29.3.07

A nu

Ele há dias difíceis. Com tudo a nu, uma esperança brilha verde. Estamos na Primavera, não é?

100%


27.3.07

The Doors

Nos 40 anos do primeiro disco dos The Doors, há para aí uma série de edições epeciais, CD's, DVD's e muita nostalgia. Destes senhores, assim, quando eram novos. Porém, quarenta anos passaram, e se as imortais e fabulosas músicas que cruzaram gerações sem mantêm como novas, o mesmo não se pode dizer de John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger.


Agora confessem... ainda bem que Jim morreu. Assim, o mito vive. Certamente que se pudesse colocar neste post uma fotografia dele agora aos sessenta e três anos, a mística não seria a mesma.


Os "votos" da TV

Não percebo o porquê de tanta relevância dada à "vitória" de Salazar num programa de TV. Pergunto se aqueles que se mostram indignados porventura "votaram" noutra escolha? E se o fizeram, quantas vezes?
Pois.
Garanto que se a "eleição" fosse a sério, em urnas a sério, eu teria votado. Contra o dito cujo, claro está. Agora, para um programa de televisão? Estavam a pedi-las.
Quem não se lembra do Agora Escolha, com a Vera Roquete? Víamos a "votação" em directo, muitas vezes renhida, mas quantos de nós realmente pegávamos no telefone e "votávamos"?
Por favor, não confundam entretenimento (e mau, por sinal) com discussão política e ideológica. Como pode Odete Santos mostrar-se ofendida, se alinhou nas regras do jogo e deu a cara por ele? Então, porque não pôs os camaradas a votar desalmadamente em Cunhal? Talvez porque eles sejam um pouquinho inteligentes e se estejam a borrifar para o programa. Se tivesse ganho o Camarada "Lã Branca", estaria a direita em polvorosa. E Odete Santos poderia, finalmente, dizer que Cunhal ganhara umas eleições. E teria? Claro que não.
E o mesmo se dirá dos cepos que defendem o ditador. Calem-se, pois a vossa "vitória" é uma boa treta, a bem dizer.
Mas não... a novela continua. PCP e BE querem levar o caso ao Parlamento !!! Lancem mais gasolina para o lume. Dêem mais importância a algo que rapidamente seria esquecido. Ocupem mais tempo com esta ilusão televisiva e esqueçam a realidade que todos os dias nos sufoca.
Qualquer dia a vida só existirá se passar pela TV.

A vida dos outros pode ser muito melhor que a nossa


Este filme ganhou o Óscar para melhor filme estrangeiro. Muita gente apontava que o prémio caísse para "O Labirito do Fauno", mas foi "A Vida dos Outros" que arrecadou a estatueta dourada. Fui vê-lo ontem. E encontrei outro dos grandes filmes do ano.
Neste filme não encontramos efeitos especiais, ou algo de fantástico. Aliás, o que se cola durante as 2 horas e 20 minutos de projecção é a realidade, a sensação de tudo aquilo que vemos pode ter acontecido. Que aquilo é verdadeiro.
A história passa-se na RDA, em 1984, quando um ministro quer uma actriz para sua amante e envolve a Stasi para atacar o marido daquela, escritor, dessa forma eliminando a concorrência. O director da Stasi, conivente para alimentar a sua ambição pessoal, entrega a missão a um dos seus melhores homens, indivíduo discreto, frio, metódico, eficiente.
Só que este, numa brilhante criação do actor Ulrich Muehe, questiona logo a legitimidade da acção por a ver determinada por propósitos egoístas e não para o bem da nação e do Povo. Este personagem, o Capitão Wiesler, é um bom agente da Stasi, mas fá-lo porque acredita nos propósitos ideológicos da sua missão. Propósitos esses abalados com a motivação para a perseguição ao escritor.
A acção evolui tal como evolui a consciência deste agente que se deixa envolver com os objectos da sua vigilância. E é à volta desta dinânimca que o filme corre, alimentando a nossa curiosidade, envolvendo-nos com as cumplicidades descobertas.
Florian Donnersmarck realiza de forma calma, discreta, mas incisiva mais um documento interessante da antiga RDA, para juntar a "Goodbye, Lenine", mostrando o poder do cinema bem realizado, escrito, interpretado.
Pena que já se fale num "remake" americano. Que mania a destes gajos de refazer o que já está bem feito. Deve ser porque não conseguem ler legendas, decerto.

26.3.07

Fábulas

Este fim-de-semana entreguei-me às fábulas e comecei por ir ver um filme que já está de saída das salas da capital. O Labirinto do Fauno é um magnifico exemplo da vitalidade do cinema espanhol, ao nível do melhor cinema do mundo. Por alguma razão este filme agarrou três Óscares técnicos, a saber, "melhor direcção de fotografia", "melhor direcção artística" e "melhor maquilhagem".
Eu não consigo escrever muito sobre o filme. E explico porquê. É um filme muito bom, que assenta numa história fantástica sobre a qual não convém dar muitas pistas, para não estragar as revelações que aos poucos se expões aos olhos do espectador. Estamos em 1948, em Espanha, e apesar de ter ganho a guerra civil, o regime franquista ainda combate rebeldes escondidos na montanha. O capitão do exército espanhol trás para junto de si a sua mulher, grávida, para que o filho nasca onde está o pai. Com a mulher vem Ofélia, filha do primeiro casamento, cujo espírito está escancarado à mística e à magia.
E logo ali ao lado está o Labirinto do Fauno.
Vejam. Revejam. É um dos melhores filmes do ano, sem dúvida. Nota máxima a não perder.
E que pena tenho eu que em Portugal não se filme assim.

Ontem fui ver outra fábula. "Man of the Year", de Barry Levinson. A história é igualmente simples. Quem vê o "Daily Show, with Jon Stewart" que vai passando na Sic Radical, tem presente como pode ser poderoso o humor a lidar com assuntos sérios, políticos. Dia a dia se revelam escândalos e com humor e sem qualquer sentido do politicamente correcto, porque ao humorista é permitido dizer tudo, se põe o dedo na ferida. E tudo parece fácil, como alternativa ao sistema dominado por dois partidos (como vai acontecendo por cá, por exemplo).

Ora, este filme pega exactamente neste mundo (aliás, Lewis Black, comentador no Daily Show, é um dos actores principais, como redactor criativo) e transforma Robin Williams num apresentador de um programa deste estilo que, levado pelas circunstâncias, decide candidatar-se a Presidente dos EUA. Conjugando a popularidade granjeada numa franja descontente com os grandes partidos, e beneficiando da introdução de um novo sitema de voto electrónico, acaba por ganhar as eleições.

Ou não?

O filme não é surpreendente nem explosivo. Mas não deixa de evidenciar o poder do humor e as contradições do sistema político norte-americano. Os riscos da democracia que se coloca nas mãos das empresas, do dinheiro e se esquece do eleitor e da integridade necessária para governar.

Não é um filme de encher o olho, mas é muito razoável, garantindo a nota média 3. A ver, sem pressas.

22.3.07

Ora querem lá ver esta?

Há falhas no dossier de José Sócrates na Universidade Independente

Querem lá ver que o Sr. Engenheiro enrolou o sistema para, em 1996, concluir a licenciatura?
Já me tinham dito que, no portal do governo, o curriculum vitae do PM tinha alterações frequentes. Guardando as diversas versões já havia razões para questionar o que raio se passava por ali.

21.3.07

Livros

Para quem anda por Lisboa aqui fica uma recomendação: a VII Feira do Livro Manuseado está a decorrer na Praça da Figueira, desde o dia 16 de Março e até ao dia 08 de Abril. Das 09h00 às 20h00.
Vim de lá agora e posso confirmar que esta tem até melhor aspecto que edições anteriores e similares. Muita escolha nova a juntar àqueles livros que já reconhecemos à distância destas andanças, a bom preço, em bom estado, tudo arrumado num espaço suficientemente amplo.
Com alguma moderação (porque não vale a pena comprar livros se não tenho tempo para os ler), gaste € 14,00 e comprei 5 livros. O mais caro, de BD, custou € 5,00. O mais barato € 1,50.
aproveitem.

Tudo em família

Duas das juizas que estão prestes a deixar o Tribunal Constitucional serão substituídas pelos respectivos maridos. Rui Pereira e José Gabriel Queiró são dois dos escolhidos, saíndo as suas mulheres, respectivamente Fernanda Palma e Maria dos Prazeres Beleza (...)
Cada vez mais tenho sérias dúvidas quanto à designação de "tribunal" que o Constitucional tem. Já agora, aposto que o Rui Pereira nunca irá julgar inconstitucional qualquer norma da apregoada "reforma penal", cuja "missão" tem chefiado nestes últimos anos.

Adeus Haloscan

No site do Haloscan consegui as alterações de código que colocam os comentários no blog. Porém, ao fazê-lo, desaparecem os do Blogger. E como, bem ou mal, decidi mesmo passar para os comentários do Blogger, voltei a trás e despedi-me do Haloscan.
Agora, há um manancial de troca de opiniões que não quero perder. Não obstante estar guardado nos servidores do Haloscan, vou tentar recuperá-los e torná-los disponíveis. Será uma tarefa árdua, tanto mais que por ser daqueles clientes pelintras que não pagam um tostão, não consigo importar toda a informação. Vou tentar fazê-lo "à unha".
A menos que alguém tenha uma melhor sugestão.

20.3.07

Cara Nova

Fiz umas alterações aqui ao estaminé.
Espero que gostem.
Passei a ter comentários pelo próprio blogger, o que espero seja melhor. Ainda está sujeito a demonstração de qualidade.
Se alguém souber onde, no template, devo pôr o código dos comentários do Haloscan só para os não perder, faça favor de o dizer. Hoje já não tenho mais tempo, mas amanhã ainda vou tentar descobrir pelo método da experimentação, com a ajuda do próprio haloscan. Em todo o caso, se os virem por aí, não vale a pena comentarem no Haloscan, que está a caminho da reforma.

19.3.07

Porque o mundo rural é diferente do frio mundo da vida da cidade

Nos últimos tempos, na comunicação social, correu a notícia da pequena Andreia. Há 13 meses foi raptada da maternidade onde acabara de nascer. Durante todo este tempo foram infrutíferas as inúmeras diligências da PJ, instalando-se a frustração de um caso por resolver.
Eis senão quando, por via da denúncia de um familiar, a raptora foi desmascarada e a criança recuperada, estando em condições de ser entreque aos verdadeiros pais.
E aí temi que mais uma vez a comunicação social embalasse num registo de exaltação da opinião pública para pôr em causa o direito dos pais e da menor de estarem juntos, assim como ocorreu com o "outro caso", o da "Esmeralda".
Mas não. Ainda houve uma série de vozes que veio questionar a competência dos pais, porque têm outros filhos sujeitos a medidas tutelares, ou quem dissesse que a Andreia iria sofrer a perda dos "pais" que nunca foram pais (só faltava dizer que por ter passado um ano seria traumática a separação e que deveria ficar com aqueles), ou ainda quem se queixasse da pobreza da família.
À semelhança do que acontece todos os dias, as crianças quando nascem não escolhem a família à qual vão pertencer. Se há dificuldades parentais, económicas ou educacionais, cabe aos sistemas instituídos pelo Estado diagnosticar, referenciar e actuar de forma a eliminar tais obstáculos, com o mínimo de perturbação possível.
Ora, no caso concreto, a Andreia é uma vedeta. E como tal, o desejo de ajudar veio de todo o lado, pois até os especadores do programa "Fátima" da SIC, ao qual a mãe da menor foi, contribuiram generosamente para atenuar a pobreza em que aquela família vive. E a madrinha da criança, os vizinhos, os amigos, logo ajudaram com o intuito de proporcionar àquela vedeta aquilo que os seus irmãos não tiveram a sorte de ter.
Em contrapartida, a festa que fizeram no dia da chegada da pequena criança atingiu foros folclóricos que muita gente se apressou a criticar, porque não foi recatado, não defendeu a criança, foi um choque...
Foi a verdade.
A verdade daquelas pessoas simples e pobres que vivem num meio rural. Onde toda a gente se conhece a apressa a ajudar o vizinho quando este precisa. Que em contrapartida quer divertir-se com a simplicidade que vive no dia-a-dia. Que não sabe ser recatada nesta situação, porque a situação é tão original, tão diferente, e tão alegre, feliz, que exige uma festança. Nos moldes a que estão habituados a fazer.
A festa foi real.
Será essa a realidade na qual a pequenota vai viver, crescer, ser educada. Esse é o seu meio social, familiar. Não vale a pena ficcionar redomas só porque já teve o infortúnio de ter sido escolhida para ser levada por uma mulher sem escrúpulos.
Agora, dêem espaço à família para viver como sabe, beneficiando de tudo o que de novo ganhou com esta estranha publicidade. Para ver se consegue ser melhor do que foi no passado com os outros irmãos de Andreia. E se não conseguir, certamente lá estará a Segurança Social, a Comissão de Protecção de Menores e o Tribunal para, como aconteceu outrora, agir se necessário.

15.3.07

Fisco


Na altura de entregar a declaração de IRS, desde que começou a ser possível entregar 0,5% dos meus impostos a uma pessoa colectiva de utilidade pública, tenho optado pela AMI. É tão fácil, pois basta no campo 9 do Anexo H da nossa declaração de IRS pôr o número de contribuinte 502 744 910. Vejam melhor aqui.

12.3.07

Ode ao Cinema

Este filme é uma ode ao Cinema, uma exercício de culto e de homenagem ao filme noir e a toda uma geração de cineastas, argumentistas e actores que fizeram alguns dos filmes mais emblemáticos da história do cinema.
Steven Soderbergh, mais uma vez associado a George Clooney, filma a preto e branco seguindo as regras e o livro de estilo dos filmes dos anos quarenta. E fá-lo a preto e branco, com elevado contraste e iluminação dura, obtendo um resultado visual em tudo idêntico ao cinema de então.
O argumento e as interpretações seguem exactamente o mesmo diapasão, pelo que à excepção de uma cena (que a comissão da moral e bons costumes nunca deixaria passar), o filme poderia ter nascido antes de 1950. Ou talvez não.
Talvez não porque a história passa-se em Berlim, 1945, ou seja, depois da capitulação alemã, da divisão da cidade em quatro sectores, mas ainda antes da derrota japonesa. As tensões entre americanos e soviéticos retratadas, julgo, só agora podem ser abordadas com tamanha frieza e credibilidade, sem excessos estereotípicos.
No demais, Clooney, Cate Blanchett, e Tobey Maguire lideram um elenco que dá corpo a um thriller com as necessárias reviravoltas, a progressiva divulgação de deixas para nos fazer compreender a história e um desfecho clássico, no qual nem tudo fica bem nem tudo acaba bem... mas quase.
Para mim, este leva nota cinco, e recomendo que não o deixem passar sem o ir ver.
Quanto a referências... ora comparem os dois cartazes...

8.3.07

Animalices

Aquele que ao longo do dia é activo como uma abelha, forte como um touro, trabalha que nem um cavalo e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão, deveria consultar um veterinário porque é bem possível que seja burro.
.
(este é daqueles e-mails que me faz sorrir ao fim de um dia em que me senti exactamente assim)

5.3.07

Coerência

Muito gostam os portugueses de questões fracturantes, a preto e branco, para defender a posição A ou B sem se preocuparem com corência ou fundamentar a sua opinião.
Aliás, esta história da coerência é muitas vezes confundida com teimosia, obstinação, inflexibilidade. E, como muito bem ouvi um dia num elogio fúnebre, ser coerente não é nunca mudar de opinião, mas sim agir de acordo com as suas convicções, defendendo na prática aquilo que se acredita na teoria.
Ora, o português comum, médio, está a borrifar-se para esta coerência. Para si, basta ser teimoso, inflexível a defender o caso que se discute hoje. Se daqui a uns meses aparecer outro caso igual, mas a corrente opinativa estiver inclinada para o outro lado, facilmente a adopta e defende de forma igualmente aguerrida. Sempre sem se preocupar em agir de acordo com o que propagandeia nas discussões do tema do momento. Seja ela o destino de uma criança (parece que a Esmeralda está cada vez mais esquecida), de um autarca (quem se interessa pelo julgamento de Felgueiras?), ou de uma opção política e moral como o referendo do aborto (quantos votaram "não", mas irão no futuro socorrer-se da lei para si ou para os seus?).
Vem esta introdução a propósito do concurso dos "Grandes Portugueses" que a RTP em má hora lançou. Digo em má hora, pois que seria de esperar que a mentalidade pequenina dos portugueses que se dedicam a votações telefónicas levaria à distorção de um modelo de sucesso criado por ingleses, onde sem grandes questões ideológicas Churchil ganhou.
Cá, com uma história centenária, aparecem à frente das intenções de "voto" Cunhal e Salazar, dois nomes adequados, perfeitos, para alimentar uma nova questão fracturante.
A verdade é que aos poucos se dá cada vez mais relevo a um programa (qual é a audiência daquilo, a propósito?) que tem mais tempo de antena nas discussões que alimenta e nos comentários que provoca do que propriamente na sua emissão. E, à boa maneira portuguesa, toca de aproveitar o momento para extravasar efeitos e conclusões.
Temos então um projecto para uma casa-museu de Salazar em Santa Comba Dão a pôr em pólvorosa esquerdistas e "lutadores da liberdade" chocados com tamanha afronta.
Não percebo porquê?
Querem construir um museu para Salazar? Façam-no. àqueles que se arrogam da esquerda indignada e manifestante, apenas posso aconselhar que permitam a liberdade de expressão pela qual lutaram. Não gostam? Não comam. Têm medo que se faça uma lavagem histórica do tiranete? Reajam em conformidade. Abram em frente um museu à PIDE, à resistência anti-fascista, mostrem aquilo que Salazar fez ao país durante quatro décadas, o atraso que propiciou ao país, a dor que causou, o controlo das pessoas, a tortura e a censura, a morte. Em vez de serem destrutivos, de impedirem que uma minoria se arme ao pingarelho, demonstrem que são melhores.
Isto sim, seria coerência.