Eram sete da manhã e já estava a pé. Uma comichão frenética corria os músculos e agitava as pernas que não se aguentavam debaixo do edredão. Virou-se para um lado, depois para outro, repetiu a manobra tantas vezes que se aborreceu e saltou da cama decidido.
Olhou desconsolado para o relógio. Durante a semana, todos os dias, quando o despertador tocava, sentia uma enorme tristeza por não poder dormir mais. Hoje, domingo, com o tempo todo a seu favor, não conseguia dormir.
Comeu, tomou banho, vestiu-se e foi à janela olhar o dia de sol que já estava anunciado. Céu azul, sem um farrapo de nuvem, sequer, e uma temperatura gélida. Sentiu o convite para passear, pegar na câmara e ir fotografar, ligar o automóvel e conduzir até à beira mar.
Dez minutos depois, vestido para sair para a rua, voltou para vale de lençóis. O calor do edredão rapidamente o aconchegou, relaxou e adormeceu. Recuperou as quatro horas de sono que se tinham perdido na semana de trabalho. E à tarde ainda foi lanchar numa esplanada para afugentar a angústia dos próximos cinco dias de papelada, chefias, colegas e depressão.
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