28.8.08

Ficção

Entre viagens fui ver o filme "X-Files - I Want to Believe". Tempo perdido, concluí. O filme não é mais que um episódio da série (ao nível, talvez, da quinta série) com tempo a mais. Por isso tem palha e não tem emoção que chegue para nos convencer a ficar sentados em sossego durante mais de hora e meia. Scully e Mulder envelheceram e passaram dos trintas para os quarentas. Perderam a piada, e os tiques do passado parecem agora desadequados, desenquadrados. A história, assim desgarrada do contexto ficcional de uma série televisiva acaba chocha. Se o primeiro filme entrou nos meandros da conspiração que regressava amiúde à linha narrativa da obra para televisão, aproveitando a grande tela para ousar efeitos mais espectaculares, mais impressivos, este segundo filme nada trás de novo. Nota um, como penalização por não terem deixado os restos dos X-Files descansarem em paz nos reinos do DVD.
Outra história é este Hellboy II. Mais um sucesso na passagem das folhas da BD para a grande pantalha. Os efeitos especiais estão bem doseados para nos transportar para o mundo ficcionado do agente especial demoníaco que continua a estimar os gatos mas a ser bruto que nem um porta, resolvendo as questões pela força, já que a esperteza não é tão ágil como o resto. O humor é certeiro, seguro e bem ligado com a acção. Apetece pedir mais. Queremos mais filmes de acção como este. Nota cinco.

24.8.08

À beira do fim

Depois de Nova Iorque, seguiram-se uns dias em Roma. As férias estão à beira do fim.
Consiga eu processar os Gb de fotografias que tenho e cá virei contar qualquer coisa dos meus dias romanos.
Entretanto também acabaram os Jogos Olímpicos, a Volta a Portugal, a guerra na Ossétia (terá?). Recomeçou a bola (alguma vez parará a sério), apregoa-se a reentré (assim é mais fino) política, e o Cavaco lá vai vetando  e promulgando leis sem que alguém ligue porque o país foi a banhos, num Verão manso que em Abril era apregoado como um dos mais quentes de sempre, agoirando-se o futuro com previsões de desgraça. Não houve reportagens infindáveis sobre incêndios, mas não estou seguro que não tenha havido incêndios (ainda ontem se via em Lisboa o fumo de um deles). Em contrapartida, todo o roubo, furto, agressão ou desavença teve direito a notícia.
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O Urso Polar estará agora mais atento para urrar de vez em quando a sua gelada opinião. 
Venham também os leitores das suas férias, que sinto a sua falta. Daqui a quatro meses estaremos a abrir as prendas do Natal...

14.8.08

Nova Iorque (6)



(fotografias por Urso Polar)

O dia escolhido para ir ver o museu Dia:Beacon acordou farrusco e desabou em chuva. Com sorte, quando começou a cair, impiedosa, já estava ao abrigo de Grand Central Terminal onde apanhei o comboio que me levou até Beacon. Esta terra situa-se a duas horas de viagem, de comboio, por uma linha que sobe o rio Hudson e assegura incríveis paisagens para lavar os olhos da cidade que deixamos para trás. A via férrea passa pela prisão de Sing-Sing, e pela Academia de West Point (na outra margem), curiosos marcos para este viajante. Apesar da chuva na primeira parte da viagem, que deu outro ambiente, em Beacon estava sol, alegrando a curta caminhada até ao museu e enchendo os jardins de verde resplandecente.
Dentro do museu não pude fotografar. As obras, diga-se, são quase impossíveis de fotografar. Pela sua escala, pelo seu relevo, pelo seu encanto que apenas presencialmente se consegue alcançar. Destaco, para o meu gosto pessoal, o rigor matemático de Sol LeWitt, o abismo angustiante de Michael Heizer, a impressiva sugestão de Fred Sandback ou a esmagadora escala de Richard Serra.
Dia:Beacon foi o museu que mais apreciei nesta viagem a Nova Iorque. Fica a duas horas de viagem da cidade. Vale a pena. É praticamente obrigatório a este museu. Ainda não vi nada que se lhe compare. Para os mais curiosos, espreitem aqui.

13.8.08

Nova Iorque (5)





(fotografias por Urso Polar)

Tal como vem sendo hábito, a visita dos museus da cidade ocupou grande parte da minha visita a Nova Iorque. Ao contrário do que encontrei em Berlim, ou Istambul, deparei-me com muitas restrições à fotografia nos museus nova-iorquinos, pelo que não pude retratar, como gosto, os edifícios que os acolhem. Ainda assim, nos átrios e terraços conseguem-se umas imagens. E no MoMa e no Metropolitan Museum of Art podia fotografar-se mesmo nas áreas de exposição (apenas com restrições pontuais).
O melhor museu que vi merece um post à parte, que aparecerá mais tarde. Foi o Dia:
Por agora ficam cinco apontamentos dos outros cinco museus visitados.
O Guggenheim, já expondo o peso dos anos, sendo que a fantástica arquitectura não chega para superar uma exposição atabalhoada, que não deixava respirar o visitante nem as obras de Louise Bourgeois que a compunham.
O Metropolitan, enorme, com salas e mais salas de arte de todo o mundo, e que no terraço exibia estas peças Jeff Koons.
O Whitney Museum of American Art, com um átrio iluminado de forma incrível e que abre espaço a obras mais recentes e multimédia.
O MoMa, com pormenores de arquitectura incríveis e albergando uma entusiasmante colecção, bom como duas exposições temporárias muito bem conseguidas.
E o New Museum of Contemporary Art, arrojado na forma, arrojado nas peças que exibe, mas que me deixou um sentimento de não estar completamente afinada a boa utilização do seu espaço.
Seguramente muitos mais haveria para ver, mas já não aguento maratonas a caminhar nos corredores de museus, pelo que o limite do tempo importa que se regresse dizendo: "ficou tanto para ver... tenho que lá voltar".

12.8.08

Nova Iorque (4)



(fotografias por Urso Polar)

É em Nova Iorque que fica a sede das Nações Unidas. Edifício emblemático, que todos já vimos nas notícias, começa a revelar o peso dos anos à semelhança da própria ONU. Ao entrarmos nesta sede sentimos um cheiro a bafio, uma paragem no tempo que nos faz recuar aos anos 50. Caminhar no átrio principal dos visitantes (não tive vontade de enveredar por uma visita guiada de mais de uma hora pelo resto do edifício) por entre paredes esverdeadas e alusões à arquitectura do meio do século vinte, levou-me a associar o espaço ao da Aula Magna, de Lisboa. Não porque sejam fisicamente parecidos, mas porque estão ambos presos no tempo.

11.8.08

Nova Iorque (3)





(fotografias de Urso Polar)

Do alto do Empire State Building, actualmente o edifício mais alto de Nova Iorque, vê-se toda a ilha de Manhatan e arredores. Fazendo a subida à noite captam-se imagens que fazem lembrar cenários como os do Blade Runner, quando no filme as naves se aproximam dos topos dos edifícios. O dia estava quente e não havia vento naquele 86.º andar. Talvez por isso havia gente como o caraças, o que importou 1h 15m para conseguir lá chegar acima (entre filas para os controlos de segurança e elevadores) e quase uma hora para descer, sendo que no terraço toda a gente queria um pouquito da varanda para fazer as suas fotografias. Lá está, uma das desvantagens de fazer férias em Agosto.

8.8.08

Nova Iorque (2)



(fotografias por Urso Polar)

A viagem de ferry de Manhattan para Staten Island é gratuita, oferta deixada por Cornelius Vanderbilt a todos os que frequentam a cidade de Nova Iorque. Assegura belas imagens, nomeadamente ao pôr-do-sol, passando perto da Estátua da Liberdade (ridiculamente baixa quando comparada com a escala da baixa de Manhattan) e permitindo registar o recorte do "skyline" onde estão ausentes as torres gémeas do WTC. Para quem, como eu, as nunca viu, é impossível sentir quão marcante era a sua presença, com praticamente o dobro da altura dos edifícios que lá se mantêm.

6.8.08

Nova Iorque (1)

(fotografia por Urso Polar)

Estou de regresso das américas, onde durante uma semana explorei a cidade de Nova Iorque. Conforme alinhavei no reduzido post que antecede, encontrei uma cidade de excessos, onde tudo parece diferente mas rapidamente se torna familiar. 
A escala da cidade é diferente de Lisboa, albergando parques grandes, prédios enormes e icónicos arranha-céus. Reparte-se em zonas com características próprias, mas tem  uma identidade comum que resulta também das pessoas. Em Nova Iorque toda a gente tem lugar e ser diferente não causa estranheza. A integração de pessoas tão diferentes, seja pela sua origem, seja pelas suas opções estéticas ou postura na rua é verdadeiramente notável, especialmente se olharmos para Lisboa onde a diferença é olhada de lado e com suspeita.
As doses de comida são sempre grandes, as bebidas servidas em copos ou garrafas com quase meio litro, os carros mais pequenos, os utilitários, envergonham o vulgar quatro-portas das nossas estradas. Nas lojas encontramos muita vezes o caos porque a oferta é gigantesca, ao ponto de não sabermos como escolher. Entrar numa livraria como a Strand, no Macy's ou na Century XXI coloca-nos perante uma escandalosa oferta amontoada que desencoraja qualquer abordagem para encontrar um artigo. A menos que se vá à procura de um artigo específico.
Depois, há que referir que, hoje em dia, o euro é uma moeda forte face ao dólar e os preços traduzem excelentes oportunidades de mercado. Em regra, a maioria dos preços tem o mesmo número que aqui encontramos. Só que se reporta a dólares e não a euros, o que importa serem 40% mais baratos. 
Uma nota curiosa àcerca dos preços, prende-se com a não inclusão nos mesmos do respectivo imposto, que só é aditado aquando da conta, no momento de pagar. Ora, se isto causa alguma desorientação no início, depois revela-se como um excelente método para termos consciência de quanto pagamos de imposto ao comprar qualquer artigo.
Em suma, Nova Iorque é mesmo uma cidade de excessos, mas que nos acolhe com facilidade e basta ter uma mente receptiva para, rapidamente, nos entrosarmos no dia-a-dia da grande maçã.
Conforme for processando as fotografias que tirei, aqui deixarei alguns apontamentos mais sobre a cidade. Devagarinho... que ainda estou de férias.