30.12.06

Pendurado pelo pescoço *

Saddam já não comerá as passas de 2007. Saddam foi pendurado pelo pescoço nesta madrugada e morreu.
Por mais cruel que alguém seja, continua a ser contra a pena de morte pela irreversibilidade dos seus efeitos.
Saddam morreu e o que mudou para melhor? Nada.
O Iraque continua a viver dias de verdadeira guerra civil comandada por guerrilheiros, terroristas e senhores da guerra. Todos os dias morre alguém às suas mãos perante o olhar impotentente de um exército comandado pelos EUA, cujos soldados desmotivados esperam ansiosamente o dia de regresso à sua terra, vivo e inteiro, de preferência.
Hoje o Iraque já não é uma Nação, se é que alguma vez foi mais do que a mera aparência de uma Nação. O país está condenado ao fracasso, tal como Saddam foi condenado à morte. Saddam está morto. O Mundo está livre de mais uma besta. Nada mais.
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* "Hang by the neck", como dizem os anglófonos.

28.12.06

Votos para 2007

Os meus votos para o ano que se avizinha não poderiam ser mais simples:
Que 2007 seja melhor que o 2006 que agora definha.
Se tal acontecer, as nossas vidas só poderão estar, ser melhores.
Que tenha muito tempo e inspiração para aqui vir deixar umas histórias, uns comentários, umas opiniões... e que vocês continuem a ter um tempo e muita paciência para visitar esta casa de gelo onde um grande urso de pelo branco vagueia de pensamento em pensamento.
Feliz 2007.

18.12.06

Carta ao Pai Natal

O ano passado fiz cinco pedidos públicos ao pai das barbas. Consegui uma das prendas.
Durante 2006 comprei eu outra das prendas. O resto... bom, também não fui modesto a pedir.

Se bem se lembram, comecei com um ampliador de fotografia, que me foi oferecido pelo Natal.
Passei para as câmeras fotográficas Canon EOS 5D e 20D (a 20 D está já fora do mercado), substituída pela 30 D, pouco mais que um upgrade.
Pedi um iMac G5 de 20" e no dia do aderente da FNAC comprei o iMac de 20", agora com Intel Core 2 Duo (estou à espera que mo entreguem).
E acabei com o Aston Martin DB9.


Este ano vou voltar a fazer cinco pedidos. Estabeleci uma regra: só posso repetir um dos pedidos do ano passado.

Ora, então, cá vai.

Sr. Pai Natal, faça o favor de tentar enfiar pela chaminé o seguinte:

1.

Começo pelo cromo repetido, a Canon EOS 5D. Continua a ser a melhor câmera digital para mim. Se não ma der, lá terei que comprar a 40D, que ainda não existe mas se espera que venha a aparecer na Primavera de 2007, com CMOs de 10 MP e sistema de remoção de poeira.

2.


Que tal uma viagem para ir à procura dos ursos polares? Ali para as bandas do Alasca...

3.



Também me dava jeito um home cinema. Mas as colunas de trás têm que ser sem fios, que lá em casa não há como disfarçar os fios de um lado para o outro. Não sou esquisito com a marca desde que seja boa... e as colunas sejam pequenas e discretas. O leitor de DVD tem que ter disco rígido, está bem?


4.


Outra opção será uma mesa de snooker... com o respectivo espaço para a colocar. Pronto..., basta um clube de snooker aqui para as bandas da minha casa. Mas um clube com estilo (não um salão de jogos à portuguesa) e no qual haja mesas de snooker e não apenas de pool.


5. Finalmente, e para acabar em grande...



que tal um Jaguar XK?

13.12.06

Adeus às lágrimas (de riso)

Ainda o sol ia forte, e o calor do Verão começava a apertar quando foi anunciada a morte do canal de Cabo SIC Mulher, aprazado para o final do ano. Não poderia ficar mais indiferente. É raro ver um programa deste canal, e só por acaso me deixo ficar por lá. Ultimamente ainda espreitei por diversas vezes o programa de culinária do Oliver, mas sem grande fidelidade.
Qual não é o meu espanto quando lei a notícia que, à última da hora, a SIC salva a Mulher da forca e envia a Comédia para o cadafalso.
Agora, à queima-roupa, somos informados que no fim do mês acaba a SIC Comédia. Agora a perda já é considerável.

Perdem-se os monólogos, rubricas e entrevistas de Jay Leno à hora do jantar, que tanto ajudavam à digestão. Perdem-se as séries sem continuidade que acumulam piadas e ajudam a passar qualquer hora. Perde-se o humor.
Rais'partam os gajos que decidiram manter aquele canal cor-de-rosa e acabar com o sorriso fácil.
Eu sou cliente, particularmente com muita regularidade, da SIC Radical, da FOX, da 2:, do AXN e da SIC Comédia. Vão-se 20% das escolhas.
Piu...

11.12.06

Ar mais puro

Morreu mais um FDP, lá para os lados do Chile.
Irra, que as coisas ruins custam a morrer.

6.12.06

Camarate para quê?

26 anos depois certos elementos da classe política, figuras de proa dos dois maiores partidos portugueses, descobriram a pólvora, ou seja, que tem que haver um julgamento sobre a morte de Sá Carneiro e demais acompanhantes na fatídica queda do Cessna em 1980.
A motivação destes senhores não é outra senão mediática.
E já agora, comprar para a classe política a imagem de que querem esclarecer a verdade, a qual até sabem qual é, e que no final serão os Tribunais a não fazer justiça.
Logo após a morte de Sá Carneiro (andava eu na 4ª classe e lembro-me do choro da minha professora no dia seguinte, de luto, e deixando transparecer grande angústia e ansiedade), Portugal dividiu-se quanto às causas da queda do avião. O acidente era a tese mais pacífica para um país que ainda não consolidara a recente democracia, e procurava desculpas para justificar o regresso de mentalidades radicais da esquerda e da direita, quem sabe com vista a instalar um clima de guerra civil. Não esqueçamos que estávamos no auge da Guerra Fria, e EUA e URSS digladiavam-se pelo controlo de países satélite.
Por tudo isso, a tese do atentado, seja de esquerda, de direita, ou de qualquer interesse económico ou mafioso nunca foi bem aceite. E toda a investigação imediata foi "orientada" no sentido da pacificação social. Consequentemente, não houve uma investigação independente, isenta, equipada dos meios adequados, e verdadeiramente motivada para a descoberta da verdade. Com o beneplácito político de inúmeras comissões parlamentares que consecutivamente alinharam na tese do acidente. Contra tudo e contra todos, ou antes, contra aquilo que alguns "irresponsáveis" iam defendendo e que a maioria do povo (então ainda não anestesiado pela televisão, e verdadeiramente interessado pela vida do país) comentava à boca pequena.
Com a consolidação democrática, a entrada para o clube europeu e a renovação dos quadros mentais da sociedade, começou a falar-se abertamente de que o "acidente" seria um "atentado". Aliás, passou a ser politicamente correcto defender esta tese. Só que, meus amigos, era tarde. A investigação fora comprometida, as pistas esfriaram, as perícias não eram mais conclusivas, os eventuais autores estavam escudados pelo passar dos anos.
Por isso, se por estúpido e absurdo, a lei for alterada e se obrigar um tribunal a julgar Camarate, só poderá haver um veredicto: a absolvição (de quem?). E depois virão os senhores políticos propagandear que, afinal foi a Justiça que não funcionou.
O que não funcionou, foi o país. E porque o quis.
Para os que acham isto um escândalo pergunto: quem matou John F. Kennedy?

4.12.06

Bolinhas

A Ouriço-Cacheiro mandou-me este link, há uns dias. Ideal para curar o stress. Será?
Vejam
aqui
(agora já está a funcionar o link)

28.11.06

Casino Royale


O meu primeiro filme de James Bond foi o “007 – Missão ultra-secreta”, tinha nove ou dez anos (o filme é de 1980) e foi com excitação que segui as sequências subaquáticas ou o assalto final em que a Bond-girl usava uma silenciosa besta com uma precisão mortífera, e me ri com piadas infantis como a do papagaio a falar ao telefone, no fim do filme. Vi-o no defunto cinema da Parede, e tive dificuldade em perceber a dinâmica da sequência inicial, que nada mais tem a ver com o resto do filme.
Creio que saltei um filme pois só me lembro de ver no cinema o “007 – Perigo Imediato”, com sequências fabulosas em Paris, como seja a fuga de Grace Jones saltando de pára-quedas da Torre Eiffel e a perseguição ao volante de um Renault 11 que se vai desfazendo com os acidentes que Bond provoca, acabando cortado ao meio, puxado pelas rodas da frente.
Foi assim que me habituei a ver os filmes de Bond. Películas de espionagem que de espiões pouco tinham, mas com muita acção e muita ficção científica, muitas cenas impossíveis. Quando na televisão davam os filmes com Sean Connery não gostava dos ver apesar do meu pai defender sempre que ali é que estava o homem, o genuíno, o verdadeiro Bond. Para mim, Bond era Roger Moore.
Depois veio o inenarravel Timothy Dalton que em dois filmes arruinou a imagem de Bond. E de repente, quando repetiam os filmes na televisão, qualquer deles, já não os conseguia ver com gosto. Veio Pierce Brosnan e Bond voltou a ter estilo. Pelo menos isso. Muito estilo. Mas pouca verosimilhança, tal a fantasia que acumulavam os filmes, nos quais os inimigos tinham os planos mais irreais, e se aproximavam cada vez mais de vilões de banda desenhada.
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Agora veio Daniel Craig, e a produção fez agulha, voltou às raízes e fez o melhor filme de James Bond de sempre. O agente é humano, fica ferido, tem sentimentos, mas esconde-os, é frio para poder fazer o seu trabalho, e é dedicado ao mesmo. Corre, luta, dispara como nunca o fez. É credível no papel de um “espião” que afinal é um agente pouco secreto, pouco discreto, e muito dedicado ao homicídio em nome do seu Governo.
O filme não tem “gadgets” irreais, antes pequenas peças tecnológicas que, muito provavelmente, já existem e não estarão a muitos anos de aparecerem no mercado. Não tem um vilão de banda desenhada. Tem um banqueiro bandido com recursos “normais” que o dinheiro pode pagar (um grupo de seguidores e várias localizações para se acoitar). Tem uma cena de tortura em que o próprio vilao diz que nunca gostou de torturas muito elaboradas. E é simples e dolorosa. Bond não é m palhaço com piadas sempre prontas. É um tipo arguto com discurso fluente e imediato. A Bond-girl é interessante e dúbia. O enredo não é linear e deixa-nos a tentar adivinhar o que se seguirá. E não acaba com Bond enrolado numa mulher, ignorando os seus deveres profissionais.
“007 – Casino Royale” é o melhor filme de Bond de sempre. Com a pior música-tema de sempre.

23.11.06

007

Bond, James Bond.

Sinais preocupantes

Anda para aí a ser divulgada a ideia, a ver se pega, e ainda por cima ligada ao caso Camarate, para pescar o apoio do PSD, da criação de um lugar de Procurador junto da Assembleia da República.
Não escrevi logo sobre a questão por achar que era apenas mais uma atirada à parede, só que estou em crer que desta feita o barro agarrou.
O princípio divulgado foi o de que, sempre que as comissões parlamentares concluissem que tinha havido crime, tal Procurador teria que abrir um inquérito e investigar. Dentro das competências do mesmo incluir-se-iam os casos de terrorismo e atentados ao Presidente da República. En passant, acrescentaram os crimes praticados por titulares dos orgãos políticos.
Não ficou claro se tal Procurador seria oriundo da carreira do Ministério Público ou não. Também não interessa, pois seria alguém que responderia primeiro perante a AR do que perante o PGR.
Grave é a ideia que os crimes dos políticos eleitos passariam a ter um foro especial de investigação, e ainda por cima ali juntinho a si...
Mas, como disse, a mensagem passou a ser colada ao caso Camarate (já lá vão 26 anos, lembram-se?) e de repente leio que se uma comissão parlamentar concluísse que havia crime, então o Procurador teria que levar a questão a julgamento. O quê?!
Pelos vistos o trabalho da comissão parlamentar passaria a ser o inquérito. Que teria uma decisão final não fundada em critérios de estrita legalidade, mas sim de oportunidade política.
E depois seria apenas necessário criar comissões parlamentares quando a questão fosse incómoda para decidir acusar ou não acusar e assim instrumentalizar um dos passos da justiça.
Sou só eu a achar que estão a meter a foice em seara alheia?


"Carmona aprova obra 'proibida' pelo Governo

O promotor do loteamento previsto para as azinhagas das Salgadas, da Veiga e da Bruxa e para a Rua de Marvila - ontem aprovado pela Câmara de Lisboa - pode vir a exigir do Estado uma indemnização superior a 60 milhões de euros."


Assim se vê como pode o Estado poupar dinheiro.
Tenho um pressentimento que os "privados" que ganharam um direito para converter em dinheiro à custa de guerrilhas institucionais não têm nada a ver com a urgência da decisão, nem são amigos do executivo camarário.
Não obstante poderem clicar no link acima, eu conto a história em duas penadas. Está a ser estudada a linha do TGV naquela área e a ligação à margem sul por ponte a nascer em Marvila. O Governo pediu à Câmara para que não autorizasse nada para aquele corredor até serem tomadas as decisões que se exigem. A CML, dizendo que o Governo está a demorar muito e não tem que lhe fazer as vontades, aprovou um projecto gigante exactamente para a zona do previsível futuro corredor.
E assim se vai, cantando e rindo...

21.11.06

Ilusão


"O Ilusionista" é um filme que nos faz desejar estar num cinema antigo, com cadeiras como as que tinha o S. Jorge, com aquele cheiro a mofo característico das salas anteriores aos cinemas de centro comercial.
Não quero com isto dizer que o filme cheire a mofo. Mas é um filme feito à antiga, dependendo da história e dos intérpretes, mas sem laivos de genialidade nem grande capacidade de entretenimento. Não é cinema-espectáculo nem cinema de autor, como hoje em dia parece que todos os filmes têm que ser. Talvez por isso não agrade a muita gente.
A história, engraçada, é bem transposta para o filme por Neil Burger, só que não chega a criar suspense pois é totalmente previsível. Todas as pistas estão lá para quem as quiser ver, e nem precisamos de nos esforçar muito. A história conta-se em duas penadas: ilusionista pobre gosta de condessa que vai casar com o príncipe malvado; tudo fazem para ficar juntos apesar dos esforços do príncipe que tem para o ajudar o inspector, o qual é mais esclarecido que ambicioso e navega nas águas da ambiguidade até ser iluminado para o final.
Edward Norton não investiu grande coisa no seu personagem, creio, e intrepreta-o em piloto-automático. Já Paul Giamatti constrói um excelente inspector de polícia, e emprega os seus melhores dotes vocais enquanto narrador. Jessica Biel passeia a sua beleza muito subtilmente filmada, carregando uma aura que ilumina o écran.
No computo geral também eu me mostro exigente e, apesar de ter gostado de ver o filme, apenas lhe daria 2 em 5 numa escala de avaliação. Não é desperdício de dinheiro comprar o bilhete... mas há filmes muito melhores para ir ver na sala do cinema aí em exibição. Este suporta bem o DVD ou a emissão televisiva.

20.11.06

Dez mil

543 posts depois, o Sitemeter informa que já tive 10.035 visitas. A brincadeira começou no dia
10.10.03 com um texto que tinha por título BEM VINDOS ÀS MINHAS REFLEXÕES.
Numa altura em que fazer um blog era uma brincadeira, nunca pensei estar aqui a escrever três anos depois e com mais de dez mil visitas.
A todos os que por aqui passam, o muito obrigado. Enquanto estiverem por aí fará sentido continuar a publicar estas linhas.


Em Paris



O filme de Christophe Honoré não conseguiu encantar-me. Talvez o problema seja meu. Ou talvez não. Mas o certo é que ao invés de criar uma empatia com os personagens, desde o início que antipatizei com todos eles. Talvez estejam muito bem representados e sejam mesmo pessoas irritantes. Ou talvez me fizessem lembrar certas pessoas da minha juventude universitária, para quem a vida era um drama e as relações vividas "até à morte" (Romain Duris), ou a vida era um ligeiro suceder de relações frívolas que se expunham aos mais próximos à leia de contabilidade do sucesso (Louis Garrel). Ou mulheres que se submetem mas ao mesmo tempo se fazem fortes e de acção em contradição mantém relações destrutivas (Joana Preiss).

Depois, certos pormenores da realização que se pretendem notas de originalidade também me tocaram no nervo da irritação, como sejam as cenas em que os actores estão estáticos, sem falar, mas ouve-se a conversa que continua...

PElo meu critério, coloco este filme a meio da tabela. Creio também que dependerá muito do dia em que se vá ver. Se estamos bem dispostos, e de moral elevado o filme provavelmente irá irritar-nos.

15.11.06

Castanhas

(fotografia roubada, claro está)
Esta semana o calor despropositado despediu-se num glorioso Verão de S. Martinho. Ontem o frio adequado para meados de Novembro já se fazia sentir, instalando-se abruptamente e tornando a hora de almoço um agradável passeio ao sol com as orelhas frias.
é esta a melhor altura para comer umas castanhas assadas, não obstante o exorbitante preço que os vendedores de rua cobram, demonstrando a concertação de preços e negação da concorrência. € 2,00 a dúzia, que a vida está má para todos e os vendedores de castanhas também têm que fazer pela sua.
Este ano a castanha está boa, carnuda, saborosa e sem podridão aparente. É tirar a barriga de misérias, cozida, com erva-doce, assada, em puré, nas sobremesas ou nos pratos principais, a castanha está aí ao nosso alcance. E garanto-vos que, com dias como os que temos agora, sabe mesmo bem comer castanhas.
Entretanto, para hoje é anunciada uma mudança de tempo. Chuva e vento, agora com o adequado frio.
Arrumem-se os calções. Libertem-se as pantufas. Enrosquem-se e contemplem. Pressinto que este ano vamos voltar a ter neve...

13.11.06

Infiltrações - "I smell a rat"



O último filme de Martin Scorsese é um remake de uma obra de Andrew Lau, cineasta de Hong Kong que em 2002 realizou "Infernal Affairs". Para a nova versão americana, o realizador de peso escolheu actores do mesmo gabarito, e por isso temos a contracenar este jogo de ilusões, e desilusões, actores como o cada vez mais maduro, cada vez melhor (para mim no seu melhor papel) Leonardo diCaprio, o seguro Matt Damon, Mark Wahlberg com falas brilhantes de ritmo e humor envoltas em dureza e cinismo (pena não se ver mais vezes, este actor), e um veterano Jack Nicholson, excessivo q.b. para compor um personagem que é um excesso.

Regra geral os remakes de Holywood deixam muito a desejar. Neste caso não posso comparar com o produto original, porque não o vi, apesar de me lembrar perfeitamente dos trailers. Por isso mesmo, o argumento era uma novidade e fui sempre avançando em suspenso para a cena seguinte, inseguro a té ao fim sobre a forma como a narrativa iria encontrar o seu desfecho.

Por isso, mesmo sem saber o nível do filme de Hong Kong, posso dizer que "The Departed" é emocionante, cativa, enreda-nos nos jogos de enganos que os personagens insistem jogar contra todas as regras de auto-preservação, e deixa-nos uma sensação de satisfação só possível nos filmes bem orquestrados.

Por falar em orquestra... impõe-se uma palavra para a banda sonora, variada e adequada a cada cena, pela intensidade e qualidade dos seus intérpretes.

Para terminar, apenas direi que só há uma cena escusada... pois a sua ironia é obscurecida pelo irreal da situação. O último plano, no qual o olhar é chamado à cúpula dourada, dispensava a presença do roedor comedor de queijo.

8.11.06

Modernices



Quando recebia o diário da República em papel nunca me aconteceu querer ler um despacho do Ministro da Justiça

Despacho n.º 22654/2006, D.R. n.º 215, Série II de 2006-11-08
Ministério da Justiça - Gabinete do Ministro


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7.11.06

Coppola


Sofia Coppola anda a habituar-nos mal. Começou com as perturbadoras Virgens Suicidas. Continuou por caminhos contemplativos de depressão e esperança em Lost in Translation. e agora brindou-nos com um vivo e sentido Marie Antoinette.

Segura da sua criatividade, não só recria de forma incrível a corte do final da monarquia francesa, como introduz um olhar diferente sobre a mesma, pelos olhos de uma miúda que se fez rainha. Não um olhar inocente mas sim iluminado pela sabedoria dos conhecimentos actuais, pelos padrões da actualidade. É, por isso, evidente a noção de que, aos treze anos, Marie Antoinette ainda era uma criança, por mais adulta que à data pudesse ser, de acordo com os padrões então vigentes.

Esta deturpação da idade é relevante e anima a película, filmada com a reconhecida sensibilidade da realizadora e a dedicação dos actores no retrato dos seus personagens. É, sem dúvida, um filme para ver enquanto ainda está fresco.

Dúvida a Metro

Alguém me sabe explicar porque razão, em dia de greve, estando os portões da estação de Metro encerrados, as escadas rolantes da Baixa-Chiado estão em funcionamento?
Então e a poupança de energia?

31.10.06

Hoje é dia de festa

Ali ao lado, à direita, o perfil do Urso Polar mudou.
Entrei nos 35. Começa a ser uma idade respeitável.
A partir de hoje já posso ser Presidente da República.

Pôr em dia



A Companhia Nacional de Bailado tem no Teatro Camões o "Programa Stravinsky", com A sagração da Primavera e O Pássaro de Fogo.

Se este último foi vibrante e empolgante, com espectaculares interpretações nomeadamente da vedeta Carlos Acosta, bailarino cubano que no dia em que vi o bailado era o pássaro do título, já a Sagração deixou a desejar. Não que fosse mal dançada. Mas a coreografia e figurinos, rigorosos e clássicos, não permitem esquecer, a toda a hora, as duas coreografias que no passado vi interpretadas pelo saudos Ballet Gulbenkian.
Esse é um vazio que não tem forma de ser preenchido. E ainda estou a espera das anunciadas iniciativas da Fundação para promover o bailado sem ser com uma companhia residente.
Ontem fui ver o "Children of men", Os filhos do Homem, última realização de Alfonso Cuarón, que tem como cabeças de cartaz Julianne Moore, Clive Owen e Michael Caine.
O filme passa-se no Reino-Unido, em 2027, dezoito anos depois de ter nascido o último bébé humano. Por razões desconhecidas a infertilidade apareceu de um momento para o outro e a humanidade vê-se num beco sem saída, envelhecida e sujeita distúrbios e ruptura institucional. À boa maneira da ficção científica catastrófica, o Reino Unido consegue manter-se através de um Estado autoritário, repressivo, militarista e controlador, que recorre à expulsão dos estrangeiros, dos emigrantes ilegais, tratados como verdadeiros párias, à imagem dos terríveis exemplos dos campos de concentração ao longo dos tempos.
Pelo meio surge um raio de luz, de esperança, que envolverá os protagonistas na tentativa de levar para sítio seguro uma mulher, emigrante, que está grávida.
O filme não dá explicações, apenas expõe situações. E toda a acção que se desenrola de peripécia em peripécia, sem contudo cativar. Os personagens progridem de cenário em cenário, de contratempo em contratempo, quase como um jogo de computador de plataformas. Revêem-se lugares-comuns do estilo, e com indiferença escapamos à emoção que deveria ocorrer quando o bebé nasce.
É daqueles filmes que aguarda bem pela oportunidade de ser visto em casa, poupando-se o dinheiro do bilhete. Ou então, como passatempo, sempre é um filme que não chateia.

26.10.06


Foi este o slogan e foi esta a realidade que há dois anos descobri nos pacotes de leite Vigor magro. Há uns anos adepto incondicional do "leite do dia", por oposição ao UHT que consumi durante mais de uma década, o Vigor magro foi uma agradável descoberta.
Como toda a gama de leite Vigor, cujo sabor, para mim, se encontrava a anos-luz do sabor do leite UHT e por isso justificava o esforço de me deslocar mais frequentemente à loja para o encontrar, fresco e dentro do prazo de validade, o Vigor magro era "leite do dia".
Seguramente muita gente se queixou de ter que se esforçar para ter o Vigor em casa (quando era miúdo, e o leite Vigor vinha em garrafas de vidro, o dito aguentava-se apenas um dois dias no frigorífico antes de azedar; a minha mãe tinha que o ir comprar todos os dias e, por isso, a dado passo reconverteu-se aos pacotes de UHT). Por isso, a Vigor lançou agora um novo processo de tratamento e conservação do leite que permite que, ao pegar no pacote no supermercado, me depare com quase quinze dias de validade para um litro de leite da Vigor.
Já não é, seguramente, "leite do dia".
Mas o pior é que o Vigor já não sabe a leite Vigor. Agora o travo final da bebida branca está muito próximo do sabor do leite UHT. Quem lhes disse que estavam a evoluir o produto mentiu-lhes. O novo Vigor não satisfaz como dantes. Aqui deixo o meu protesto desiludido!

25.10.06

Uma acção vale mais que mil palavras

Os partidos políticos têm irregularidades nas suas contas da última campanha, apontou o Tribunal Constitucional. Resposta dos partidos: "Ah, e tal, desculpem mas não temos culpa, e coiso e tal, a lei é nova e difícil de perceber, sabem como é, isto não se acerta à primeira, a gente até pensava que estava a fazer bem, porque a gente não viola a lei, não, que ideia, a gente é boas pessoas, só que a lei é tramada e por isso vamos a ver, tenham lá calma que a coisa resolve-se".
Oh meus amigos,... mas quem é que fez a porra da lei? então e se vocês não a sabem cumprir, porque é que os cidadãos hão-de saber cumprir as outras leis, a começar pela do IRS que muda todos os anos e parece um labirinto armadilhado?
Assim se vê como são estes gajos.
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Ontem foram anunciados os lucros de dois bancos relativos aos primeiros nove meses de 2006. O Millenium teve 500 milhões de euros de lucro. O BES 300 milhões de euros de lucro.
"Ah, e tal e coisa, coitadinhos da gente que ganha tão pouco e temos que cobrar aos nossos clientes por tudo e mais alguma coisa senão fica muito caro ter um banco e depois não conseguimos ser muita ricos, e o catano , tás a ver, isto está muito mau prá gente, como é que um tipo consegue sobreviver neste mundo dos bancos, a vida está pela ora da morte."
Depois anunciam taxas de juro competitivas, a menos que nos demos ao trabalhos de ler as letras pequeninas que passam a correr, cobram-nos por uma transferência bancária que fazemos na internet, ou seja, sem que tenham algum trabalho para a fazer, já para não falar das despesas de manutenção e dos arredondamentos.
Também é assim que se vê como vão estes gajos.

23.10.06

A Dália Negra



Antes de ver o filme já tinha lido o livro, bom companheiro há um par de anos durante os almoços em dia de trabalho. Se há coisa que não gosto é de estar no restaurante sózinho sem nada para fazer, pelo que o jornal ou um livro me costumam acompanhar. Foi assim que li A Dália Negra, de James Elroy, obra muito completa, complexa, mas escrita com frieza, dureza, e muita, muita crueldade. Os personagens de Elroy (como em L.A. Confidential ou O Grande Desconhecido) são sempre pessoas duras, extremamente determinadas, com sentimentos confusos e relações pessoais vulcânicas, ou seja, com frequentes abalos telúricos e sempre à beira da erupção.

O filme de Brian de Palma é muito agradável mas para quem não leu o livro será, seguramente, difícil de acompanhar pois o realizador não simplificou a dificuldade da história original. O mistério adensa-se, as personagens somam-se e as relações entre elas, que nas páginas de um livro podem ser cuidadosamente escalpelizadas, na tela têm que se intuir mais do que ver explicadas.

Não obstante, reconheço neste filme um excelente trabalho de adaptação, de realização e recriação do ambiente desenhado por Elroy. Há, contudo, um aspecto que me deixa desconfortável: o actor principal Josh Hartnett, na pele de Dwight "Bucky" Bleichert. Porquê? Porque é muito "bonitinho", muito "limpinho". Das páginas do livro trazia a imagem de um tipo mais bruto, mais rude, mais inadaptado a Kay Lake, aqui interpretada por Scarlett Johanson. Um pouco como Russel Crowe aparecia em L.A. Confidential. Ao invés, Hartnett passeia pelo filme como um modelo faltando-lhe o poder de impacto que reconhecia ao seu personagem. Erro de casting? Talvez a indústria assim não ache.

Em todo o caso este pormenor não desvirtua o bom pedaço de cinema que é o filme Black Dahlia, que se vê com prazer e se recomenda.

19.10.06

EUA


Antes de mais, Boa Viagem, Alfonso!

.

Mas, agora que vem a talhe de foice, pergunto: não vos preocupa poderem ser vítimas de tortura nos EUA sem terem qualquer hipótese de reagir e o evitar?

Nos EUA foi aprovada uma lei que, em casos de terrorismo ou suspeita de terrorismo, confere ao Presidente o poder de interpretar a Convenção de Genebra e definir o que é tortura ou não. E nestes casos deixa de ser possível recorrer ao habeas corpus.

Hoje em dia, nos EUA, a protecção da Convenção de Genebra vale o que a CIA quiser. O caminho está aberto, legalmente, para os Jack Bauer lá da terra.

Isto é tão grave que pode acontecer, a qualquer um de nós que viaje para os EUA, ser agarrado no aeroporto, levado e pronto. Não pode contactar com ninguém, seja da Embaixada, seja quem fôr; não pode reagir judicialmente à detenção; e fica sujeito a tortura, sim tortura. Apenas porque alguém, nalgum momento, apontou para vós como suspeito. Chateia-me, e muito, esta ideia.

Não sei como estará a senhora da fotografia. Envergonhada, certamente. Pensando emigrar, não vá alguém dizer que foi ela quem lhe deu instruções para fazer umas bombas.

Como poderão, agora, os EUA criticar os violadores da Convenção de Genebra?

E porque razão os paízes civilizados não denunciam esta situação e exigem alterações?

17.10.06

15,7%

E viva a liberalização dos mercados, com a sempre boa livre concorrência. Cá p'ra mim a EDP vai espremer a galinha até à efectiva chegada dos espanhóis.

16.10.06

Agora o Teatro

Ontem foi a última exibição. Eu vi a de sábado. Falo do "The Pillowman", que esteve em cena no Maria Matos.
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Vou ser breve, e ficar-me apenas pelo que de mais marcante posso reportar.
O testo. É sem dúvido um excelente texto e quem o escreveu é merecedor dos prémios já alcançados. Assim que o encontrar editado, de preferência no inglês original, faço tenções de o comprar, porque é tão intenso e torcido que merece ser lido com calma.
Ora, pegando num texto destes, respeitando-o, sendo simples mas criativo, o encenador Tiago Guedes montou uma boa peça. Que assenta nas excelentes interpretações de Gonçalo Waddijgton, Albano Jerónimo, João Pedro Vaz e Marco D'Almeida.
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Se repuserem a peça (a sala estava esgotada) aproveitem para ir ver. Vale mesmo a pena. Se porventura forem a Londres ou Nova Iorque (sim, também há por aqui leitores viajados), poderá ser uma opção ir ao teatro ver esta peça, se por lá ainda estiver em exibição. Com efeito, nessas cidades, uma peça que esgota salas não sai de cena assim, pois não?

Mais cinema

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(de volta ao Photobucket)
Este fim de semana fui parar à sala do Little Miss Sunshine (traduzido para um inenarrável "Uma família à beira de um ataque de nervos"), apenas porque era o único filme que no Monumental começava às oito da noite. Não tinha lido u visto alguma coisa sobre o filme. Do cartaz apenas reconhecia alguns dos actores e encontrava a referência a ter o filme ganho o festival de cinema independente de Sundance.
E que surpresa tive eu.
Junte-se uma família disfuncional numa carrinha VW "pão-de-forma" e veja-se o que acontece aundo o texto é excelente, a realização segura e as interpretações de alto nível.
Nesta família o pai está convencido que é um vencedor e que descobriu "a pólvora" com um método de nove passos para o sucesso. O seu pai, o avô, é viciado em heroína, consome pornografia em barda e tem a linguagem de um carroceiro. O filho fez um voto de silêncio até entrar na academia da Força Aérea. Enquanto não pilota jactos de combate, treina e lê Nietzche.
A sua irmã, a mais nova, sonha ser Miss. A mãe tenta gerir a família, mas entretanto alimenta-a todos os dias com frango assado comprado . Pelo meio luta com falta de dinheiro. O seu irmão, o tio, tentou suicidar-se.
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E mais não conto. A não ser dizer que, quando no final vemos a carrinha a afastar-se estrada fora achamos que ainda é cedo. Queremos saber mais, saber o que se vai passar agora com aquela gente, agora que falharam mais uma vez, mas no falhanço encontraram algo de novo e forte. Será que alguma vez vencerão? Será que esta sensação de que algo poderá ter mudado nas suas vidas é real?
O filme não responde, mas deixa-nos sonhar. Com o fim mais cor de rosa que quisermos. Ou negro como o carvão. Todo o humor do filme é assim. Faz rir, mas deixa um travo azedo na boca.

Actualizando (aos poucos porque o blogger comeu-me um post inteiro)




A semana passada fui ver o World Trade Center do Oliver Stone e, porque queria pôr umas fotos neste post não o consegui fazer por misteriosas motivações das máquinas informáticas.



Agora ficar-me-ei pela introdução do poster.
Quanto ao filme...
Não é, felizmente, um filme para arrasar audiências. Não é um filme polémico como o Oliver Stone nos habituou com Salvador, Platoon ou JFK, ou mesmo o provocador Natural Born Kilers. WTC é um filme sobre o 11 de Setembro que nos mostra um pouquinho apenas do que se passou naquele dia, sempre centrado à volta das duas personagens que ficaram soterradas nos escombros e foram das poucas a ser libertadas com vida.
De forma clara e segura, Stone relata-nos o horror por que passaram esses dois polícias, e relata-nos o drama das suas famílias. Acontece que a encenação criada reduz a profundidade dos personagens, quem sabe se, por se basearem em gente real, viva, ficaram os actores limitados na sua criação. Mas o que é certo é que o filme "apenas" conta a história.
Ao sair da sala sentia o peso da fantástica recriação do WTC e da sua derrocada. Fui sensível à emoção impingida pelo desenrolar dos eventos. Mas não me senti próximo dos personagens. Nesse aspecto, WTC não chega a ser intimista. Por isso ficou aquém das minhas expectativas.
Mas também vos digo que numa boa sala de cinema, com grande écran e um forte dolby surround que até faça estremecer a cadeira, o momento em que a primeira torre cai é, verdadeiramente, esmagador.

12.10.06

Isto não está bom

O meu acesso à net, no trabalho, não anda bem. Não consigo postar em condições. O Zapp não está em minha casa...
Espero por melhoras para postar de jeito.

10.10.06

Souto Moura

Enquanto Souto Moura se afasta das funções de PGR ao fim de seis anos de conturbado exercício, parece desporto nacional responsabilizá-lo por todos os males, apontando o seu substituto como o supremo salvador da Justiça portuguesa.
Este meu texto destina-se exactamente a expressar posição contrária.
Souto Moura teve falhas e defeitos enquanto PGR. A começar pela facilidade com que se deixou enredar nas rasteiras da comunicação social, simplesmente porque não soube estar calado quando tal se justificava. E passando por alguma falta de controlo hierárquico, não relativamente ao magistrado do MP na comarca, mas ali naqueles cargos intermédios de grande responsabilidade, tanto mais que são o elo de ligação entre a cúpula e as bases.
Mas Souto Mouro conseguiu nestes seis anos algo de muito, mas mesmo muito relevante: incomodou quem não estava habituado a ser incomodado.
Talvez não se recordem mas antes de Souto Moura o PGR era Cunha Rodrigues. Também este PGR foi particularmente atacado quando a magistratura que dirigia apontou batarias aos "intocáveis" (recordem Melancia, Leonor Beleza, Torres Couto...). Apesar de ter sido consensual, no final do seu mandato Cunha Rodrigues tornara-se incómodo e, por isso, a sua substituição por Souto Moura, pessoa de trato afável e apenas motivada pelo Direito (com o correr do tempo Cunha Rodrigues já era visto como um actor político) pareceu adequada e direccionada a serenar ânimos e dar descanso aos novos alvos da mira judiciária.
Errou quem assim pensou.
Souto Moura manteve o MP empenhado em perseguir a criminalidade mais gravosa, de maior impacto e de mais difícil investigação. Nem sempre tal opção foi bem executada, mas a determinação existiu. E os meios começaram a ser carreados para melhores resultados.
A criminalidade "menor" passou a ser encarada com mais celeridade, menos investimento pessoal e material e ainda assim a ser mantida sob controlo. Reduziu-se drasticamente a investigação do tráfico de droga de rua, do traficante-consumidor, e investigou-se muito mais e com melhores resultados o tráfico nos degraus acima da cadeia de traficância. Olhou-se a criminalidade económica e novas formas de praticar crimes. E entrou-se em campos em que os políticos navegavam com à-vontade, perturbando o estado de graça de quem vivia habituado aos "esquemas". Assim como se revelou um sórdido mundo relativo ao tráfico de influências (vide Casa Pia).
Por isso Souto Moura é agora alvo de críticas a tordo e a direito, ou antes, à esquerda e à direita.
Mas Souto Moura não vergou a espinha, e foi um espinho para quem o julgava apenas uma flor de cheiro.
Agora vem Pinto Monteiro.
As loas que recebeu de toda a parte fazem desconfiar. Mas acredito que a vida não vai ficar mais fácil para aqueles que provavelmente julgam que uma nova direcção irá manietar a investigação. Porque a podridão é tão grande que acaba sempre por cheirar mal. E o PGR só tem duas opções: ou desata a fazer limpezas ou apodrece também.
Agora toda a gente fala de corrupção. De ânimo leve dizem que no futebol, nas autarquias, nos corredores do poder está tudo minado pela corrupção. Mas depois estendem a mão aos Isaltinos, às Felgueiras, aos Judas, aos Loureiros e Pintos da Costa, dizendo-os injustiçados e vítimas de um sistema persecutório.
Num país em que a opinião pública é fabricada nos meios de comunicação social que se citam mutuamente e alimentam polémicas que impingem ao cidadão cada vez menos esclarecido e satisfeito apenas por alguém lhe dizer o que falar e sobre o que falar nas conversas do dia-a-dia, é ingrata a posição daqueles que aindam acreditam nas instituições e as procuram pôr a funcionar democraticamente, ou seja, de forma igual para todos.

9.10.06

Alvo em movimento



É com alguma perturbação que oiço as notícias de gente alvejada pela GNR. Não por terem sido alvejados. Não. Mas pela vitimização dessas pessoas que, ao que tudo indica, desrespeitaram a autoridade policial não parando os carros que conduziam quando tal lhes foi ordenado e, uma vez começada a perseguição policial a prolongaram, assumindo comportamentos de risco para os agentes perseguidores e para todos os utentes da via pública.
A polícia tem armas!
Toda a gente sabe que a polícia tem armas!
E porquê?
Porque a polícia tem autoridade. Tem autoridade, por exemplo, para mandar parar. E se nada devemos, nada tememos. Logo, paramos.
O que se vê em comum nestes casos é o desrespeito pela autoridade policial e a vitimização por ter a polícia usado dos seus meios para exercer a sua autoridade e impedir o perigo para a sociedade.
Gente distraída não corre o risco de ser alvejada. Porque se não se aperceber da ordem de paragem também não enceta uma fuga. E mais adiante acaba por parar. Quem foge, habilita-se a ter uma reacção porporcional por parte da entidade policial que, SIM, TEM ARMAS e pode vir a dispará-las. Obviamente que alvos em movimento são mais difíceis de atingir e a lei das probabilidades vai no sentido de que os projécteis que atingem pessoas escolhem os locais mais sensíveis para se alojarem.
É, por isso, totalmente tonta a ideia que se pretende passar de que os agentes policiais são assassinos descontrolados ou incapazes com armas na mão.

Senhor Inspector-Geral da Administração Interna... não fique admirado se, apesar de todos os seus esforços, o número de incidentes com armas de fogo aumentar na actividade policial. Quem está de olhos abertos percebe que a quebra da autoridade se traduz num maior número de actos de desrespeito e agressão que vão exigir reacções que poderão envolver tiros. É a lei da proporcionalidade. E se a autoridade vem minada desde o berço, pois os pais não podem ou não querem exercê-la sobre os filhos, os professores são agredidos nas salas de aula, e os polícias desrespeitados na rua, os juízes na praça pública, o cidadão comum em toda a parte (seja o transporte público, o cinema, a loja, o restaurante ou a fila do supermercado) algo vai mal na nossa sociedade.

Não sou particularmente securitário, defensor de um Estado policial. Mas não tenho tolerância para esta vitimização do bandido, do violador da lei e da culpabilização de quem tem que agir no terreno em defesa de todos nós.

2.10.06

Supremo Tribunal de Justiça

QUEM TEM MEDO DE NORONHA DO NASCIMENTO?
Foi eleito presidente do STJ o Conselheiro Noronha do Nascimento. Pelos vistos o senhor é temido pelo poder político. Porque é que penso assim? Ora vejam.
Muito antes desta eleição, quando se perfilou a sua recandidatura (da primeira vez saíu derrotado), começaram logo a correr páginas e páginas de jornal com artigos de opinião a defender a alteração das regras da nomeação do presidente do STJ, com argumentos que simplesmente se poderiam ler como "assim elegem o Noronha do Nascimento". Sim, porque na eleição anterior, em que se apresentou como candidato para ser derrotado (e foi por pouco) não se ouviram tais reservas.
Tentaram, os poderes que conseguem penetrar na imprensa e fazer publicar notícias (alguém duvida que os partidos políticos, sejam eles governo ou oposição se incluem nesta classe), boicotar a eleição deste Conselheiro. Mas ninguém apareceu para fazer frente nesta eleição a não ser um arremedo derrotado à partida do então ainda apenas Conselheiro Pinto Monteiro, figura que entretanto se viu lançado como novo PGR.
Perante tal cenário, logo que se deu a eleição, surgiram as mais estranhas manifestações na imprensa. O Correio da Manhã pôs como chamada de capa a notícia de que Noronha do Nascimento foi eleito contra a vontade de 19 Conselheiros. É a velha questão do copo "meio cheio - meio vazio". Noronha do Nascimento teve 53 votos favoráveis, ou seja, uma legitimidade eleitoral de 73,6%. Estranha forma de noticiar
No DN e no JN também apareceram alguns artigos de opinião a questionar a eleição. Como se de repente a figura do Presidente do STJ fosse a figura do demónio. Até hoje ninguém se lembrara dele. Porquê agora? Talvez porque Noronha do Nascimento, quando ouvido por jornalistas, se bate de igual para igual e não se deixa levar pelas manhas dos entrevistadores. Poruqe em debates com políticos os consegue desarmar. Porque quando discursa não se coíbe de aflorar os assuntos polémicos, criticar ou sugerir rumos decisórios mostrando o que está errado. Se bem que me lembro de o ouvir apontar igualmente o que está correcto. Pena é que seja tão pouco.
Mas, voltando à imprensa, pior que tudo só mesmo o ignorante e ofensivo editorial do Público, em que José Manuel Fernandes está abaixo do nível de Luis Delgado quando este defendia Santana Lopes e era atacado por todos os lados. Parece agora que ninguém aponta o ridículo deste director de jornal, cada vez mais alucinado, e a fazer os favores a... a quem lhos pede. É facil perceber a quem interessa tamanha barbaridade. Para que percebam o que digo aqui fica a ignomínia. E reparem como se quer reacender a "luta" entre a Judicatura e o Ministério Público, dividindo para reinar. Vamos a ver se o agora louvado novo PGR ainda será defendido daqui a 6 meses.
Vejam então o dito editorial:
A ESTRATÉGIA DA ARANHA
José Manuel Fernandes, Público 29 de Setembro de 2006

“Querem um símbolo, um expoente, um sinónimo, dos males da justiça portuguesa? É fácil: basta citar o nome da Noronha de Nascimento e tudo o que de mal se pensa sobre corporativismo, conservadorismo, atavismo, manipulação, jogos de sombras e de influências, vem-nos imediatamente à cabeça.O juiz - porque é de um juiz de que se trata - é um homem tão inteligente como maquiavélico. Anos a fio, primeiro na Associação Sindical dos Juízes, depois no Conselho Superior da Magistratura, por fim no Supremo Tribunal de Justiça, esta figura de que a maioria dos portugueses nunca ouviu falar foi tecendo uma teia de ligações, de promiscuidades, de favores e de empenhos (há um nome mais feio, mas evito-o) que lhe assegurou que ontem conseguisse espetar na sua melena algo desgrenhada a pena de pavão que lhe faltava: ser presidente do Supremo Tribunal de Justiça. O lugar pouco vale (quem, entre os leitores, sabe dizer quem é o actual presidente daquele tribunal, formalmente a terceira figura do Estado?). Dá umas prebendas, porventura algumas mordomias, acrescenta uns galões, mas pouco poder efectivo tem.O problema, contudo, reside neste ponto: tem, ou terá? Os senhores juízes, que aqui há uns tempos se empenharam na disputa com o Tribunal Constitucional para saber quem era hierarquicamente mais importante (ganharam os do Supremo a cadeira do protocolo, deram aos do Constitucional a consolação de terem ao seu dispor um automóvel topo de gama...), nem sequer são muito respeitados. Por sua culpa, pois sabe-se que alguns passam pela cadeira do Supremo apenas uns meses e para engordar a sua reforma. O presidente daquele agigantado colégio de reverendíssimos juízes pouco poder tem tido, só que Noronha de Nascimento apresentou-se aos eleitores - ou seja, aos seus pares, aos que ajudou a subir até ao lugar onde um dia o elegeriam - com uma espécie de programa que arrepia os cabelos do mais pacato cidadão.O homem não fez a coisa por pouco: ao mesmo tempo que vestiu a pele do sindicalista (pediu que lhe aumentassem o salário e que dessem menos trabalhos aos juízes...), pôs a sobrecasaca de subversor do regime (ao querer sentar-se no Conselho de Estado) e acrescentou o lustroso (pela quantidade de sebo acumulado) chapéu do "resistente" às reformas no sector da justiça.Se era aconselhável que um presidente do Supremo Tribunal desse mais atenção a Montesquieu e ao princípio da separação de poderes do que à cartilha da CGTP, Noronha de Nascimento fez exactamente o contrário. Reivindicou como um metalúrgico capaz de ser fixado para a posteridade numa pintura do "realismo socialista" e, esquecendo-se de que é juiz e representante máximo do "terceiro poder", o judicial, pediu assento à mesa do "primeiro poder", o executivo. É certo que o poder do Conselho de Estado é tão inócuo como o penacho de ser presidente do Supremo Tribunal, só que a reivindicação contém em si duas perversidades. A primeira é ser sinal de que Noronha de Nascimento se preocupa mais com o seu protagonismo público do que com os problema da justiça. A segunda, bem mais grave, é que o homem se disponibiliza para ser o rosto de uma fronda dos juízes contra as decisões reformistas do poder político, neste momento objecto de um consenso alargado entre o partido do Governo e a principal força da oposição.É tão patético que daria para rir, não estivéssemos em Portugal e não entendêssemos como funcionam as estratégias das aranhas. O homem, creio sem receio de me enganar, é tão inteligente e habilidoso como é perigoso. Até porque tem já um adversário assumido: o novo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, um dos raros que tiveram a coragem de lhe fazer frente.”

28.9.06

Promessas

Eu prometo voltar a escrever. Mas não tenho ido ao cinema, e a realidade nacional e internacional, política e social não me tem suscitado senão azedas ideias, pelo que estou em stand-by.
Entretanto, tomem lá mais estas.

27.9.06

Por falar em estragos...

(dedicada ao FCP e ao SLB).

26.9.06

Ainda a PUB



Quem terá pago os estragos?

21.9.06

Mais PUB

"Não metas o nariz onde não és chamado"

20.9.06

PUB


Curiosidades publicitárias para os próximos dias.

19.9.06

Voltar

Voltar às origens, a casa, à família. Voltar a ser cúmplice, a esconder, a apoiar a amar. Voltar a ser uma mulher de Almodóvar, num filme de almodóvar, como só ele sabe filmar.
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Volver, a última película do espanhol, é uma aposta segura. Se há realizadores que nos habituaram com filmes de qualidade, Almodóvar é um deles. Pelo ritmo, pela cor, pela intensidade, pela qualidade do argumento e do elenco.
As mulheres de Almodóvar são sempre fantásticas, verdadeiras, cheias de história, complexas, vivem, sentem pensam, vão para além da cena na qual se exibem. E o elenco escolhido a dedo assegura essa mesma qualidade.
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Volver é um filme a não perder. Mais um a concorrer aos Óscares.
Ao mesmo tempo estreia em Portugal o 98 Octanas. Desculpem-me, pois não tenho por hábito falar de cor, de algo que não conheço. Mas o trailer deste filme português é tão pobrezinho, e tão cheio dos vícios que afastam o interesse pelo cinema nacional que nem o quero ir ver. Será assim tão difícil fazer um bom trailer? Porque estamos nós a anos-luz do cinema espanhol?

15.9.06

EXTRAS

Comprei o DVD da primeira série de Extras, a série de Ricky Gervais e Stephen Merchant, os criadores do The Office.
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São apenas seis episódios. São brilhantes, pelo humor inteligente, sofisticado e pela forma como são introduzidas as celebridades nos episódios. O texto é delicioso, e os actores dão-lhe corpo com uma entrega que torna totalmente credível a existência daquelas almas penadas, nas franjas das produções de cinema/televisão/teatro.
Aguardo ansiosamente a divulgação destes episódios na inevitável 2:, que a todos poderá fazer chegar estas pérolas da Britcom. Para quem decidir comprar o DVD, o disco de extras dos EXTRAS é hilariante, com os takes falhados, as cenas cortadas e três "documentários" de estalo.

14.9.06

UNITED 93

Este é o nome pelo qual foi designado o vôo que no dia 11.09.2001 foi desviado e não atingiu o seu alvo porque, devido à intervenção dos passageiros, se despenhou num descampado matando todos os ocupantes do avião.
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Este é o título do filme de Paul Greengrass que recria os acontecimentos desse dia.
Sem vedetas, sem excesso de protagonismo, retratando gente real colocada perante uma situação irreal.
Em certos momentos o filme assume o estilo televisivo das reconstituições. Mas nem por isso perde impacto. Antes pelo contrário, ganha verosimilhança.
Com este filme somos recordados da ineficiência da coordenação das autoridades americanas, incapazes de reagir em tempo ao que lhes acontecia; de como a CNN informava mais rapidamente que os canais oficiais; como as suspeitas de desvio de aviões chegou a atingir inúmeros vôos (o que recordo ia sendo veiculado pelos media); como os terroristas precisavam de conseguir fazer embater os aviões, condição de sucesso da missão, e por isso não estavam devidamente preparados para pela força se imporem aos passageiros apenas recorrendo à ilusão de segurança, que neste caso se perdeu uma vez que, com o atraso, os passageiros perceberam que o seu destino só poderia ser a morte.
Sabemos o fim do filme. O que aconteceu não pode ser mudado. Mas não perdemos a empatia com aquela gente que decidiu agir, com coragem e desespero, tentando sobreviver, mas também impôr o fracasso à missão suicida. E por isso damos por nós a desejar que mereciam ter conseguido.
Sabemos o que aconteceu nesse dia. Mas ficamos a saber que os poderosos EUA só tinham 4 caças para defender o seu espaço aéreo na costa Leste, dois deles desarmados. Ficamos a saber que, por pouco, não andaram a abater aviões de passageiros apenas por suspeitarem de novos desvios. E sabemos agora que o caos que os terroristas quiseram impôr foi conseguido, e se mantém disseminado pelo planeta.
Hoje houve mais um atentado no Iraque. Mais civis morreram.
(O Photobucket está em manutenção. Ainda pretendo colocar neste 'post' a imagem do cartaz do filme)
(Como prometido, já coloquei a imagem do cartaz)

11.9.06

No próximo domingo vai ocorrer uma iniciativa do Geota na qual pretendo participar (a inscrição está feita), e que aproveito para divulgar. Vejam aqui o projecto do passeio de bicicleta de Belém ao Trancão.
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Cinco Anos depois (II)

Hoje, o que posso apontar que toda a gente não veja?
Por causa destes ataques os EUA meteram-se m duas guerras que mais que duplicaram o preço do barril do petróleo. Os terroristas lograram mais dois ataques, em Londres e Madrid, que nos lembraram que podem atacar em todo o lado e com efeitos directos sobre as pessoas que se sentem escudados no mundo ocidental.
Para nos lembrar de tudo isso, hoje, no Metro de Lisboa, vi polícia por todo o lado. Nas duas estações, no comboio... seguramente com medo de réplicas comemorativas.
No Iraque Sadam saíu de cena, e o país tornou-se um ninho de víboras ingovernável. Não há dia, como hoje, que não comece com a notícia de outra explosão e da morte de uma dezena, ou mais, de pessoas. Mas com essas ninguém se preocupa.
Já lá vão cinco anos. Se um terrorista quiser fazer estragos aqui por Lisboa, consegui-lo-á faser. Só espero que não lhe corra bem o plano, e que a bomba lhe rebente nas mãos quando estiver longe de toda a gente.

Cinco anos

Onde estavas no dia 11 de Setembro?
A pergunta não é do Baptista-Bastos e não tem a ver com o 25 de Abril. Tem antes a ver com um outro dia marcante e com imagens chocantes.
Eu estava em casa. Na altura ainda em férias, estava a levantar a mesa do almoço enquanto a televisão debitava o fim do telejornal com o José Rodrigues dos Santos (1). É feita a chamada para o tema: um avião embateu no World Trade Center, em N.Y.
A curiosidade mórbida que nos atrai para as catástrofes fez-me olhar as imagens da CNN que a RTP1 pôs no ar. À distância, de muito longe, via as duas torres gémeas e uma delas ditava fumo.
Naquele momento pensei que tinha sido uma avioneta a embater no edifício. As proporções eram enganadoras e eu não apreendi a escala. Imaginei um temerário a voar pelo meio das torres e a correr mal a acrobacia. Imaginei um avião avariado em queda.
E foi então que se viu, como um míssil, outro avião a embater na outra torre. Fiquei de boca aberta, baralhado, espantado, incrédulo. O que fora aquilo?
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Mais uma vez a escala era enganadora, e eu vira uma "avioneta" a explodir. Imaginei um avião das televisões que se aproximara demais, imaginei um controlo aéreo descontrolado. Mas então lembrei-me que os media andam de helicóptero, não de avião. E que mesmo com más indicações dos controladores aéreos qualquer piloto veria as torres.
"Mãezinha, o que está a acontecer?"
Recordo-me como se fosse hoje. Sentei-me no sofá com o prato sujo nas mãos e fiquei a olhar e ouvir, esperando perceber o que se estava a passar. O Rodrigues dos Santos nada sabia adiantar: estava tão aparvalhado como eu. A SIC e a TVI nada mostravam ainda. Naquela altura apenas tinha os quatro canais de sinal aberto.
A CNN mostra outra imagem da segunda colisão: é então que percebo que os aviões em causa são aviões comerciais de passageiros, jactos, grandes aparelhos. Um arrepio anuncia-me o que já era óbvio: os EUA estão a ser atacados com os seus próprios aviões.
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Falam no terceiro avião, que cai no Pentágono. Imagino futuros cenários de guerra alargada. Acompanho com angústia o terror daqueles que estão nas torres. Vejo os minutos passar com o incêndio a aumentar. Corpos lançam-se das janelas e precipitam-se no abismo mortal para se esmagarem na rua. A azáfama dos bombeiros parece inútil: um combate de formigas contra gigantes. O fogo está lá no alto, alimentado pelo combustível dos aviões utilizados.
E, de repente, uma das torres cai pulverizada, desmorona como um castelo de areia. Com ela todos os que lá se encontravam. Gritei. Recordo que gritei. Como é possível? Como pode um edifício daqueles entrar num colapso tão definitivo? Como pode morrer assim tanta gente?
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Entretanto já telefonara para família e amigos. Dessa forma partilhava aquilo que via e sentia ali, sózinho na minha casa. A segunda torre cai, da mesma forma, e o Rodrigues dos Santos começa por dizer que aquelas imagens ainda eram uma repetição de primeira derrocada. Gritei a sua incapacidade para perceber que aquele era outro desmoronamento. Ele deve ter ouvido porque de imediato corrige a informação. Também ele, horrorizado, se apercebe que no horizonte de NY já não há qualquer uma das torres gémeas.
Fiquei agarrado ao televisor o resto do dia. No dia seguinte comprei vários jornais. Temia o que se ia seguir.
.
Notas: (1) o José Rodrigues dos Santos não estava a apresentar o telejornal do almoço. Foi chamado assim que se aperceberam que algo de grande estava a acontecer e assumiu as rédeas da emissão em directo que continuou logo depois desse noticiário.

7.9.06

Será mesmo para melhor?

Grandes alterações ocorrem nos jardins da Gulbenkian. Começou com a substituição de espécies e a colocação de uns "lagos" de reduzida profundidade, forma circular e delimitados por ferro ferrugento que acho um pouco "choninhas", sem impacto e apenas despropositados.
Depois, apareceram umas coberturas de tecido à volta do CAMJAP, oferecendo sombra neste Verão quente. Aparentemente seriam uma solução provisória que julguei escolhida para a cerimónia formal que ocorreu celebrando os 50 anos da fundação e a encheu de VIPs. Porém, mantiveram-se lá, começando a evidenciar o notório desgaste provocado pelo sol e humidade. O tecido começa a abaular cada vez mais e já lhe bato com a cabeça. As aves têm contribuído para forrar a parte superior dos toldos com caca naturalmente inestética.
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(fotografia de Urso Polar)
.
Agora revelou-se a nova intervenção: um palco aparentemente permanente, com pala, colocado no anfiteatro ao ar livre.
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(fotografia de Urso Polar)
Não é repulsiva, por si, a estrutura retratada. Porém, para mim, estraga o anfiteatro. É um monstro permanente que se intromete e viola a relação daqueles lugares com o lago, o relvado e o próprio edifício principal. Não será o mesmo estar ali sentado, em qualquer altura do ano, a ler o jornal, um livro, ou a namorar. A partir de agora, os lugares do anfiteatro ao ar livre estão mais fechados, claustrofóbicos, e perderam a amplitude que os tornavam muito agradáveis e proporcionavam repouso ao olhar.
Por isso pergunto: Será mesmo para melhor?

5.9.06

Pouca-terra, pouca-terra, pouca-terra, choo-choo

Avizinham-se muitas viagens de comboio, pelo menos durante este ano, tendo a primeira das quais acontecido este domingo. O trajecto partia de Tunes e acabava em Entrecampos (Algarve-Lisboa). Porque nunca o fizera, decidi escolher o serviço de primeira classe, no Alfa Pendular da CP.
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Como ultimamente tenho tido algum azar nas viagens de comboio, esta não foi excepção. O dito Alfa chegou uns minutos atrasado (o que compensou no resto do percurso) porque fora atacado.
Sim... O Alfa foi atacado por um grupo... bom, deixa-me esclarecer desde já que não foi um assalto daqueles de pôr o tronco no meio da linha para o comboio parar e assaltar os passageiros encetando depois uma fuga a cavalo. Se pensaram nisso andam a ver demasiada coboiada na televisão ou a ler os Lucky Luke do Público. O ataque fez-se com latas de tinta em spray.
Não vi a investida mas escutei a sua descrição. Tendo o comboio que parar perto de Boliqueime para se cruzar com outro que circulava em sentido contrário na via única, um grupo de pelo menos treze indivíduos, com as caras cobertas, avançou para a composição e pintou a parte de fora do lado esquerdo das duas carruagens "conforto" (1ª classe). O revisor tentou sair do comboio para os afugentar e por duas vezes foi apedrejado.
A missão estava bem planeada. Uns pintavam, outros apedrejavam, outros fotografavam o troféu.
Esta operação de terrorismo urbano teve como consequência uma viagem de duas horas e meia com o cheiro da tinta, que era chupado para o interior fechado da carruagem pelo ar condicionado, estragando o ar de quem ali viajava.
Qual foi o gozo?
Se calhar está na internet. eu procurei mas não o encontrei.
Aos palhaços que fizeram isto, só espero que tenham um ataque de impotência e frigidez, dependendo do género, para os próximos cinco anos.
.
.
Já aqui há tempos fui de Lisboa a Setúbal de comboio e apanhei um sacana que após uma discussão largou na carruagem uma baforada daqueles sprays de defesa que intoxicou toda a gente. Consegui mudar de poiso depressa, mas não me livrei dumas tossidelas. Outro sacana que nem com Viagra deveria conseguir algum resultado nos próximos dez anos...

31.8.06

29.8.06

Pára!

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Fotografia de Urso Polar

28.8.06

Confuso

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(fotografia de Urso Polar)

20.8.06

Pirataria

À semelhança de muitos outros blogs da nossa praça fui vítima de um acto de pirataria, tendo aparecido neste blog uma mensagem, supostamente assinada por mim, típico exemplo de spam. Até aqui chegam, os fdps.
Mudei a password e apaguei essa mensagem. Pouco mais podia fazer.
Mas aproveito para contar que, outro dia, quando ia ao blog dos Marretas fui surpreendido por um vírus que entrou no meu computador. O McAfee detectou-o mas não o conseguia apagar. E cada vez que ordenava ao anti-virus para o apagar, os ficheiros reproduziam-se e tentavam ligar-se à net. Tive que desligar o Zapp (o aparelho) e apagá-los, um a um, à mão, conforme o McAfee os identificou. Que porcaria esta, quando ficamos em perigo só de olhar para uns blogs amigos.

19.8.06

Descanso

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(foto de Urso Polar)

18.8.06

Sou preguiçoso

Apesar das promessas, não tenho escrito aqui nada de novo. Porquê? Porque sou preguiçoso.
Agora que faço uns dias de praia, os dias correm sem nada de especial. Aproveito para ler livros de ficção científica, jornais, revistas, banda desenhada, apanhar sol, banhar-me no mar e jogar raquetas de praia. Reduzido que estou a quatro canais na televisão, dou por mim a espreitar apenas a 2:, porque nenhum dos outros canais tem alguma coisa para ver.
Não vou ao cinema já lá vai muito tempo, pelo que este é um daqueles meses em que o KingKard é uma oferta de dinheiro para a Medeia.
Fui ao Jazz em Agosto, da Gulbenkian, ouvir o Claudia Quintet, e gostei, recomendando o grupo.
As férias correm céleres e já se avizinha o regresso ao trabalho, dia 1 de Setembro.
Por isso, vou continuar preguiçoso e guardar-me para Setembro para partilhar convosco algo mais. Tenho aqui umas fotografias para pôr no blog, e umas coisitas novas para contar. E certamente o regresso de férias trará muita coisa com que me indignar. Como de costume.

3.8.06

No sábado abre em Portimão a exposição das fotografias vencedoras da 6ª corrida fotográfica de Portimão. É na zona ribeirinha e recomenda-se, quanto mais não seja porque nalgumas dessas fotografias está retratado o próprio Urso Polar. Não, não sou um dos vencedores, apesar de ter participado, mas posso dizer que contribuí para que outra pessoa ganhasse o... o primeiro prémio.
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Vivi dois anos em Silves e foram poucas as vezes que fui à praia no Algarve no mês de Agosto. Espero dar lá um salto neste fim de semana alargado, mas já conto com a habitual enchente e trânsito, especialmente neste ano em que os portugueses não tiveram dinheiro para ir para o estrangeiro. Por mim, Agosto é o mês ideal para andar por Lisboa. Não há trânsito, nem gente, e a oferta cultural justifica o calor. E tantas praias há nos arredores que asseguram o mergulho refrescante e a areia nas virilhas.
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Macau está em alerta por causa de um tufão. A Noite não está lá para nos contar a experiência. Ainda bem para ela.

2.8.06

Profissão: Repórter

O filme de Michelangelo Antonioni, de 1975, está em reposição no Nimas. Conta com a interpretação fantástica de um Jack Nicholson magrinho e muito, muito novo. Conta igualmente com Maria Schneider, saída do Último Tango em Paris, evidenciando uma total falta de naturalidade ou qualidade de interpretação. O filme conta a história de um repórter, farto da sua vida que, perante a oportunidade que se lhe coloca, troca de identidade com um morto. Porém, ao invés de dominar o resultado da troca, é antes dominado por causa da incapacidade de perceber tudo o que a nova identidade importa. Pelo meio conhece Schneider e com ela segue um percurso de fuga à própria vida, passando por Munique e Espanha.
O filme tem imagens de uma beleza contemplativa extraordinária, mas não se esgota na imobilidade. A acção deixa-nos sempre a querer saber o que se vai passar a seguir, saber onde acabará a corrida daquela personagem, se alguma vez acabará.
O filme envelheceu muito bem. Trinta anos depois merece um cuidado visionamento.

28.7.06

Piratas e cercas

Desta vez sem fotografias, porque não tive paciência para as ir buscar, aqui fica a minha opinião sobre os dois últimos filmes que fui ver.
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Sem dúvida um grande filme de aventura, humor e insólito, recomendo vivamente que vejam Piratas das Caraíbas - O Cofre do Homem Morto. Se gostaram do primeiro filme da saga, continuem a acompanhar as aventuras de Jack Sparrow, brilhantemente encarnado por Johnny Deep.
Só tem um defeito, este filme. Assumida que ficou a produção da triologia, ficamos com o filme a meio. Eu explico. Lembrem-se do segundo filme de triologias como Regresso ao Futuro, Matrix, Senhor dos Aneis. Tal como nesses casos, este filme é nitidamente de transição, e a história não acaba, antes deixando a porta escancarada para o terceiro filme. Que está longe de estrear e eu quero ver já.
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Pular a Cerca é mais um filme de animação dos produtores de Madagáscar. Mas desta feita fica muito aquém de sucessos anteriores. A história é desinteressante, os bonecos não são especialmente engraçados, e o humor fica-se por piadas óbvias e sem criatividade. Não me satisfez.

26.7.06

Anos '80 - 80 Memórias (43)

Está a repetir no People'n'Arts a série Fama, exemplo típico dos anos oitenta. Começou a ser transmitida a 07.01.1982 e acabou em 18.05.1987 ao fim de seis temporadas.
Quem não se recorda da Fama? Das aventuras daqueles alunos da escola de artes? Das danças, das músicas, de tantos jovens que foram passando ao longo das temporadas, posto que, pela natureza da mesma, os alunos iam acabando o curso (equivalente ao secundário) e saíndo dando lugar a outros.
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Hoje olho para a série e reconheço roupas, penteados, maneiras de ser e de falar que eram copiados por cá, por mim e pelos meus colegas de escola. Vejo quão diferente era a forma de fazer televisão, de abordar problemáticas ou de transmitir a realidade, e o que mudou desde então até hoje.
Um olhar pela internet levou-me a procurar o percurso de gente que ficou guardada na memória de uma série. São os das duas primeiras temporadas, que depois foram saíndo, dando lugar a outros. Espero que continuem a transmitir todas as temporadas para reavivar essas lembranças.
Assim, Debbie Allen (Lydia Grant) continua ligada à TV, em particular à dança e à coreografia; Carol Mayo Jenkis (Elisabeth Sherwood) fez televisão até 1995 e desapareceu do mapa; Albert Hague (Prof. Shorofsky) faleceu em 2001, mas fez televisão até dois anos antes; Lori Singer (Julie Miller) fez alguma tv e cinema, muitas vezes a tocar o seu violoncelo, entrando em filmes como o mítico Footlose, ou o Short Cuts, do Altman; Lee Currieri (Bruno Martelli) continuou fazendo TV em série desconhecidas entre nós; tal como Carlo Imperato (Dany Amatullo), que passou pelo Friends; Valerie Landsburg (Doris Schwartz) interpretou e realizou em TV e passou pela série Nip/Tuck, em exibição; Gene Anthony Ray (LeroyJohnson), à data visto como um rebelde e que hoje aparenta ser um personagem homossexual reprimido, faleceu em 2003, seropositvo, depois de dançar nalgumas série e filmes, como o Austin Powers, Goldmember, sua última actuação; e, finalmente, Erica Gimpel (a Coco Hernandez), que para além de filmes entrou sistematicamente em televisão em séries como Profiler, Babylon5, Roswell, ER, The Division, JAG, House, e Boston Legal.
Hoje a série FAMA é um monumento aos anos '80, que os cruzou e representou. Sabe bem revê-la. Envelheceu muito melhor que tantas outras séries de televisão.