25.4.09

25 de Abril, Sempre!


Há 35 anos, tinha apenas dois anos e meio, e a Revolução aconteceu sem que me tivesse apercebido do que quer que fosse. O mesmo posso dizer dos anos seguintes, do Verão Quente, do PREC, do 25 de Novembro. D' "o Povo é sereno...".
A minha memória do 25 de Abril está invariavelmente ligada às alvoradas de foguetório que iniciavam as celebrações todos os anos, dos aviões e helicópteros a sobrevoar a Parede, dos soldados do quartel da 2.ª Bataria do Regimento de Artilharia Costa se apresentarem todos engalanados e desfilarem para gáudio da população. 
Aos poucos as celebrações caíram na rotina, esmoreceram, perdeu-se a emoção que muitos viveram em 74 e até aqueles que subiram para as chaimites, que encheram o Largo do Carmo, que correram à frente das balas na sede da PIDE, já vêem o dia como apenas mais um feriado.
O Povo já não está com o MFA porque isso é História, a Democracia está consolidada, o país deu o salto para a linha da frente da Europa, tem tecnologia, dinheiro, consumismo, divertimentos... Quem quer saber da PIDE, da censura, da repressão, dos Tribunais Plenários, da Guerra Colonial, do medo?


Certo é que a falta de memória do passado é o pior inimigo do presente. Só conhecendo a História se pode planear e prever o futuro, porque invariavelmente o Homem acaba por cometer os mesmos erros, e será sempre preciso alguém mais avisado para os evitar, para os combater.
Nos dias de hoje são muitos os sinais que a verdadeira Democracia está em perigo. O afunilamento do poder político, cada vez menos orientado por ideologias mas apenas por metas de perpetuação, as suas cumplicidades com o poder económico que é o real motor desta sociedade global, o enfraquecimento do poder judicial, da autoridade do Estado na pessoa dos seus representantes e agentes, o controlo dos meios de comunicação social, a anestesia mediática e lúdica das populações: são muitos os sinais preocupantes que podemos encontrar, desde que olhemos com sentido crítico.
Preocupantes estes sinais porque crescendos de violência recentes, em diversos países por todo o mundo, levam a pensar que a próxima revolução que venha a ter lugar neste rectângulo não se contente com cravos a sair dos canos das espingardas.



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