28.8.13

Banda Sonora de Verão (VI)

Santa's Summer Fest é um festival de Verão dos pequeninos, organizado em Santa Cruz, para não ficar atrás da arqui-rival Ericeira que também organiza, há já uns anos, um dos muitos festivais da época.
O cartaz tinha um quê de iniciação. Para além da electrónica, pelas mãos dos DJ e das noites na discoteca Faraó, consagrava um dia ao rock puro e duro, e outro ao reggae e correntes mais descontraídas, tentando abarcar o mais variado público num universo que se sabe, à partida, não ser abundante. Depois, foi misturar nomes novos com relíquias do passado e assegurar que os pais também entravam no recinto acompanhando a criançada pré-adolescente que se misturava e sentia no seu primeiro festival, um assomo de liberdade ainda que em meio controlado e sob o olhar confiante dos pais que bebiam um copo, conversavam e esperavam para ouvir nomes que já tocavam quando eles próprios eram adolescentes.

Só fui a um dos dias e apenas para ouvir uma banda.
Linda Martini.
À beira de lançar novo disco (sai a 30 de Setembro e espera-se o concerto de Lisboa no dia 9 seguinte), a banda mostrou ser um sábio animal de palco. As suas músicas prestam-se ao desempenho gutural que nos agita as entranhas. As malhas das guitarras, a sólida linha de baixo ou a fantástica bateria sovam-nos o corpo acompanhando as letras gritadas que nos agitam as ideias.
E louve-se a fidelidade à língua portuguesa que tão bem tratada é por estes quatro.
Os Linda Martini estão bem e recomendam-se. Em concerto são melhores que em disco, pois perdem a limpeza da gravação e sujam as mãos no pó e suor do palco, onde dominam com à-vontade e a boa disposição.

A seguir vieram os cabeças de cartaz, os Peste e Sida. 28 anos depois e tudo está na mesma. São básicos (no pior sentido) mas cumprem o que lhes pedem. Eu saí à segunda música. Não há pachorra.

18.8.13

Aqui tão perto - Verão na cidade

Um dia de Verão, na cidade, faz de nós turistas na própria casa. No estrangeiro, faço por ver tudo o que posso nos curtos períodos de viagem. Por cá, vou adiando e vão ficando por ver os exemplos de oferta turística e cultural desta cidade onde vivo.

Até que, um dia, aproveitamos a temperatura amena, a ausência de trânsito, as facilidades em estacionar à porta dos destinos, e suprimos algumas das falhas imperdoáveis.
Ontem foi a vez do Museu Nacional do Azulejo. Recomenda-se pois neste suporte encontramos tanto da nossa história. Boas explicações, peças memoráveis, e um ambiente acolhedor. 
Extraordinária a igreja e a sala do coro do Convento, magnificamente restaurada e ao nível do melhor que já vi.
Depois, seguiu-se a Estação Elevatória dos Barbadinhos, parte integrante do Museu da Água (site em manutenção)
Pérola da museologia industrial, onde encontramos máquinas a vapor deliciosamente concebidas com pormenores de decoração e leveza dignas das "Cités Obscures" de Schuiten e Peeters. Simplesmente imperdível.
Tempo ainda para uma passagem pelo Museu da Cidade (Lisboa) onde a exposição permanente precisava de uma nova roupagem. O museu está... "antigo" do ponto de vista da sua apresentação. 
Porém, no jardim Bordalo Pinheiro, encontramos peças incríveis que tornam o espaço num mundo onírico capaz de nos devolver à infância. Mais uma vez, pena é que esteja "em trabalhos", pois as fontes estão secas não assegurando o relevo devido a todas as peças concebidas para serem vistas na água.

Depois deste banho de cultura, porque não um dos melhores gelados de iogurte? Paragem no Campo Pequeno onde encontramos a Iogurteria do Bairo. Aposta ganha, à confiança.

17.8.13

A pedal




Ontem, sem grande esforço, dei uma voltinha pelas ciclovias de Lisboa que me fez passar pelos pontos 13, 19, 02, 01, 01, 15, 16, 18, entre outros desvios.
Precisam de melhor sinalização, especialmente nos pontos em que a ciclovia é interrompida (por exigências do terreno ou trânsito) para continuar um pouco mais à frente.
Em todo o caso, as ciclovias estão aí e recomendam-se.

14.8.13

Banda Sonora de Verão (V)



A Gulbenkian anunciava assim o concerto: "Imaginada e concretizada por Rob Mazurek, líder bicéfalo de Chicago Underground e São Paulo Underground, esta recente formação junta os dois trios e o histórico do jazz contemporâneo Pharoah Sanders, companheiro de John Coltrane . Pharoah & the Underground opõe à muralha de som dos dois trios a memória viva e renovada de um nome incontornável da história contemporânea do jazz."
Numa apresentação contínua de mais de uma hora, os seis músicos enfrentaram um anfiteatro totalmente cheio entre solos, harmonias, ambientes, mostrando uma técnica e paixão apreciáveis. Por vezes, porém, ficou a ideia de falta de entrosamento, de cada qual seguir o seu caminho independentemente dos outros. Responderam ao público e tocaram mais temas, mais curtos, mantendo as hostes interessadas no seu telento
Cumpriram com a expectativa criada, e foi muito marcante ver o saxofonista Pharoah Sanders, com 72 anos, já se movendo com dificuldade, revelar um sopro jovem, poderoso e muito criativo. São muitos anos de carreira e onde o corpo começa a falhar vai valendo a experiência.
Bom concerto a fechar esta edição de 2013 do Jazz em Agosto. 
Para o ano, espero, haverá mais.

10.8.13

Banda Sonora de Verão (IV)


Ontem foi a vez de Anthony Braxton Falling River Music Quartet no Jazz em Agosto. Uma apresentação conceptual, com uma hora contínua de interpretação num universo que me surpreendeu pela densidade e dificuldade de escuta.
Sou mais virado para as harmonias, e esta história do free jazz e da composição livre pelas quais o músico agora afina não entram muito bem no meu espírito.
Não é que não tenha gostado, pois a espaços havia detalhes que me surpreendiam e captavam a atenção mas, no geral, o concerto de ontem esteve muito longe das minhas preferências. Pode ser incapacidade pessoal para este tipo de música. Pode ser apenas uma questão de gosto, o certo é que, ontem, a hora de concerto sem qualquer margem para encores, deixou-me insatisfeito.
Além do mais, da sinopse com a qual a Gulbenkian anunciou o concerto, e com aquilo que vi/ouvi na net do artista, estava alinhado por outro diapasão. Ao que parece, com o correr dos anos, Antonhy Braxton passou a achar que o jazz é coisa muito do século XX e ultrapassada, passando a trilhar um caminho que se afasta da minha onda.

5.8.13

Banda Sonora de Verão (III)



O programa deste ano do Jazz em Agosto da Gulbenkian é apetecível. Na primeira ronda fui ver Drumming GP Plays Max Roach M'Boom e o espectáculo foi memorável. Faltam-me adjectivos para uma noite perfeita. Nove músicos em palco batendo em dezenas de instrumentos duma forma incrível, inesquecível.
Seguem-se mais dois "rounds" neste palco. A fasquia está alta.

Weber Smokey Joe 37cm

Testado e comprovado.
É lindo, eficaz, fácil e prático.

4.8.13

Banda sonora de Verão (II)

Ontem, CCB.
Sala à pinha para ouvir Devendra Banhart. Ambiente propício com público ávido e conhecedor.
Uma primeira parte assegurada pelo resto da banda, com o brasileiro Rodrigo Amarante a assumir a liderança. Boas músicas, boa onda. Grande comunicação entre artistas e audiência. 
A sala já estava na onda certa quando a estrela da noite entrou. Devendra falou português enquanto conseguiu, atacou as músicas com garra, mostrou um agrupamento muito competente, hábil, bem disposto, e trouxe uma prestação de alto nível com um som irrepreensível.
Mas foi muito pouco tempo de concerto.
Ao fim de uma hora disse adeus. Voltou para o encore, mas apenas tocou mais uma música.
Soube a pouco. Muito pouco.
E o público que se juntou no CCB merecia mais, disposto que já estava a saltar das cadeiras e dançar. Mais meia hora e este concerto teria sido memorável. Assim...