27.9.13

10:00am

Dez da manhã. 
Olho pela janela do gabinete e a escuridão incomoda-me.
Tive que acender a luz, passando de imediato a sentir uma pressão entre a nuca e o meio da testa. 
Agora não chove. É pena. Preferia que bátegas se esmagassem contra os vidros, empurradas por ventos uivantes, enquanto relâmpagos rasgassem o tecto nublado. Iria aliviar a tensão que se acumula. Abafaria o sopro constante do ar forçado que corre pelas entranhas do edifício e é despejado por cima da minha cabeça. Daria sentido à escuridão.

Em vez disso, não chove. Não sopra vento. Não troveja. Sente-se uma calma de morte, opressiva, como uma jibóia que nos abraça e aperta. Espero a minha vez. 
Que seja rápido. 
Quero ir para casa.

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