Cada vez que leio sobre o caso ou oiço/vejo uma notícia sinto uma indignação tão grande, e uma tristeza tão avassaladora como nunca pensei que pudesse sentir por algo desta natureza. A emoção é potenciada pela incompreensão.
Porquê pôr fim a uma companhia em plena força, com elevados padrões de qualidade e criatividade? Que tinha 6 (seis!) estreias previstas para a próxima época. Como tem tido todas as épocas passadas? Que enchia o auditório da Gulbenkian? Que era recebida e reconhecida no estrangeiro?
A argumentação do lacónico, e evasivo comunicado, ao qual nenhum outro comentário ou esclarecimento foi concedido, é falaciosa, e acredito mesmo que falsa. Aquela interpretação da "nova realidade da dança contemporânea" é tão lógica como o tipo que tem um Ferrari e o vende para aplicar o dinheiro em vários Fiat 600 de outras pessoas às quais depois irá pedir emprestado o carro.
Ontem, na TV, vi uma companhia, com 25 bailarinos e 4 estagiários, destroçada, a chorar com a decapitação de um sonho que estava em marcha e em pleno vigor havia décadas. E a tristeza foi tão grande, a sua dor tão próxima. Nem tive oportunidade de os aplaudir por uma última vez. Não é compensação que o facto de uma das coreografias do último espectáculo ter toda a companhia em palco e todos os bailarinos terem merecido o meu aplauso. Porque nesse dia era um até já. Era um "vejo-vos em Novembro, como de costume".
O Ballet Gulbenkian é uma produto privado. Foi a Fundação que o criou. Não compreendo é como o pode aniquilar assim.
Os mais pessimistas já lançam avisos à navegação: o Coro ou a Orquestra podem seguir o mesmo caminho.
Já agora, uma observação: um dos grandes investimentos e fonte de rendimento da Fundação Gulbenkian é o petróleo. Nos dias de hoje os lucros devem estar mesmo em alta. Porquê, então, este corte?
Se me sair o Euromilhões esta semana (eheheheh) devo ficar com dinheiro suficiente para salvar a companhia, não?
Sem comentários:
Enviar um comentário