Durante todo o dia, todo o dia, se ouvem as ruidosas flautas e batuques dos encantadores de serpentes. É o coração da Medina, que bombeia correntes de gente para as artérias, os souks, e o ponto onde, mais tarde ou mais cedo, os caminhantes retornam.
De manhã vendem os touaregs pós e ervas, mezinhas e bruxedos... À tarde, comida, inúmeras barracas de comida a céu aberto, ali confeccionada com temperos de mil e uma cores, compondo mostruários amarelos, verdes castanhos, vermelhos, brancos, de comidas que o apetite chama e as cautelas sanitárias afastam.
À volta das 13 horas a praça sossega. Ainda assim, é constantemente cruzada por centenas de pessoas. Ao fim da tarde milhares ali permanecem, para gáudio dos turistas que das varandas disparam furiosamente os obturadores para registo de uma imagem inesquecível que, pelo tamanho, cores, sons e cheiros nunca caberá numa fotografia.
Cheiros. Cheiros de incontrolável apetite alternam, confundem-se, com agoniantes cloacas. Mulheres totalmente veladas cruzam-se com turistas impudicamente desnudas. Lamparinas e parabólicas Passado e presente convergem num bulício que nos faz querer regressar sem ainda ter partido, nem que seja para estar seguro da imutabilidade daquele umbigo.
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