26.3.12

Fiquei mais rico

Este domingo tive o extraordinário prazer de conhecer pessoalmente alguém que dedicou a sua vida à fotografia, actualmente com uma carreira profissional de 66 (!) anos a olhar pelo visor, a registar imagens que guardamos como icónicas. Falo do fotógrafo brasileiro Flávio Damm de cujo trabalho deixo aqui dois breves exemplos encontrados na net.
Fiquei mais rico por o ouvir, por lhe falar e com ele trocar ideias, histórias, por o ver erguer a câmara e registar o momento, o pormenor.
O dia de ontem teve sol, teve passeio, teve fotografia, teve amigos, teve comida e teve esta cereja em cima do bolo.
Há dias assim, nos quais ficamos sempre a ganhar.

20.3.12

Feist

No domingo, esta canadiana encheu o Coliseu dos Recreios e brindou-nos com quase duas horas e meia de espectáculo. Música excelente (5 estrelas para a qualidade do som), animada interacção com o público, boa disposição e intimidade. Tivemos direito a uma música sem amplificação (só Feist, a guitarra acústica e o coro, magnífico, das Mountain Man), tivemos um casal do público a ser puxado para nos cantar a sua versão do clássico "Imagine", tivemos movimentos de dança, e ainda o direito a ser considerados, em português, como um público "do caralho".
O público andava na média da idade da cantora, já não tão novo como aquele que amiúde encontramos nos concertos. E fez uma excelente noite, o que proporcionou um bom início de semana. Acredito que ontem, no Porto, se terá repetido a receita.
Feist sabe como oferecer um  bom espectáculo.
Ficamos à espera do seu regresso.

19.3.12

Pessoa(s)


Na Gulbenkian está em curso uma exposição sobre Fernando Pessoa.
A vida deste autor atormentado, desassossegado, é o objecto desta exposição a qual, recorrendo a bem conseguidas tecnologias, nos faz entrar num ambiente íntimo onde estão em relevo a poesia e o homem. O homem em todas as suas vertentes, que é como quem diz, em todos os seus heterónimos.
Aquilo que poderia ser um bocejo é, na realidade, um desafio, um apelo à razão e à emoção. Mesmo para os menos apreciadores do género, ou do autor, a forma como está desenvolvido o conceito da exposição é, por si só, um motivo para a ver.
Termino com duas dicas: para os amantes da fotografia, levem a câmara, mas preparada para fotografar quase no escuro; para todos, ao domingo de manhã ainda não se paga a entrada. Mas, nesse caso, ajudem a Fundação e, porque não, comprem um dos muitos livros que por lá se vendem. A preços reduzidos, encontram-se obras muito interessantes.

11.3.12

Andorinha

As minúsculas partículas de pó brilham com a forte luz do sol que rompe pela janela escancarada.
As moscas, felizes com o calor antecipado, já zunem, também elas brilhando diante dos meus olhos.
Lá fora, carregadas pela suave brisa, sementes flutuam criando pirilampos virtuais à luz do dia.
O sol, tudo ilumina...
Do outro lado do quarteirão, nas traseiras de um prédio mais decrépito que o meu, um vizinho que não conheço, toma banho. A janela é de vidro martelado, mas a silhueta que se impõe revela os pormenores essenciais para perceber quando se ensaboa, quando enxagua o cabelo depois de passar o shampoo. Da janela ao lado, onde esteve a estender roupa, parte o seu companheiro para se lhe juntar. O vidro é revelador, já o disse, e deixa-me entrever o momento em que entra no duche e se agarra a quem já lá estava.
Por pudor desvio o olhar. Agora posso ver a vizinha de um outro prédio, que também não conheço mas reconheço, a estender laboriosamente as peças de roupa da família. São quatro, os que sujam a roupa. Percebe-se pelo estendal que a vizinha terá um marido e um casal de filhos adolescentes. Ela debruça-se distraída sem perceber que a larga camisola de andar por casa ao domingo, com o seu decote escancarado, revela os seios livres de soutien. É domingo, e ela ali perdida na tarefa doméstica, sem aproveitar o sol.
Pássaros piam e quase sem querer vejo passar a primeira andorinha do ano.
Bocejo e deixo o sol aquecer-me o sangue.
O rádio embala-me.
O sofá aconchega-me.
Aproveito o fim-de-semana.

9.3.12

Público

O Jornal Público lavou a cara esta semana e apresentou uma nova imagem.

A primeira nota positiva, que aponto com satisfação, é a do jornal ter "importado" a inovação do i comummente conhecida por "agrafo". O facto do jornal estar agora agrafado torna-o muito mais apetitoso.
Depois, toda a nova arrumação, bem como a letra adoptada, tornaram a leitura mais fácil.
Agora fica a faltar o mais importante: o conteúdo.
Se o Público não melhorar a qualidade da informação que oferece, continuará desinteressante, por mais bonito que seja. Espero, pois, que para além de ficar melhor por fora, volte a ser melhor por dentro... tal como  foi há uma década atrás.

4.3.12

Curtas

Passei pela FNAC e saí de lá com este livro na mão.

Lê-se num fôlego e é fantástico.