27.3.07

A vida dos outros pode ser muito melhor que a nossa


Este filme ganhou o Óscar para melhor filme estrangeiro. Muita gente apontava que o prémio caísse para "O Labirito do Fauno", mas foi "A Vida dos Outros" que arrecadou a estatueta dourada. Fui vê-lo ontem. E encontrei outro dos grandes filmes do ano.
Neste filme não encontramos efeitos especiais, ou algo de fantástico. Aliás, o que se cola durante as 2 horas e 20 minutos de projecção é a realidade, a sensação de tudo aquilo que vemos pode ter acontecido. Que aquilo é verdadeiro.
A história passa-se na RDA, em 1984, quando um ministro quer uma actriz para sua amante e envolve a Stasi para atacar o marido daquela, escritor, dessa forma eliminando a concorrência. O director da Stasi, conivente para alimentar a sua ambição pessoal, entrega a missão a um dos seus melhores homens, indivíduo discreto, frio, metódico, eficiente.
Só que este, numa brilhante criação do actor Ulrich Muehe, questiona logo a legitimidade da acção por a ver determinada por propósitos egoístas e não para o bem da nação e do Povo. Este personagem, o Capitão Wiesler, é um bom agente da Stasi, mas fá-lo porque acredita nos propósitos ideológicos da sua missão. Propósitos esses abalados com a motivação para a perseguição ao escritor.
A acção evolui tal como evolui a consciência deste agente que se deixa envolver com os objectos da sua vigilância. E é à volta desta dinânimca que o filme corre, alimentando a nossa curiosidade, envolvendo-nos com as cumplicidades descobertas.
Florian Donnersmarck realiza de forma calma, discreta, mas incisiva mais um documento interessante da antiga RDA, para juntar a "Goodbye, Lenine", mostrando o poder do cinema bem realizado, escrito, interpretado.
Pena que já se fale num "remake" americano. Que mania a destes gajos de refazer o que já está bem feito. Deve ser porque não conseguem ler legendas, decerto.

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