29.10.12

Ornatos de todas as cores

(foto de José Sena Goulão/LUSA - porque as minhas, de iPhone e à distância, não se aproveitam)


Felizmente arranjei bilhetes para o concerto dos Ornatos Violeta de sábado. Tive o prazer de ver um espectáculo completo de uma banda mítica que na curta duração de dois álbuns nos mostrou como se pode fazer excelente música em português. Música que, passados estes anos todos, ainda está nos lábios daquela enorme gente que encheu o Coliseu. Cheio. Mesmo muito cheio.
No momento final em que Manuel Cruz chamou ao palco umas dezenas de espectadores, foi evidente que os miúdos escolhidos nem sequer andariam na escola quando a banda acabou. Nem  mesmo seriam nascidos quando os discos saíram... E ainda assim estavam ali, vibrantes ao som da banda.
Durante mais de duas horas e meia o quinteto revisitou todos os seus temas. Editados ou não. Era este o terceiro concerto consecutivo em Lisboa e a  entrega de Manuel Cruz revelou-se logo nos primeiros temas, desde logo evidente na sua voz já cansada. Nem por isso deu menos àqueles milhares de espectadores. Entregou-se de corpo e alma sem reserva, assim como o fizeram os restantes membros da banda. Deram tudo o que tinham e mais ainda. Puseram todos a cantar em uníssono. Provocaram contínuos pedidos por mais música, mais Ornatos, mais. Ninguém queria que se fossem embora, já sabendo que desta será de vez. Que não haverá mais. Que agora os Ornatos chegam ao seu fim, um fim como deve ser, sem dramas nem surpresas.
Um fim que, em palco, se revelou com "a moedinha n.º 1 do Tio Patinhas".
Foram grandes. Continuarão a ser grandes. E "Cão!" e "O Monstro Precisa de Amigos", dois dos meus álbuns favoritos.
Obrigado.

007 - Back to Basics

Chegou esta sexta-feira o último filme de 007, "Skyfall". Só posso dizer que o filme é fantástico, dentro do universo "James Bond".
Está muito bem escrito, melhor realizado e tem interpretações de muito bom nível, com personagens mais densos do que estamos habituados para a saga.
O vilão, Javier Bardem, é espelho de poderosos criatividade e desempenho, e as suas intenções são mundanas e longe da megalomania de outrora.
Daniel Craig é, para mim, o melhor Bond de sempre.
E o filme regressa ao básico, esquece os "gadgets" infernais (apesar de não resistir a pôr umas luzinhas numa pistola para um desfecho irrelevante), esconde a publicidade que nos tempos de Brosnan era gritante, e desperta-nos a memória com estímulos do passado, ligando o actual 007 ao seu passado.
Encontraremos sempre um lado mais infantil, uma ponta menos bem arrematada, ou uma cena que se dispensava por tão inútil e despropositada. Mas, meus amigos, isso faz parte do pacote que traz o agente secreto mais famoso de sempre.
Porém, ao contrário dos tempos passados, este é um filme que, ao chegar ao fim, nos deixa na boca o gostinho da antecipação dizendo "quero ver o próximo; quando sai?".
Não percam este. Fiquem à espera do que vier a seguir.

20.10.12

Passado, presente, futuro, ou como poderíamos perder tempo a fazer esquemas com futuros e presentes alternativos

Um dos melhores filmes sobre viagens no tempo.
Coerente, inteligente, com bastante acção. Não só por ter Bruce Willis, faz lembrar "12 Macacos". Também pela forma inteligente como não se dispersa na criação do futuro, dos cenários, do acessório, e se concentra na história. O elenco está impecável, destacando-se o trabalho de caracterização a Joseph Gordon-Levitt, um "Willis" mais novo incrível.
Não percam. Isto é cinema de acção, ficção científica, entretenimento, que não toma o espectador por estúpido, antes apela à sua sabedoria e compreensão.
Muito bom.

17.10.12

Alegoria em Roma, com alegria

Woody Allen tem várias histórias para contar. Cada história representa uma alegoria, e tem uma mensagem. Para a recolhermos temos que viver com os personagens cenas embaraçosas, divertidas, irreais, imaginativas...
Com elas riremos como Woody sempre soube fazer, criando situações hilariantes, mas sempre comedidas.
É inútil procura a ligação entre as histórias durante o filme. Correm mesmo a ritmos temporais distintos. Mas no fim, tudo faz sentido, e vamos para casa satisfeitos por Woody Allen continuar a fazer um filme por ano. É reconfortante.
Vão ver.

13.10.12

Bicla

Se virem um Urso Polar em cima de uma destas... não fiquem espantados.
É o novo brinquedo cá de casa. Mais um exemplo de adaptação urbana.

10.10.12

Encontros imediatos de terceiro grau?

Não.
Museu da Art Deco em Salamanca. Infelizmente ficou por visitar.

3.10.12

E ao Lado Mora Outro Pecado


Pois, ali perto, já há umas semanas que abriu outra tentação.
Não há dieta que resista!

O Pecado Mora ao Lado

Pertinho de casa abriu mais uma tentação.
Os chocolates da Arcádia estão agora à mão de semear.
Ahh!, desgraçados, que tudo fazem para me desviar do caminho da rectidão!

1.10.12

Sete anos em Lisboa

A propósito de conversas que nos últimos tempos tenho tido com algumas pessoas sobre "viver no campo", recomendo que se oiça um pouco a rádio.
Estamos a 01 de Outubro. Há dinheiro para encher o depósito. As aulas começaram em força. Já quase ninguém está de férias.
Por acaso faz sol, nem uma gota de chuva entropece o tráfego automóvel.
Pois todos os acessos a Lisboa, como todos os acessos ao Porto, apresentam diferentes níveis de engarrafamento.
Pensem agora nas vantagens de viver fora da cidade. Falem-me agora dos passarinhos, da calma, da vossa casa ser maior que a minha e ter custado o mesmo, de terem garagem, arrecadação, relvado e, quem sabe, piscina. Do ar ser mais fresco...
Há quanto tempo estão a tentar entrar em Lisboa? Quantas vezes já vociferaram?, cerraram os dentes?, abanaram a cabeça?, olharam para o relógio?, sopraram arreliados?
Eu demorei quinze minutos de casa ao trabalho. Apanhei um autocarro, mudei para o metro, entrei numa pastelaria e sentei-me ao computador vinte minutos depois de fechar a porta de casa.
Ao fim do dia, nas traseiras do meu prédio, vejo e oiço os pássaros nas árvores. O sol põe-se e, de janela aberta, consumo o anoitecer sem o ruído da cidade que se perde nas artérias principais. Ao fim de semana, Lisboa é mesmo muito sossegada. Tenho à minha volta mais coisas para ver, fazer, experimentar, do que alguma vez terei tempo para frequentar. Comprem a Time Out e vejam. Vejam lá o que poderiam fazer se não passassem pelo menos duas horas no trânsito, todos os dias. Vejam lá o que poderiam fazer se não gastassem todo esse dinheiro em combustível e portagens.
Em dias como este, quando oiço no rádio a descrição das filas e do tempo perdido para entrar na cidade, recordo-me da minha vida 2004/2005, antes de vir viver para Lisboa (faz hoje, precisamente, sete anos). Recordo-me de acordar acelerado para chegar à A5 antes das 07H10, para chegar a Lisboa em 25 minutos e não em mais de uma hora. Recordo-me das manobras doidas que todos os dias via na auto-estrada feitas por condutores cansados, distraídos, mal-educados, atrasados... Recordo-me de chegar a casa agastado pelos quilómetros, quantas vezes a passo de caracol.
Sete anos em Lisboa (e não no Tibete) são sete anos de qualidade de vida.
Em Lisboa, no centro de tudo, ao alcance de tudo.