Vivi dois anos em Silves.
Silves foi entreposto entre o Norte de África e a Península Ibérica durante a ocupação moura, sendo eleita pelos mouros capital na Europa.
Compreendo porquê, agora que, nove anos volvidos desde a anterior visita, regressei a Marrocos e, com outro olhar, encontrei Marrakech. Para o invasor expansionista mouro que se instalou na Península Ibérica, Silves reproduzia nostalgicamente as vistas daquela que é hoje a capital do turismo marroquino.
A terra é igualmente vermelha. A temperatura, uma fiel reprodução. O vento seco, o céu azul, as laranjeiras e seu perfume uma réplica irrepreensível.
Imagino Silves corrida por mouros, com cherches e jeelabas, jaiimas nas colinas e orações cinco vezes ao dia. As estreitas ruas da cidade velha, rodeando o castelo, com casas erigidas sobre as ruínas romanas onde, em estreitos espaços, artífices e comerciantes exerciam o seu mister. Águas correntes e casas com pátios interiores, mosaicos, azulejos, relevos em estuque e casas de adobe.
O vermelho da terra, o verde das plantas, os cheiros no ar.
Estive em Marrakech em 1995 por breves horas e esqueci-me destes pormenores da cidade. Vivi em Silves entre Setembro de 2000 e Setembro de 2002, e nunca associei as duas terras.
Agora, estarão para sempre ligadas, porque em ambas me sinto igualmente bem, rodeado de terra ruiva.
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