14.8.04

Porque fazem coisas destas?

Que procuram pessoas de responsabilidades acrescidas quando se põem a falar com jornalistas? Quão ingénuas pretenderão ser?

Pela primeira vez, sim, primeira vez, comprei O Independente, porque tinha que ler aquilo que dizem estar nas famosas cassetes roubadas ao jornalista do Correio de Manhã, e que levaram à demissão do então director da Polícia Judiciária, Dr. Adelino Salvado.
Desde já faço um parentesis para esclarecer que, por razões não perfeitamente fundadas, não gostei da sua actuação à frente da PJ, do seu estilo, das suas declarações, o que começou a evidenciar-se pela forma como afastou a Dra. Maria José Morgado e o Dr. Cunha Lopes, ao fim de dois/três meses de exercício de funções.
Dizia eu que tive de ler tais transcrições e, embora tendo ficado triste com aquilo que me foi revelado, tenho que afirmar que não me surpreendeu. Continuo, e sem perceber.
Quanto à porta-voz da PGR, Sara Pina, ex-jornalista, docente na área, ainda posso perceber que a proximidade pessoal e profissional com os colegas ávidos de informação a levem a trair os seus deveres profissionais. Não justificam tal conduta, mas permitem compreendê-la pois se hoje coça as costas ao colega, amanhã poderá cobrar o contrário. Censurável a escolha, espero que lhe seja mostrado o caminho da rua, e se pense muito bem em quem confiar a função de porta-voz da PGR. E, já agora, que sirva de lição para que no futuro, se vier um dia a ser satisfeita a pretensão dos Juízes de ter um gabinete de imprensa que sirva de ligação entre a magistratura judicial e a comunicação social, se evitem asneiras deste tipo.

Contudo, não consigo compreender como um Magistrado Judicial, Juiz Desembargador, que assume funções de liderança do corpo de polícia de investigação fala, e daquela forma, com um jornalista. Seja ele do Correio da Manhã ou de qualquer outro orgão de comunicação social.
Esconder-se no falar em off é simplesmente ridículo. Ou se dão informações, ou não. E, na afirmativa, violam-se elementares deveres ético-profissionais. Mal andou Adelino Salvado, com isso deixando ficar mal muita gente, a começar pelos seus colegas de profissão.
Que quereria ele? Sentir-se-ia bem por ajudar às manchetes e confusão que então se vivia? Era assim que se realizava?
Não consigo, não posso e não quero compreender. E tenho pena que, legalmente, não possam as gravações servir de prova (lembram-se do caso do Fernando Negrão, em que o testemunho daqueles que ouviram em alta voz, sem seu conhecimento, a conversa com o jornalista, não foi válido), pois à primeira vista, o Dr. Adelino Salvado deveria ser devidamente sujeito a julgamento perante o Supremo Tribunal de Justiça pelo crime de violação do segredo de justiça.

Mas não apenas ele. Outros deveriam ser sujeitos a igual tratamento.
E que dizer de Inês Serra Lopes, directora de O Independente, que numa televisão disse qualquer coisa como o respeito pela lei não é o nosso primeiro critério editorial nem sequer um fundamental?

Assim vai o estado da Nação.


Já agora, os putos da bola já aprenderam que a humildade não fica apenas bem, mas que é uma qualidade a cultivar e da qual podem ser tirados dividendos.
Quanto aos Gregos, estiveram muito bem ontem na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Foi um espectáculo agradável, surpreendente e à altura do acontecimento. Parabéns.Italic

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