3.2.09

Sondagens?

Comecei o dia ouvindo as "notícias" da Antena 1. Entre aspas porque os primeiros 5 minutos tiveram tudo menos notícias.
Contado por uma pessoa conhecida que frequentava a Faculdade de Direito de Lisboa nos agitados anos de 1974/1975, fiquei um dia a saber que naquela altura, após o saneamento da maior parte dos professores, e ávidos por democracia, alunos e docentes resolviam as hipóteses de Direito de braço no ar. Assim, perante uma situação de homícidio, e após discussão de opiniões, perguntava-se:"Então quem acha que é homicídio simples?" "E qualificado?", "E privilegiado?", à medida que os alunos iam votando de braço no ar para descobrir qual a resposta "certa".
Pois hoje o noticiário da Antena 1 fez-me recordar essa história, já que perdeu 5 minutos a debitar dados de uma "sondagem" da Universidade Católica sobre o caso Freeport, dizendo coisas como x% acham que Sócrates nada fez de errado, y% que tem que dar mais explicações, z% que isto é tudo perseguição...
Se a moda pega, poderemos acabar com esta chatice que é a investigação criminal e sua sujeição a julgamento, em Tribunal. E depois de uma discussão nos meios de comunicação, à medida de quem os controla, a malta vota e decide.
A mascarada da democracia começa a atingir picos de irracionalidade. Nunca estivemos tão longe da democracia nestes últimos 30 anos, apesar da aparência sofisticada que se pretende vender.

1 comentário:

Ouriço-Cacheiro disse...

Isso implicaria mais uma alteração ao CPP (o que é comum, aliás) com um novo artigo cuja epígrafe seria "sondagem em audiência de Julgamento": Tem legimitade para votar sob os factos em discussão todas as partes processuais presentes em audiência de julgamento bem como a assistência, quando existir.Os momentos de votação serão ser determinados pelo juiz.
A votação deverá ser efectuada pelo método braço do ar.
etc, etc, etc. Parece-me democrático.