29.5.12

Ciclos

Os jacarandás pintam as avenidas de lilás.
As olaias choram resina no calor das tardes.
O chão fica peganhento, os automóveis imundos, e eu satisfeito por estar a um mês e meio das férias de Verão.

28.5.12

Moscas

É impressão minha, ou andamos cheios de moscas?
Até que ponto o país já passou do prazo de validade?

27.5.12

Dois filmes para matar a sede...

Ao fim de muito tempo sem comprar um bilhete, fui ver dois filmes e assim matar a sede de cinema. Acho que ambos merecem ser vistos em ecrã gigante, no escuro de uma sala pública

Primeiro, vi os Vingadores, filme baseado nos comics da Marvel pelo que, como não podia deixar de ser, a dada altura lá aparece Stan Lee a fazer figuras. 
Convém precisar que a única razão pela qual este filme exige uma ida ao cinema estará no facto de ter investido na versão 3D. Não é espectacular, em termos de efeitos, mas sempre é diferente encontrar a textura tridimensional nas cenas de maior acção. 
Porém, ao fim de quase duas horas e meia de projecção, saí da sala com uma dor de cabeça miudinha. Ver filmes em 3D ainda não é natural para os meus olhos, e creio que não o será para a maioria dos mortais.

Quanto ao filme, propriamente dito, achei o argumento melhor que os dos filmes "preparatórios", merecendo os personagens maior investimento na sua "densidade", sem esquecer que são figuras da BD. Os dilemas, os diálogos, o encadeamento de emoções e acções estão muito próximos dos comics e, por essa fidelidade, gostei do filme. Sem surpreender, respeita as expectativas criadas.


O outro filme que mereceu a minha atenção este fim de semana foi a última fita de Tim Burton, mais um com Johnny Depp a assumir o protagonismo.
A história segue um padrão clássico, não surpreendendo de tão previsível que é. Mas a roupagem excessiva pintada por Tim Burton enquadra de forma perfeita este filme no seu universo. O filme faz-nos rir, torcer pelos personagens, e esquecer os vampiros "cool" e depressivos que inundam o cinema e a televisão, devolvendo-nos um vampiro à antiga, ainda que perturbado com os tempos modernos.
Perfeito para quem quer esquecer a troika e para quem acompanha com gosto os filmes de Burton.

22.5.12

Crise?

A Troika está de volta para reavaliar o bom aluno que Portugal quer ser.
Deve ficar satisfeita. Contudo...


Nos últimos dias, o número de Ferraris, Porsches, Aston Martins e Jaguares que vi na rua foi maior que o costume.
As esplanadas continuam cheias de estudantes que, na entrada para os exames, têm dinheiro para consumir sol e cerveja sem restrições.
Os bilhetes para os festivais de Verão (sempre a começar nos € 50,00) vendem-se que nem papo-secos.
À noite, os bares vendem álcool à fartazana apesar dos preços proibitivos (em Dublin bebe-se por metade do preço).
Há restaurantes que fecham portas ao mesmo ritmo que outros se estreiam com festas de arromba.
O Governo anuncia o que fez e o que quer fazer como se tudo estivesse controlado e no bom caminho.


Por outro lado... todos os dias vejo mais gente desocupada, desempregada.
O trânsito é menos intenso. Os transportes públicos conduzem menos gente. Há mais pedestres e ciclistas nas ruas.
Os restaurantes e snack-bares têm cada vez menos clientes a almoçar. Muitos fecharam portas, vencidos pela marmita e pela sandes.
Nas lojas de roupa, sapatos e acessórios as máquinas registadoras funcionam cada vez menos.
Excepto naquelas onde cada compra ultrapassa o salário mínimo. Aí, business as usual.


Sinto o fosso entre ricos e pobres a cavar-se cada vez mais. A classe média é cada vez mais uma super-modelo magra e escanzelada. Os ricos, apenas uma franja anoréctica. No limiar da pobreza, a lutar com a contas, a cortar no essencial, na corda bamba do emprego/desemprego encontro a obesidade mórbida da sociedade. E aqui, não há como "cortar nas gorduras".

O sol esconde os problemas, é o que vos digo. Um ou dois anos disto será estoicamente suportado. Mas acabará por esgotar a imaginação e a tolerância do português que procura sobreviver a esta crise. Podem fingir que está tudo bem, mas não está.
Sinto um desconforto que se acumula. E desejo que a panela de pressão tenha a válvula operacional, para ir descomprimindo enquanto cozemos em lume baixo.

15.5.12

Acabou Fátima... vem aí o Futebol

Se Portugal entrar com esta equipa e este esquema táctico em campo, é capaz de ganhar, não?

10.5.12

Dublin

Choveu. Chove. Choverá.
Em trabalho, pouco tempo sobra para olhar em volta.
Mas dá vontade de voltar com mais tempo, e promessa de melhor tempo.

6.5.12

Anthony Bourdain em Lisboa


Excelente escolha de locais, comidas, pessoas. Montagem cinco estrelas. 
E, seguramente, para muitos dos que no estrangeiro verão este episódio, o desejo de visitar Lisboa.
Enquanto não chega à televisão, para ver, no Youtube.

5.5.12

Mais uma vez, Senhoras e Senhores, Dead Combo

Na quinta-feira os Dead Combo, acompanhados da Real Orquestra das Caveiras, das Víboras do Chiado e do convidado  Camané, brindaram a assistência das Aula Magna com duas horas e meia memoráveis. Passando por temas de toda a carreira, estiveram ao seu melhor, demonstrando como maltratar guitarras não é crime, mas sim uma forma brilhante de produzir música de primeira água.
Que continuem por muitos anos, e que eu tenha a oportunidade de voltar às filas da frente para ver aquelas mãos mágicas a dominar instrumentos gritantes.