O título fala em metade, mas "Half Nelson" é cinema por inteiro. É uma daquelas produções pequenas, sem vedetas, efeitos especiais ou grandes surpresas, que assenta na história e nas actuações. Neste caso, em particular, da actuação de Ryan Gosling, no papel de um professor do secundário a afundar-se no hábito de consumo de drogas.
Ao ser apanhado a consumir por uma aluna vai estabelecer uma curiosa e tensa relação com ela, que espelha igualmente as dificuldades que ambos vivem. A história em causa é de gente normal, que trabalha para viver e vive mal, numa américa habituada a ostentar riqueza que exibe a toda a hora, mesmo que não esteja ao alcance de todos. E assim uns ignoram-na cultivando o espírito, alimentando a luta social que está adormecida, outros são empurrados para o crime de fácil ganho.
As vidas destes personagens não acabam com o filme, e ficam à espera de um desenlace ao gosto de cada um, satisfazendo, pessimistas, optimistas ou realistas. O filme é cru, mas não duro. Tem a sensibilidade do realizador Ryan Fleck a temperar as dificuldades dos personagens envolvendo assim o público. Ainda assim..., faltou-lhe qualquer coisa.
Sabem quando saímos de um filme com a sensação que faltou qualquer coisa? Um golpe de rins, uma qualquer particularidade muito boa... Foi o que faltou para este filme ser muito bom. Fica-se por bom, com a nota 4 a chegar em cima do último gongo.
Merece, sem dúvida, uma espreitadela.
Dos Óscares falo amanhã, que hoje não tenho tempo... Mas desde já posso adiantar que, felizmente, o Babel caiu por terra, a bem do Departed e do Little Miss Sunshine.
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