ser teimoso, inflexível a defender o caso que se discute hoje. Se daqui a uns meses aparecer outro caso igual, mas a corrente opinativa estiver inclinada para o outro lado, facilmente a adopta e defende de forma igualmente aguerrida. Sempre sem se preocupar em agir de acordo com o que propagandeia nas discussões do tema do momento. Seja ela o destino de uma criança (parece que a Esmeralda está cada vez mais esquecida), de um autarca (quem se interessa pelo julgamento de Felgueiras?), ou de uma opção política e moral como o referendo do aborto (quantos votaram "não", mas irão no futuro socorrer-se da lei para si ou para os seus?).
Vem esta introdução a propósito do concurso dos "Grandes Portugueses" que a RTP em má hora lançou. Digo em má hora, pois que seria de esperar que a mentalidade pequenina dos portugueses que se dedicam a votações telefónicas levaria à distorção de um modelo de sucesso criado por ingleses, onde sem grandes questões ideológicas Churchil ganhou.
Cá, com uma história centenária, aparecem à frente das intenções de "voto" Cunhal e Salazar, dois nomes adequados, perfeitos, para alimentar uma nova questão fracturante.
A verdade é que aos poucos se dá cada vez mais relevo a um programa (qual é a audiência daquilo, a propósito?) que tem mais tempo de antena nas discussões que alimenta e nos comentários que provoca do que propriamente na sua emissão. E, à boa maneira portuguesa, toca de aproveitar o momento para extravasar efeitos e conclusões.
Temos então um projecto para uma casa-museu de Salazar em Santa Comba Dão a pôr em pólvorosa esquerdistas e "lutadores da liberdade" chocados com tamanha afronta.
Não percebo porquê?
Querem construir um museu para Salazar? Façam-no. àqueles que se arrogam da esquerda indignada e manifestante, apenas posso aconselhar que permitam a liberdade de expressão pela qual lutaram. Não gostam? Não comam. Têm medo que se faça uma lavagem histórica do tiranete? Reajam em conformidade. Abram em frente um museu à PIDE, à resistência anti-fascista, mostrem aquilo que Salazar fez ao país durante quatro décadas, o atraso que propiciou ao país, a dor que causou, o controlo das pessoas, a tortura e a censura, a morte. Em vez de serem destrutivos, de impedirem que uma minoria se arme ao pingarelho, demonstrem que são melhores.
Isto sim, seria coerência.

28.2.07

O regresso anual do Tio Óscar

Lá foram entregues os Óscares. Este ano, ao contrário de outros passados, não foi premiado um blockbuster que esmagasse os outros. O mais nomeado "Babel" foi arrasado, não alcançou as principais estatuetas que foram divididas entre vários filmes. Contudo, não posso deixar de notar que "The Departed" e "Little Miss Sunshine", dois dos filmes nomeados que mais gostei, mereceram prémios de relevo. O melhor argumento Original e o melhor argumento adaptado foram entregues a estes belos filmes.
Tudo o mais foi previsível e anunciado com antecedência. Forrest Whitaker e Hellen Mirren são premiados encarnado personagens da vida real. Al Gore é politicamente correcto e ganha o melhor documentário. O melhor filme estrangeiro já me tinha despertado a curiosidade e por isso impõe-se vê-lo.
Para o ano há mais.

Óscares: os vencedores nas principais categorias
Melhor Filme:- "The Departed — Entre Inimigos"
Melhor Actor: - Forest Whitaker ("O Último Rei da Escócia")
Melhor Actriz: - Helen Mirren ("A Rainha")
Melhor Realizador: - Martin Scorsese ("The Departed – Entre Inimigos")
Melhor Actor Secundário: - Alan Arkin ("Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos - Little Miss Sunshine")
Melhor Actriz Secundária: - Jennifer Hudson ("Dreamgirls")
Melhor Filme Estrangeiro: - "A vida dos outros" (Alemanha, Florian Henckel von Donnersmarck)
Melhor Filme de Animação: - "Happy feet"
(George Miller) Melhor Argumento Original: - "Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos - Little Miss Sunshine" (Michael Arndt)
Melhor Argumento Adaptado: - "The Departed – Entre Inimigos" (William Monahan)
Melhor Direcção Artística: - "O Labirinto de Fauno"
Melhor Documentário: - "Uma Verdade Inconveniente"

26.2.07

Cinema por inteiro


O título fala em metade, mas "Half Nelson" é cinema por inteiro. É uma daquelas produções pequenas, sem vedetas, efeitos especiais ou grandes surpresas, que assenta na história e nas actuações. Neste caso, em particular, da actuação de Ryan Gosling, no papel de um professor do secundário a afundar-se no hábito de consumo de drogas.
Ao ser apanhado a consumir por uma aluna vai estabelecer uma curiosa e tensa relação com ela, que espelha igualmente as dificuldades que ambos vivem. A história em causa é de gente normal, que trabalha para viver e vive mal, numa américa habituada a ostentar riqueza que exibe a toda a hora, mesmo que não esteja ao alcance de todos. E assim uns ignoram-na cultivando o espírito, alimentando a luta social que está adormecida, outros são empurrados para o crime de fácil ganho.
As vidas destes personagens não acabam com o filme, e ficam à espera de um desenlace ao gosto de cada um, satisfazendo, pessimistas, optimistas ou realistas. O filme é cru, mas não duro. Tem a sensibilidade do realizador Ryan Fleck a temperar as dificuldades dos personagens envolvendo assim o público. Ainda assim..., faltou-lhe qualquer coisa.
Sabem quando saímos de um filme com a sensação que faltou qualquer coisa? Um golpe de rins, uma qualquer particularidade muito boa... Foi o que faltou para este filme ser muito bom. Fica-se por bom, com a nota 4 a chegar em cima do último gongo.
Merece, sem dúvida, uma espreitadela.
Dos Óscares falo amanhã, que hoje não tenho tempo... Mas desde já posso adiantar que, felizmente, o Babel caiu por terra, a bem do Departed e do Little Miss Sunshine.

Se ainda não perceberam...

Se ainda não perceberam, na sociedade portuguesa está em curso uma grave manobra de desacreditação e enxovalho da magistratura judicial. É desporto nacional deitar abaixo os Juízes, questionar as suas decisões sem qualquer fundamento que não o "acho que está mal" ou "o outro é que tem razão" mas sem qualquer rigor, fundamentação ou sequer sentido de justiça formal ou material, confundindo lei cível, com lei penal, com direito de família, de menores, de trabalho ou administrativo.
Qualquer pessoa com formação jurídica sabe que cada ramo do Direito tem os seus próprios princípios estruturantes, as suas próprias regras processuais, os seu específicos ónus de alegação, de prova. Direito é regra. E as regras existem para se cumprir.
Infelizmente, a comunicação social vive desregrada, porque auto-regulada, e sem uma verdadeira instância que controle os seus desmandos. E a classe política, porque lhe interessa, usa a comunicação social a seu bel-prazer para alimentar tal descrédito, posto que, no lamaçal actual que é a vida da administração pública, não interessa ter quem defenda e aplique as regras que, infelizmente para eles, um dia aprovaram.
Vem isto a propósito de um enxovalho público que uma jornalista do Diário de Notícias fez aos Juízes portugueses e que mereceu a cobertura do director do jornal (entretanto demitido pela sua incompetência na manutenção dos padrões de qualidade e resultados de mercado do jornal) que rejeitou a publicação do legalmente consagrado direito de resposta, com argumentos subjectivos ponderados por quem tem manifesto interesse na causa.
Percam um pouquinho de tempo (3 ou 4 minutos chegam) e vejam aqui no site do Conselho Superior da Magistratura o referido texto, o pedido de direito de resposta e a sua rejeição sob o título DIREITO DE RESPOSTA EXERCIDO PELO EXMº VICE-PRESIDENTE DO CSM FACE A ARTIGO DE OPINIÃO PUBLICADO NO DIÁRIO DE NOTICIAS, DE 19.01.2007.
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Tudo isto no dia em que, para começar bem, ouvi logo de manhã na rádio a absurda manipulação dos números que o Ministério da Justiça fez quanto a aumentos de produtividade por via da alteração das regras das férias judiciais. Falem com qualquer pessoa que lide com os tribunais, seja juiz, procurador do Ministério Público, advogado, funcionário ou cliente habitual e descubram a opinião de quem está no terreno. Não se deixem manipular por percentagens há muito denunciadas pela sua inconsistência. Poruqe a voz daqueles que entendem o contrário será devidamente amordaçada, amesquinhada, escarnecida por quem domina a máquina da opinião pública satisfazendo "his master's voice".

22.2.07

Dose dupla

Por alturas do Carnaval fui ver dois filmes, daqueles que estão na corrida aos Óscares.
"O Último Rei da Escócia", é daqueles filmes montanha-russa, com picos de qualidade e descidas acentuadas. Numa história de violência, imposição ditatorial e esquizofrenia assustadora pontua a interpretação de Forest Whitaker que encarna o ditador do Uganda, Idi Amin, durante o seu reinado de terror. Também James McAvoy na pele do Dr. Garrigan, um fictício jovem médico que vai para o Uganda para fugir aos pais e a ter que trabalhar com o seu egocêntrico progenitor interpreta com rigor a evolução de um jovem acriançado que rapidamente vê fugir do seu controlo o que a dado momento parecia um sonho.
Pena é que, não obstante a história ter um crescendo de violência, a opção por nos poupar ao seu lado gráfico não tenha restado até ao final, pois que escusado seria algum do sangue, tanto mais que não havia espaço para duvidar que ele manchava as mãos do ditador.
Ainda assim, um bom filme, com indubitável nota três, ali, saltitando para o patamar superior.
Depois da desilusão de "As Bandeiras dos Nossos Pais", fui com algumas dúvidas que encarei este "Cartas de Iwo Jima". Porém, neste filme Clint Eastwood esteve muito melhor.
Talvez possa sentir-se que o filme navega em águas esterotipadas, considerando a imagem que transmite dos soldados japoneses perdidos naquela ilha debaixo de fogo, mas por tudo aquilo que sei (e admito que não será assim tanto, tendo sido, seguramente, escrito pelos vencedores da 2ª Guerra Mundial) espelha a mentalidade daqueles homens, sujeitos ao rigor do fanatismo das chefias.
Eastwood mostra-nos que, na guerra, como diz o ditado, quem se lixa é o mexilhão. E o soldado será sempre a peça mais frágil, mais desprotegida, mais descartável na equação bélica. Seja ele um pobre padeiro sem coragem ou motivação para combater, mas apenas para sobreviver, seja um antigo polícia militar que ousa pensar e ter sentimentos, seja um oficial que até ganhou uma medalha olímpica em equitação e que preferiria estar a cuidar de cavalos que a usar armas em nome da nação.
A guerra é cruel, e em Iwo Jima a crueldade estendeu-se aos números de mortos, muitos por suicídio ante a derrota iminente. A esmagadora invasão americana, com milhares de soldados, apoio aéreo e naval, encontrou apenas homens escondidos em grutas, e deixados sós pela estrutura de um Império que já ameaçava ruína, sem navios ou aviões para prestar qualquer auxílio. E dessa forma lutaram até ao fim.
Neste filme, com agrado veria uma montagem que, pura e simplesmente, cortasse as cenas da "expedição arqueológica" que encontra as cartas enterrada. Porque, se algum arqueólogo trabalhar assim... deverá ser sumariamente despedido e transformado em varredor. Sem desprimor para os almeidas. Ainda assim, desta vez, chegamos à nota quatro.

21.2.07

Bicicletas a € 50,00

A ideia chama-se Lisboa Bike Tour.
Pagam-se € 50,00 e, no dia 24.06.2007, de manhã, apanha-se um autocarro da organização para a margem Sul da ponte Vasco da Gama. Aí recebe-se uma bicicleta, um capacete, uma mochila com alguns mantimentos, uma T-shirt, uma medalha e um diploma de participação. Depois, atravessa-se a ponte até ao Pavilhão de Portugal no Parque das Nações e, no fim, leva-se para casa tudo aquilo que se recebeu. Sim, também a bicicleta.

As inscrições estão abertas nos CTT e podem esgotar a qualquer momento.

Para mais informações vejam aqui . Para que tenham uma ideia do que "compram", o ano passado tinha este aspecto


Se aderirem sempre poderão encontrar o Urso Polar por lá. Eu já estou inscrito.

15.2.07

Little Children



Em português o título ficou "Pecados íntimos". E, efectivamente, este filme fala de pecados, pecadilhos, segredos que se passam na intimidade e que não se querem divulgados por mais alguém. Do onanista cibernético, do pedófilo compulsivo, à dona de casa a precisar de um abanão e que o encontra no "vizinho" que não sabe o que fazer à vida, envolvendo-se ambos em tórrida infidelidade.

O filme de Todd Field está muito bem escrito, bem realizado e montado mas, acima de tudo, soberbamente interpretado por todos os actores. Rapidamente entramos nos seus mundos e queremos saber mais, adivinhar o que se irá passar, torcer para que algo aconteça, ou não aconteça.

Ouvi falar do filme, pela primeira vez, quando foram reveladas as suas nomeações para os Óscares. Agora que o vi posso dizer, que é um filme muito bom e chega à quinta estrela. Quanto mais não fosse porque é mais uma oportunidade para ver a realística nudez da belíssima Kate Winslet.

13.2.07

Picado pelas Abelhas

Esta, também do Jorge Palma, explica igualmente muita coisa.

Picado Pelas Abelhas

Ainda mal o sol nascera
Já a multidão descera à praça principal
Era o grande ajuste de contas
E as pessoas estavam prontas a acabar de vez com o mal
Tinham sido anos a fio
A lutar com a fome e com o frio
Ao som de promessas de pão e de conforto
Agora o povo queria o poder
Já não tinha mais nada a perder
Quando um homem tem vida de cão
Mais lhe vale ser morto

O sangue correu pelo chão
Em nome da revolução e o povo acabou por vencer
Celebrou-se a liberdade
A igualdade e a fraternidade que acabavam de nascer
Mas ao chegar a vez de cada um
Trabalhar para o bem comum
Aí começaram os dissabores
E em vez de ficarem unidos
Dividiram-se em mil partidos
Lá no fundo, todos queriam ser Ditadores

E as crianças pareciam feias
No meio de tanta gente velha
Eu ouvi alguém gritar:
"Meu Deus, estou todo picado pelas abelhas!"
Picado pelas abelhas, picado pelas abelhas....

E agora um traficante com ar obsceno
Vai vendendo o seu veneno a quem trouxer o dinheiro na mão
E um consumidor diz baixinho que tem falta de carinho
Ao ser arrastado para a prisão
E um vagabundo cheio de aguardente
Diz que o desejo há-de estar presente
Até ao fim da cerimónia
Enquanto um poeta com ar cansado
Diz: "Antes só que mal acompanhado!"
E arranca para mais
Uma noite de insónia

E as crianças parecem velhas
No meio de tanta gente feia
Eu continuo a ouvir gritar:
"Meu Deus, estou todo picado pelas abelhas!"
Picado pelas abelhas,
picado pelas abelhas....

Ai Portugal, Portugal

Esgotado que foi, rapidamente, o referendo ao aborto, com os meios de comunicação social a repetir através de paineis de comentadores os argumentos cansadamente expostos durante a campanha, mas agora debaixo de uma dinâmica de vitória e derrota, voltamos ao país real.
E ao país dos meios de comunicação social.
Justiça a rodos, para a denegrir, de preferência; corrupção q.b., sem agitar muito as águas para não incomodar o peixe graúdo; futebol, Figo, Ronaldo e Mourinho, Benfica e Sporting; acidentes, desgraças e mortos; mais taxas, mais pagamentos, menos serviços a cargo do Estado; burocracia e incompetência.
Por isso... lembrei-me do Jorge Palma. Ora vejam:

Portugal, Portugal

Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

12.2.07

Treme-treme, gelatina

Há pouco mais de meia-hora a terra voltou a tremer. Primeiro senti o soalho a vibrar e pensei no bruto que teria batido com uma porta. Depois tentei ouvir o camião que lá fora na rua fizesse tremer cá dentro no prédio. E então o ruído que ouvi foi diferente, cavo, vindo das entranhas da terra que gemiam de vibrante dor. Olhei os quatro armários à minha esquerda e também eles dançavam.
Então pensei algo como "Acabas?, ou devo preocupar-me e fugir para a rua?" E ele terminou. O tremor de terra terminou. A Terra afastou o arrepio e acabou por não sacudir mais as pulgas do seu dorso.
Dizem nas notícias que a sua força mediu 6,1 na escala de Richter. O epicentro terá sido a 160 km para Sudoeste do Cabo de S. Vicente. Sentiu-se forte no Algarve, e pelo menos de Silves isso foi confirmado por fonte segura. Na rádio alvitram que terá sido sentido por todo o país.
Garanto que este tremor de terra abalou-me muito mais que a discussão de ontem sobre os resultados do referendo.

7.2.07



Ultimamente tenho estado tão sem energia, tão fraquinho...

Tenho mil e uma coisas para fazer, seja no emprego, em casa, com a família, como administrador do condomínio, para mim, ...

Quem se ressente é o blog, pois não tenho tido nem tempo nem iniciativa para cá vir acrescentar algo de positivo. Apetece-me encostar o focinho numa pata e dormir. Esperemos que o tempo mude, que o frio e a chuva se afastem para dar lugar a sol e um pouquito de calor. Normalmente ajuda a acordar deste torpor invernoso.

O Urso Polar está quase que a hibernar. Pede desculpa pela interrupção, mas este blog seguirá dentro de momentos.

30.1.07

Começou hoje

Começou hoje, oficialmente, a campanha para o referendo sobre o aborto.
Por mais que se fale no tema não vejo grande mobilização para votar. Temo que a participação ainda seja mais reduzida, neste referendo. Garanto que não será vinculativo.
Se o Não ganhar, ficará tudo na mesma. A lei inalterada, os ricos em Espanha ou Inglaterra, os remediados nos vãos de escada. Algumas mulheres serão julgadas, envergonhadas, expostas por todos os jornais e televisões, usadas por todos os partidos de esquerda, com direito a Louçã e Odete em manif à porta do Tribunal, terminando com penas suspensas. Se alguma parteira (nome curioso... deveria ser abortadeira, não?) for apanhada arrisca-se a verdadeira pena de prisão, pois que isto de andar a fazer dinheiro à custa da desgraça dos outros só é permitido a médicos e advogados, mesmo que sejam tão mauzinhos quanto ela.
Se o Sim ganhar, altera-se a lei. Mesmo que o resultado não seja vinculativo, a maioria dita de esquerda passará a alteração legislativa. A Clínica dos Arcos abrirá em força em Lisboa, Porto e sei lá mais onde, acompanhada por outras iniciativas privadas concorrentes. Mas o SNS fará abortos de graça a quem se sujeitar à fila de espera, juntamente com as mães constipadas e as avós com dores aqui e ali, e acolá. A cada aborto não faltará um grupo de conservadores a vociferar e brandir cartazes à moda das américas, chamando assassinos, e usando as mulheres em causa, humilhando-as e condenando-as à exposição que deixaram de ter na sala de audiências. E os jornais e televisões lá estarão para contar.
Depois acabrá por cair no esquecimento, na rotina, no hábito. Abortará quem precisar, assim se poupando dezenas ou centenas de crianças condenadas a viver nas instituições, seja para cuidar delas ou para as punir, tutela estatal e estabelecimento prisional à escolha do freguês. Continuarão a haver crianças para adoptar, e não aumentará a promiscuidade. Os tempos desta já lá vão, que isto de ser promíscuo é coisa que não faz ganhar amigos ou dinheiro. Bom..., se calhar até faz...
Tudo isto para dizer que, sabendo que vou votar Sim, estou sem a mínima paciência para ouvir mais conversa sobre o tema. Ultimamente estas coisas aborrecem-me e irritam-me.
Bahh!

Woody, colheita 2006

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A colheita é de 2006, apesar de só em 2007 ter chegado cá. Uma pesquisa no meu blog mostrou-me quão religiosa é a estreia de um novo filme de Woody Allen em Janeiro.
Depois do fantástico, porque refrescante, "Match Point", o realizador mantém-se em Londres mas faz agulha para o registo mais vulgar da sua filmografia. Este é um filme igual a tantos outros do autor, sem capacidade para surpreender, mas mantendo o encanto de ser uma obra certa, segura, coerente, bastante agradável.
Naturalmente que comprado com os outros seus filmes, este "Scoop" está uns furos abaixo do brilhantismo. Ainda assim é um filme bom, porque Woody Allen não sabe fazer filmes maus. Desta feita não resistiu voltar para o outro lado da lente e interpreta um ilusionista que caminha lado a lado com Scarlett Johanson, trapalhona, ansiosa, insegura, tal qual o próprio Woody nos acostumou.
Com humor q.b., e um enredo com uma pontinha de suspense, "Scoop" é uma aposta segura nas salas de hoje. Ainda assim, porque ele sabe fazer muito melhor, dou-lhe apenas o três.

29.1.07

Adeus

A vida é feita de ciclos, e inevitavelmente termina na morte.
Há quem viva pouco tempo, quem viva muito tempo. Há quem viva muito em pouco tempo, e nada viva numa longa vida. Mas depois tudo acaba.
Por muito preparados que estejamos, nomeadamente em relação àqueles que muitas vezes apagaram as velas do bolo e já foram vitimados por incurável doença incapacitante, o choque acaba sempre por nos abalar. Mais tarde ou mais cedo.
Este fim-de-semana despedi-me da minha avó paterna. Contava 89 anos que viveu intensamente com alegria quase mesmo até ao fim. Sem dúvida que era o desfecho previsível, inevitável. Não deixa, contudo, de ser triste.
A vida continua para nós, que por cá ficamos.
Adeus, 'Vó.

24.1.07

Assalto e intromissão


Sem temer o risco que por vezes parece assustar as distribuidoras portuguesas, este filme recebeu uma tradução do título quase literal, espelhando o que nele se passa.
Quando um arquitecto (e seu sócio) monta o seu atelier em Kings Cross, no coração degradado de Londres, vê as instalações assaltadas e levada a sua colecção de Mac's acabadinhos de comprar (quanto terá a Apple pago pela publicidade?).
Enquanto luta para fazer vingar o seu projecto, luta igualmente em casa com uma mulher que está cada vez mais distante consumida pelos problemas psiquiátricos da sua filha. Ao descobrir um dos assaltantes, depara-se com um miúdo problemático, cuja mãe o encanta deixando-se arrastar para um triângulo do coração. Também este é, assim, assaltado e nele se intromete uma pessoa a mais.
Jude Law navega por todo o processo numa excelente intrepretação, acompanhada ao mesmo nível por Robin Wright-Penn e Julliete Binoche transformando o filme numa boa montra de representação. A história é coerente, com momentos de tensão, paixão e humor, mas não é extraordinária nem surpreendente. A realização de Anthony Minghella é sóbria e eficiente.
Por tudo isto achei o filme de nível médio alto, ou seja, uma daquelas notas 3 que, se tivesse por trás uma história mais brilhante, facilmente atingiria valores mais altos na escala.
Sendo certo que será um filme perfeito para um serão de televisão, merece a oportunidade de ser visto no cinema.

22.1.07

Doem-me os ouvidos

Já não posso ouvir mais conversas, mais "notícias", mais opiniões sobre o caso do sargento condenado como sequestrador de uma menor de nome Esmeralda. São peças fétidas, manipuladas e manipuladoras, sem rigor, que deturpam a verdade ao bom sabor da histeria comercial de cada meio de comunicação social, da ambição mediática de certos e determinados indivíduos que não perdem uma oportunidade para vir botar faladura, e do desejo que este povo português tem de questionar toda e qualquer autoridade de forma a alimentar a anarquia. Hoje apelidam os juízes de burros e inúteis, pois eles sim, são detentores da verdade ainda que obtida com base no diz-que-disse, mas amanhã serão os primeiros a queixar-se que os juízes fazem muita falta, porque "sim, eles é que sabem".
Enoja-me tanto esta situação, que salta à vista está toda mal contada, que me apetecia obrigar toda a gente a ler e conhecer a verdade, seca, crua, como ela está disponível aqui. Mas depois leio os comentários que foram colocados nesta página e apercebo-me que cada um acredita naquilo que quer, e muita gente quer acreditar que estávamos todos melhor sem juízes, sem tribunais, sem polícia, à boa moda anarca. Até serem vítimas de qualquer coisa, altura em que mudariam de discurso, sem remorsos, reivindicando exactamente o contrário do que até ali tinham defendido.
Nestas coisas do Direito recomendo vivamente que vejam a revista on-line IN VERBIS, e percam tempo a ler, pelo menos as actualidades e os artigos de opinião, sempre que o tema vos interesse. E espreitem os comentários, pois por vezes aí encontramos um curioso barómetro.
Sempre que um tema quente judiciário vier à baila, procurem aqui os factos. É bem provável que os encontrem.
Como neste caso da Esmeralda. Leiam o acórdão, e vejam o que em 2005 o Correio da Manhã noticiava, e como o noticiava. Vejam como o discurso muda ao sabor da corrente propagandística, e como o sargento era então o "mau", e hoje é o "bom", o coitadinho.
Vejam, e pensem. E façam os outros pensar. Porque a merda toda é que já ninguém quer pensar, que isso dá muito trabalho, e é bem mais fácil debitar aquilo que "ouvi não sei quem dizer não sei onde". Decerto ele pensou e sabe bem mais do que eu, julgarão.
Quando a malta se demite da actividade pensadora, está a abrir caminho aos falsos profetas, aos donos de verdades mentirosas, que decerto lhes interessarão... mas nenhum bem farão "à malta".
Estou azedo. Estas coisas fazem-me azia.

17.1.07

Será que descarrilou?

Comboio de transporte de gás propano líquido descarrila no Kentucky
Um comboio composto por quatro locomotivas e 80 carruagens, algumas das quais de transporte de gás propano líquido, descarrilou e provocou uma explosão, seguida de incêndio, hoje, no Kentucky (Estados Unidos), obrigando à evacuação da área envolvente
Esta notícia encontra-se hoje no Público. Quem via os episódios dos X-Files, quem segue toda a ficção da chamada "teoria da conspiração" e dos caçadores de OVNIS não consegue deixar de pensar que esta é uma operação de cobertura para o despenhamento de extra-terrestres.

15.1.07

Bandeiras

Clint Eastwood continua a ser, para mim, um realizador perdido que de vez em quando encontra o caminho sem querer. Se "Million dollar baby" foi um desses casos de feliz sorte, este "Flags of our fathers" demonstra o quão perdido andará o realizador.
Até admito que para a clientela americana o estilo e a forma sejam recebidos com agrado. Mas para estas bandas... Com a produção de Steven Spielberg reconhece-se nas cenas de acção a experiência do "Resgate do Soldado Ryan" e da série "Band of brothers"recriando o ambiente angustiante de um desembarque durante a 2ª Guerra Mundial. A história é contada, mas sem qualquer golpe de asa que surpreenda ou convença. O recurso a constantes saltos no tempo tem um encadeamento forçado e não é ágil. O olhar lento a que Eastwood nos habituou entra em conflito com toda a acção que se desenrola quer no teatro de operações quer no teatro da recolha de fundos.

Toda a história roda à volta do fortuito episódio de uma fotografia conseguida em Iwo Jima, que correu mudo como uma chama de esperança na vitória sobre o Japão Imperial. O poder da imagem, devidamente descontextualizada, e a manipulação da verdade escondida naquele acto de um grupo de soldados que apenas cumpria ordens mereciam melhor encenação.
Ficamo-nos, pois, por um filme mediano, com alguns picos de beleza cinematográfica, e outros vales de angustiante aborrecimento no escuro da sala. Nota três.

10.1.07

Desperdícios



Para que é que a RTP comprou os direitos de transmissão do DAKAR?

Queixava-me eu da SIC que dava breves minutos depois do Jornal da Noite para relegar para a madrugada o programa da etapa do dia, e não é que a RTP faz exactamente a mesma coisa? Pensam que eu vou ficar até à uma da manhã para ver as belas imagens do DAKAR? Não consigo perceber a estratégia de mercado, tanto mais que não deverão ser baratos os direitos de transmissão de uma prova destas.

Valha-nos o Eurosport, que no pacote básico da TV Cabo, às nove da noite, emite um programa de 40 minutos que tudo mostra e conta.

Ora levem lá com mais dois filmes

Mais um filme da salsicharia americana misturando ingredientes habituais. Escolhe-se uma vedeta do cómico cinematográfico para cabeça de cartaz (Ben Stiller), junta-se-lhe mais uns nomes conhecidos para fazer de secundários, como Dick Van Dyke, Robin Williams e Ricky Gervais, e reunem-se 6(!) argumentistas para fazer o texto. Com efeitos especiais por computador sempre agradáveis e cada vez mais corriqueiros, mistura-se tudo e sai este "Noite no Museu".
Tem momentos para rir, pouca surpresa, pois há que seguir as linhas mestras do estilo e cumpre a sua função. Ou seja, há-de ocupar algumas tardes de domingo quando passar na televisão. Não vale a pena gastar o dinheiro do bilhete para ver algo tão banal. A menos que se queira rir um pouco, e já se tenha ido ver o OSS 117. Este Noite no Museu vale um dois, e nada mais.

Mel Gibson premiou-nos com este "Apocalypto" (rai'sparta o nome que me faz lembrar o Calipo), que é, sem dúvida, um grande filme.

Sem actores conhecidos, e falado numa língua morta, o filme é simplesmente uma delícia. Pela qualidade da realização, da montagem e da fotografia enche-nos de imagens belas e emocionantes. Pela direcção de actores e coerência do argumento prende-nos na história até ao fim, torcendo pelo sucesso do personagem principal. É, sem dúvida, violento. Mas isso também o é qualquer filme de acção americano, de mafiosos ou bandidos. Não sei qual é a diferença deste sangue, destas feridas desta maldade. Só porque vai contra a imagem idílica que hoje em dia se alimenta da civilização Maia, seguramente.

Este filme encheu-me as medidas. Leva a nota máxima. Mas cuidado... não se recomenda a crianças ou pessoas impressionáveis.

8.1.07

Esquecido



Então não é que me esqueci de falar do "Déja Vu", o último filme de Tony Scott. Com Denzel Washington a fazer, mais uma vez, de polícia (será que ele ainda consegue fazer outro tipo de papel?) mas desta feita num enredo de ficção científica.

Um barco explode por força de um acto terrorista. Na investigação do evento surge um equipamento especial que permite ver em tempo real o que se passou quatro dias antes. Bom, não vamos questionar como se conseguem tais imagens e som, com planos múltiplos e alta definição, nem sequer questionar todos os paradoxos que se podem encontrar no filme quando entramos no reino da interacção com o passado, porque admito que aqui o argumento não é brilhante. Escrever ficção científica é uma arte que levo muito a sério, e por isso sou muito crítico e exigente. Apenas posso concluir que a história poderia ter sido muito mais trabalhada, com arestas muito mais limadas.

Tirando isso, o filme é puro entretenimento, acção, emoção e impacto visual. cumpre plenamente com aquilo que se espera depois de ver a promoção na linha do espectáculo a que o cinema norte-americano nos habituou. Sempre sem sair da mediania, nem para melhor nem para pior. Um marcado três.

4.1.07

Cinema para o ano novo

Estes dias de pausa foram, cinematograficamente falando, profícuos. Dei bastante uso ao Media Card, e é disso que vou falar neste início de 2007.
Começando pelo que primeiro vi, “A Rainha” do consagrado e seguro Stephen Frears, estamos perante uma película que ficciona e “recria” os dias vividos pela realeza britânica e pelo recém eleito Primeiro-Ministro Tony Blair aquando da inesperada morte de Lady Di, no célebre acidente em Paris.
Filmado com rigor e interpretado com segurança o filme cumpre a sua função. Helen Mirren está fantástica na sua personificação da Rainha de Inglaterra, Isabel II, fazendo-nos confundir as imagens verdadeiras que guardamos na mente com a sua própria imagem. Tendo visto a actriz quando foi ao Tonight Show do Jay Leno, mais espantado fico com o trabalho de criação da personagem. São por isso legítimas as aspirações a uma nomeação aos Óscares.
Voltando ao filme, não deixo de revelar a reserva que me ficou após o seu visionamento. Creio que é a própria história que relata que é o seu ponto fraco. Assente em gente real, tenta revelar quão crucial foi o episódio para cimentar as boas relações entre a Coroa e o PM, e como, mesmo morta, Diana continuou a assombrar a monarquia britânica. Pois é. Isto não é grande história, e o filme ressente-se disso.
Na escala de zero a cinco a que nos habituaram todos os críticos ou comentadores cinematográficos, ficaria ali pelo dois, a saltar para o três.


Depois fui ver “O terceiro passo”, de Christopher Nolan, que em tempos assinou o surpreendente “Memento”, onde arrasou o conceito de lineariedade temporal em cinema.
Neste filme conta-se a história de dois ilusionistas (Christian Bale e Hugh Jackman) que desde cedo, e devido a um infurtúnio em palco, alimentam uma rivalidade sem tréguas que os faz ultrapassar os limites da vida e da razão. Com as seguras presenças de Michael Caine, Scarlett Johanson, Andy Serkis e um especial David Bowie, os dois principais actores dão corpo a indíviduos obcecados que nos prendem à trama. Apesar de alguma dificuldade em acompanhar algumas das curvas do enredo, o mesmo é complexo e cativante. Está bem filmado, como espectáculo que contém em si o espectáculo da magia. Ainda assim, não é um filme por aí além, navegando nas águas da mediania do cinema anglófono. Merece o três seguro, a puxar para o quatro.


“Babel”, o último filme de Alejandro Iñarritu, é o exemplo acabado que não é qualquer pessoa que consegue escrever ou filmar uma obra que assente em várias histórias, em vários lugares, em vários tempos, mas com relações entre si, influenciando-se entre si. Já tivemos exemplos muito bons deste estilo, como Traffic, Crash ou Magnólia, para citar os que de cor me recordei. “Babel” não se junta a esta classe. As interpretações são muito boas, os actores actuam a um muito bom nível, e os ambientes escolhidos facilitam a realização, pois quer Marrocos quer o Japão são visualmente estimulantes, ao mesmo tempo constrangedores, asfixiantes. Não basta, por isso, filmar com serenidade, alimentando um ritmo lento, brando, para nos inserir na reflexão que claramente se pretende.
Mais uma vez, a história não chega. As relações que nos levam ao angustiante episódio japonês são forçadas, e a acção marroquina e mexicana está tão eivada de esteriótipos que até irrita. De todos os filmes que vi nesta quadra festiva, foi mesmo o que mais me desiludiu. Merece o dois mesmo, mesmo, mesmo no limite. Não fosse a qualidade das interpretações e lá resvalaria para o um.


Em português está em exibição “20,13” o purgatório de Joaquim Leitão, que retoma a guerra colonial depois do inenarrável “Inferno”, que até fizera por esquecer, de tão forçado e despropositado que o achei.
“20,13” é incomparavelmente melhor. A qualidade técnica sobressai e é credível a interpretação dos bons actores perdidos na fronteira de Moçambique, num aquartelamento sob fogo inimigo da Frelimo. A acção decorre num único dia, e à superfície emergem fantasmas que assombram alguns dos personagens forçando a um clima de insegurança e suspeita, constantemente abalado pelos obuses e metralha que durante a noite caem com cada vez mais força.
O ritmo pausado é entrecortado por muito fogo agitado. O calor sente-se. A opressão também. Ainda assim, acho que também aqui faltou um pouco mais de história. A dada altura percebe-se todo o enredo, e ainda falta meia-hora de filme, previsível e sem estaleca para nos animar. O que é pena, pois que todos os meios usados e assim geridos mostraram que em Portugal também se pode fazer um bom filme de guerra e que nós, tendo tido uma experiência de guerra colonial, poderíamos alimentar uma filmografia de grande qualidade. Porque o campo de tiro de Alcochete, onde foi filmado o “20,13”, parece mesmo Moçambique. Leva três, pelo esforço e qualidade revelados, tendo as pernas cortadas pela fraqueza do argumento.



Finalmente, “OSS 117”, história de espiões à francesa. Mas não para levar a sério. OSS 117 é um espião que nasceu em livro muito antes do 007 de Ian Fleming. Só que apenas agora o conhecemos no cinema. Como descrever este agente?
Veste, anda, movimenta-se, sorri e cativa como o 007 interpretado por Sean Connery. Por isso é um sucesso entre as mulheres. No entanto, a sua inteligência e perspicácia são os do agente Maxwell Smart, da série “Olho-Vivo”, e o seu método de trabalho faz lembrar o Inspector Cluseau. E de cada vez que abre a boca revela-se inculto, preconceituoso, arrogante e ofensivo para todos os que o rodeiam. Aquilo que chama de estilo francês.
Os diálogos são uma delícia pelo “nonsense” que evidenciam, dos quais poderei salientar os longos minutos de lugares-comuns que são trocados quando numa festa na Embaixada Inglesa encontra os potenciais adversários. A acção é tão inverosímil que nos faz rir com gosto perante tamanha idiotice. Não é, contudo, humor escatológico, ou fácil. À boa maneira francesa, exige que o espectador tenha cultura suficiente para ir apanhando as referências e compreender as calinadas.
Foi o filme que guardei para o fim, por achar que era o filem “menor”. Foi o que mais gostei e merece nota quatro. Fraquinho, mas ainda assim um quatro.

30.12.06

Pendurado pelo pescoço *

Saddam já não comerá as passas de 2007. Saddam foi pendurado pelo pescoço nesta madrugada e morreu.
Por mais cruel que alguém seja, continua a ser contra a pena de morte pela irreversibilidade dos seus efeitos.
Saddam morreu e o que mudou para melhor? Nada.
O Iraque continua a viver dias de verdadeira guerra civil comandada por guerrilheiros, terroristas e senhores da guerra. Todos os dias morre alguém às suas mãos perante o olhar impotentente de um exército comandado pelos EUA, cujos soldados desmotivados esperam ansiosamente o dia de regresso à sua terra, vivo e inteiro, de preferência.
Hoje o Iraque já não é uma Nação, se é que alguma vez foi mais do que a mera aparência de uma Nação. O país está condenado ao fracasso, tal como Saddam foi condenado à morte. Saddam está morto. O Mundo está livre de mais uma besta. Nada mais.
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* "Hang by the neck", como dizem os anglófonos.

28.12.06

Votos para 2007

Os meus votos para o ano que se avizinha não poderiam ser mais simples:
Que 2007 seja melhor que o 2006 que agora definha.
Se tal acontecer, as nossas vidas só poderão estar, ser melhores.
Que tenha muito tempo e inspiração para aqui vir deixar umas histórias, uns comentários, umas opiniões... e que vocês continuem a ter um tempo e muita paciência para visitar esta casa de gelo onde um grande urso de pelo branco vagueia de pensamento em pensamento.
Feliz 2007.

18.12.06

Carta ao Pai Natal

O ano passado fiz cinco pedidos públicos ao pai das barbas. Consegui uma das prendas.
Durante 2006 comprei eu outra das prendas. O resto... bom, também não fui modesto a pedir.

Se bem se lembram, comecei com um ampliador de fotografia, que me foi oferecido pelo Natal.
Passei para as câmeras fotográficas Canon EOS 5D e 20D (a 20 D está já fora do mercado), substituída pela 30 D, pouco mais que um upgrade.
Pedi um iMac G5 de 20" e no dia do aderente da FNAC comprei o iMac de 20", agora com Intel Core 2 Duo (estou à espera que mo entreguem).
E acabei com o Aston Martin DB9.


Este ano vou voltar a fazer cinco pedidos. Estabeleci uma regra: só posso repetir um dos pedidos do ano passado.

Ora, então, cá vai.

Sr. Pai Natal, faça o favor de tentar enfiar pela chaminé o seguinte:

1.

Começo pelo cromo repetido, a Canon EOS 5D. Continua a ser a melhor câmera digital para mim. Se não ma der, lá terei que comprar a 40D, que ainda não existe mas se espera que venha a aparecer na Primavera de 2007, com CMOs de 10 MP e sistema de remoção de poeira.

2.


Que tal uma viagem para ir à procura dos ursos polares? Ali para as bandas do Alasca...

3.



Também me dava jeito um home cinema. Mas as colunas de trás têm que ser sem fios, que lá em casa não há como disfarçar os fios de um lado para o outro. Não sou esquisito com a marca desde que seja boa... e as colunas sejam pequenas e discretas. O leitor de DVD tem que ter disco rígido, está bem?


4.


Outra opção será uma mesa de snooker... com o respectivo espaço para a colocar. Pronto..., basta um clube de snooker aqui para as bandas da minha casa. Mas um clube com estilo (não um salão de jogos à portuguesa) e no qual haja mesas de snooker e não apenas de pool.


5. Finalmente, e para acabar em grande...



que tal um Jaguar XK?

13.12.06

Adeus às lágrimas (de riso)

Ainda o sol ia forte, e o calor do Verão começava a apertar quando foi anunciada a morte do canal de Cabo SIC Mulher, aprazado para o final do ano. Não poderia ficar mais indiferente. É raro ver um programa deste canal, e só por acaso me deixo ficar por lá. Ultimamente ainda espreitei por diversas vezes o programa de culinária do Oliver, mas sem grande fidelidade.
Qual não é o meu espanto quando lei a notícia que, à última da hora, a SIC salva a Mulher da forca e envia a Comédia para o cadafalso.
Agora, à queima-roupa, somos informados que no fim do mês acaba a SIC Comédia. Agora a perda já é considerável.

Perdem-se os monólogos, rubricas e entrevistas de Jay Leno à hora do jantar, que tanto ajudavam à digestão. Perdem-se as séries sem continuidade que acumulam piadas e ajudam a passar qualquer hora. Perde-se o humor.
Rais'partam os gajos que decidiram manter aquele canal cor-de-rosa e acabar com o sorriso fácil.
Eu sou cliente, particularmente com muita regularidade, da SIC Radical, da FOX, da 2:, do AXN e da SIC Comédia. Vão-se 20% das escolhas.
Piu...

11.12.06

Ar mais puro

Morreu mais um FDP, lá para os lados do Chile.
Irra, que as coisas ruins custam a morrer.

6.12.06

Camarate para quê?

26 anos depois certos elementos da classe política, figuras de proa dos dois maiores partidos portugueses, descobriram a pólvora, ou seja, que tem que haver um julgamento sobre a morte de Sá Carneiro e demais acompanhantes na fatídica queda do Cessna em 1980.
A motivação destes senhores não é outra senão mediática.
E já agora, comprar para a classe política a imagem de que querem esclarecer a verdade, a qual até sabem qual é, e que no final serão os Tribunais a não fazer justiça.
Logo após a morte de Sá Carneiro (andava eu na 4ª classe e lembro-me do choro da minha professora no dia seguinte, de luto, e deixando transparecer grande angústia e ansiedade), Portugal dividiu-se quanto às causas da queda do avião. O acidente era a tese mais pacífica para um país que ainda não consolidara a recente democracia, e procurava desculpas para justificar o regresso de mentalidades radicais da esquerda e da direita, quem sabe com vista a instalar um clima de guerra civil. Não esqueçamos que estávamos no auge da Guerra Fria, e EUA e URSS digladiavam-se pelo controlo de países satélite.
Por tudo isso, a tese do atentado, seja de esquerda, de direita, ou de qualquer interesse económico ou mafioso nunca foi bem aceite. E toda a investigação imediata foi "orientada" no sentido da pacificação social. Consequentemente, não houve uma investigação independente, isenta, equipada dos meios adequados, e verdadeiramente motivada para a descoberta da verdade. Com o beneplácito político de inúmeras comissões parlamentares que consecutivamente alinharam na tese do acidente. Contra tudo e contra todos, ou antes, contra aquilo que alguns "irresponsáveis" iam defendendo e que a maioria do povo (então ainda não anestesiado pela televisão, e verdadeiramente interessado pela vida do país) comentava à boca pequena.
Com a consolidação democrática, a entrada para o clube europeu e a renovação dos quadros mentais da sociedade, começou a falar-se abertamente de que o "acidente" seria um "atentado". Aliás, passou a ser politicamente correcto defender esta tese. Só que, meus amigos, era tarde. A investigação fora comprometida, as pistas esfriaram, as perícias não eram mais conclusivas, os eventuais autores estavam escudados pelo passar dos anos.
Por isso, se por estúpido e absurdo, a lei for alterada e se obrigar um tribunal a julgar Camarate, só poderá haver um veredicto: a absolvição (de quem?). E depois virão os senhores políticos propagandear que, afinal foi a Justiça que não funcionou.
O que não funcionou, foi o país. E porque o quis.
Para os que acham isto um escândalo pergunto: quem matou John F. Kennedy?

4.12.06

Bolinhas

A Ouriço-Cacheiro mandou-me este link, há uns dias. Ideal para curar o stress. Será?
Vejam
aqui
(agora já está a funcionar o link)