Na segunda-feira estive no Funchal.
Apesar de não ter tido tempo para visitas e com calma absorver tudo o que me rodeava, uma caminhada pela baixa entre dois dos meus destinos permitiu encontrar alguns dos resultados da enxurrada de há três semanas.
A azáfama vivida por aquelas ruas recorda-nos o afã das abelhinhas à volta do mel. Há muita, mesmo muita gente a trabalhar na reconstrução. Camiões e máquinas pesadas atacam as ribeiras para as limpar e reconstruir; auto-bombas sugam as lamas que ainda se escondem nalguns buracos; contentores recolhem os restos das limpezas de casas e lojas; há comércio que já reabriu; noutros estabelecimentos já se pinta, mobila, decora; em alguns outros espaços os pedreiros picam o reboco apodrecido e aplicam novas massas; restam alguns vazios assombrados pelo castanho das lamas que se ergueram à altura do peito.
A maioria das ruas e praças já foram devolvidas aos cidadãos. Os turistas já se sentam nas esplanadas e passeiam de máquina fotográfica em punho retratando os trabalhos em curso. Infelizmente, não tive tempo nem calma para fotografar o que via.
A Madeira enfrenta com rapidez a necessidade de reconstrução. Disseram-me que, contudo, mais para Norte, fora do centro, as coisas se passam mais devagar. Mas acredito que, logo que os meios se forem desmobilizando do centro do Funchal chegarão aos pontos mais remotos da ilha. E a este ritmo, rapidamente será superada a tragédia.
Porém, durante muito tempo, quando chover mais do que o costume, aquela gente sentirá um friozinho no estômago, revivendo os momentos de pânico e dor deste final de Fevereiro.