Ontem foi dia de castanhas e água-pé. O Verão de S. Martinho está aí sem impacto, pois desde Maio que estamos de t-shirt e ainda nem pensámos em ir buscar as camisolas de lã à gaveta do armário.
Eu, ontem, comi umas castanhas e bebi água-pé. Em casa.
Pensei ir até ao Terreiro do Paço ver a animação prevista com o "maior assador de castanhas do mundo", mas depois optei por ir à FIL ver a Arte Lisboa. Pelos vistos, perdi uma animação daquelas boas, à portuguesa. As castanhas foram distribuídas gratuitamente e, como sempre acontece cá pela nossa terra nessas alturas, acabou em porrada, com os pensionistas lá no meio, a empurrarem-se uns aos outros para depois se queixarem que "é uma pouca-vergonha, não há organização, estive aqui não sei quantas horas e não comi nada, nem me aguento em pé com esta dor aqui na perna, são todos uns animais, no tempo da Outra Senhora não havia faltas de respeito destas, aí é que era, toda a gente de bem e nada desta selvajaria".
A verdade é que ontem lá teve que vir a polícia pôr ordem na coisa.
Assim como aconteceu à dias, quando a TMN quis vender cem telemóveis de trezentos e tal euros ao preço simbólico de € 6,00. Anunciada a iniciativa, gente houve que num dia de trabalho fez fila à porta da loja durante horas à espera das dez da noite, altura em que o evento se iniciaria. Na hora H, abrem-se as portas para distribuir as senhas e... tudo ao molho e fé em Deus. Lá estava a pensionista a ser entrevistadas, que esteve ali horas, sem se conseguir aguentar em pé e depois foi ultrapassada pelas pessoas que nada respeitaram. Nesse dia lá teve que ser chamado o corpo de intervenção para repôr a ordem.
Eu, se não comesse as castanhas em casa, lá teria que dar € 2,00 por uma dúzia, que é o que elas custam aí na rua. Caro, eu sei, mas já é o terceiro ano a este preço. Um gajo habitua-se.
Disseram-me foi que se acabaram os cones de castanhas em folhas das Páginas Amarelas ou de jornal. Que a Câmara de Lisboa chegou à conclusão que isso era impróprio e arranjou uns cartuchos novos para o efeito. Ainda os não vi, mas vou ter saudades dos cones das Páginas Amarelas.
3 comentários:
acho mesmo que ontem foi muita gente ao Terreiro do Paço comer castanhas sem sequer gostar delas, só porque eram gratuitas... Há uns tempos vi na Alemanah umas bancas com abóboras de beira de estrada, para-se o carro, leva-se e abóbora e deixa-se o dinheiro. Num famoso orgão de polícia criminal funcionou em tempos um pequeno bar com o mesmo sistema... adivinha? Havia uma enorme diferença entre o deve e o haver. A palavra grátis e a chico espertisse está no código genético lusitano.
Acho que houve muita gente a dar e a levar castanha e castanhada, sem sequer chegar ao assador.
Quanto ao tal bar, decerto eram os bandidos que por lá andavam, que aproveitavam as distracções dos sérios senhores polícias.
Por cá é pior, pelam-se mais do que nós por borlas e pechinchas: morreram 3 pessoas e houve vários feridos ali ao lado em Zhuhai, porque o Carrefour pôs o óleo em promoção!!
Por cá comeram-se as castanhas cozidinhas, que as maiores descascam-nas e depois para assar só restam das pequeninas, o que não fica muito bem...
Castanhas de rua sem cartucho de jornal não devem saber ao mesmo! :)
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