Distrito 9 é um daqueles filmes que demonstram que o espírito da ficção científica ainda está vivo.
Ao invés de rumar nas águas da fantasia, propõe uma situação de ficção científica (o acolher de um milhão de alienígenas que "encalham" na terra e de cá não conseguem sair) para explorar a natureza humana e, em jeito de alegoria, demonstrar aquilo que hoje somos.
Enquanto Hollywood aproveita e explora os efeitos especiais como sendo o essencial do filme, contentando-se com histórias mal amanhadas, à medida de brinquedos ou BDs, criadas apenas para expôr a nova tecnologia CGI, este filme rodado na África do Sul exibe a natureza humana do seu melhor ao seu pior.
Não nos enganemos: à semelhança de muita da ficção científica, nomeadamente ali dos anos 50/60 do século passado, a história não é brilhante nem surpreendente. É simples nas suas raízes e esta imagem, em Joanesburgo, lembra memórias recentes e explica logo por onde navega este barco.
Não é de estranhar que Peter "Senhor dos Aneis" Jackson seja o principal produtor da obra, realizada por um seu coloborador. E em jeito de documentário lá vamos percebendo o que acontece quando, em plena segregação dos ETs (porque será que o tradutor insistiu em legendar a sua designação como "gafanhotos" se o original inglês dizia "prawns", ou seja, camarões?) um humano é infectado com uma substância que o vai transformar em alienígena.
Apesar de ter gostado muito do filme, pelas suas características, não consigo dar-lhe uma nota mais além que um sólido três. Suficientemente sólido para que os amantes da ficção-científica o achem imperdível.