Dez da manhã.
Olho pela janela do gabinete e a escuridão incomoda-me.
Tive que acender a luz, passando de imediato a sentir uma pressão entre a nuca e o meio da testa.
Agora não chove. É pena. Preferia que bátegas se esmagassem contra os vidros, empurradas por ventos uivantes, enquanto relâmpagos rasgassem o tecto nublado. Iria aliviar a tensão que se acumula. Abafaria o sopro constante do ar forçado que corre pelas entranhas do edifício e é despejado por cima da minha cabeça. Daria sentido à escuridão.
Em vez disso, não chove. Não sopra vento. Não troveja. Sente-se uma calma de morte, opressiva, como uma jibóia que nos abraça e aperta. Espero a minha vez.
Que seja rápido.
Quero ir para casa.
Sem comentários:
Enviar um comentário