Sinto o calor. As tórridas temperaturas. A chuva que agora cai, pouco mias que humidade condensada no ar e que suavemente se deita sobre a terra. O cheiro da terra.
Sinto o fumo, o ardor dos incêndios que parecem andar por todo o lado. Em Lisboa a cidade foi coberta de fumo, Mafra ardia. A praia perdeu o encanto, sofucada nas cinzas de longe trazidas.
Sinto a cidade mais habitada que o habitual para este mês. Ainda assim sinto a cultura que passa nas galerias, nas exposições de fotografia, nos teatros, nos museus, nos cinemas, nas ruas, nos concertos.
Sinto o Sol queimando a pel e dando-me um ar saudável, arejado. Sinto os pelos a ficar louros enquanto sinto a areia a tomar a pele de assalto. Sinto o mar frio e revolto, calmo e quente, acolhedor e arrepiante. Sinto o vento. Ou não.
Sinto as mulheres de biquini, de fato de banho, magras, gordas, altas, baixas, loiras, morenas, ruivas, velhas, novas, tatuadas, falantes, gritantes, sossegadas. Sinto os homens de tanga, de calção atléticos, gordos, altos, brancos, morenos, activos, passivos, barrigudos, fumadores, intolerantes, atenciosos.
Sinto que não preciso de saber as horas. Que basta seguir o bio-ritmo, a vontade de comer, de dormir, de buscar a sombra ou o sofá. Sinto uma televisão com apenas quatro canais e por isso mais vezes desligada.
Sinto o computador longe, desligado. A internet uma lembrança.
Sinto que estou de férias.
É Verão.
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