Em época de estupor estival sucedem-se enganos e desenganos. Artifícios passam despercebidos perante uma comunidade mais preocupada com o sol da sua praia que com a vida que a rodeia.
Os incêndios continuam. O tom do jornalismo que os relata alterou-se. A culpa do fogo já não é do governo, como foi o ano passado.
A água escasseia. Começam a ser efectivos os cortes e racionamentos. Alguém se lembra de Nobre Guedes prever tal solução? Pena foi que, na sua coerência, assim que entrou em campanha desdisse tal cenário, garantindo que havia água para tudo e para todos. Agora, pelos Algarves, as restrições são reais. Não obstante os campos de golfe continuarem bem verdes, enquanto o gado morre de fome e sede um pouquito mais para Norte, na extensa planície alentejana.
De agravamento em agravamento a economia não acorda. O crescimento económico arrisca-se a estagnar ou dar lugar à recessão. Entretanto o ministro das finanças sai por não querer vir a ser conhecido como o ministro do TGV e da OTA.
O que quer a malta? A reentrada da bola. Quem contrata o Benfica, o Sporting ou o Porto? Quando começam os pontapés na bola?
Perdendo ilusões de grandeza, a classe suburbana troca as férias no Algarve pelas praias da Linha, pela Costa da Caparica, pelo Guincho, Maçãs ou Ericeira. Estas praias enchem-se como não acontecia nos últimos anos. Desde que a tez fique morena, conseguiremos tudo enfrentar. Certo que é que com a alvura de uma lula, a pele do anúncio à lixívia, a palidez clínica de quem trabalha sob lâmpadas fluorescentes somos mais deprimentes do que com o castanho tulicreme de quem nada faz para além de aguardar que o Sol queime este invólucro orgânico.
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