Ontem os Mão Morta apresentaram em concerto, no Coliseu dos Recreios em Lisboa, o seu último álbum, "Pesadelos em Peluche".
Continuam iguais a si próprios, duros mas melódicos, capazes de fazer estremecer o Coliseu, mas ao mesmo tempo embalando-o num cuidado dedilhar de notas. Adolfo Luxúria Canibal, dançando como um zombie epilético, grunhe, grita, guturalmente expressa as letras cruas e aprimoradas dos temas, sejam eles novos ou antigos. Tal como sempre nos habituou.
Uma entrada a matar com dois êxitos do passado abriu portas para os temas novos que muitos fãs já cantavam. Ao fim de duas horas de concerto o mesmo findou com o amargo sabor de parecer pouco tempo.
O Coliseu estava pouco cheio, talvez três quintos da sua capacidade. E, realmente, acho que o espaço não favorecia a banda. Se não quiséssemos estar na linha da frente da plateia (sinceramente, já não tenho idade para isso) tornava-se necessário um compromisso: as bancadas laterais, com óptima visibilidade, perdiam clareza no som da voz, todo ele projectado para o fundo da sala; aí, porém, já a banda estava longe e os mais baixos nada viam, pois para plateia corrida, em pé, seria mais adequado um palco com o dobro da altura.
Para mim, os Mão Morta devem ser vistos em anfiteatro, como já aconteceu no Fórum Lisboa, na Culturgest, ou no São Jorge.
Tenho agora o disco para escutar com atenção, e apanhar os refrões que ontem, facilmente, ficaram no ouvido. Sigam o capitão.