26.3.07

Fábulas

Este fim-de-semana entreguei-me às fábulas e comecei por ir ver um filme que já está de saída das salas da capital. O Labirinto do Fauno é um magnifico exemplo da vitalidade do cinema espanhol, ao nível do melhor cinema do mundo. Por alguma razão este filme agarrou três Óscares técnicos, a saber, "melhor direcção de fotografia", "melhor direcção artística" e "melhor maquilhagem".
Eu não consigo escrever muito sobre o filme. E explico porquê. É um filme muito bom, que assenta numa história fantástica sobre a qual não convém dar muitas pistas, para não estragar as revelações que aos poucos se expões aos olhos do espectador. Estamos em 1948, em Espanha, e apesar de ter ganho a guerra civil, o regime franquista ainda combate rebeldes escondidos na montanha. O capitão do exército espanhol trás para junto de si a sua mulher, grávida, para que o filho nasca onde está o pai. Com a mulher vem Ofélia, filha do primeiro casamento, cujo espírito está escancarado à mística e à magia.
E logo ali ao lado está o Labirinto do Fauno.
Vejam. Revejam. É um dos melhores filmes do ano, sem dúvida. Nota máxima a não perder.
E que pena tenho eu que em Portugal não se filme assim.

Ontem fui ver outra fábula. "Man of the Year", de Barry Levinson. A história é igualmente simples. Quem vê o "Daily Show, with Jon Stewart" que vai passando na Sic Radical, tem presente como pode ser poderoso o humor a lidar com assuntos sérios, políticos. Dia a dia se revelam escândalos e com humor e sem qualquer sentido do politicamente correcto, porque ao humorista é permitido dizer tudo, se põe o dedo na ferida. E tudo parece fácil, como alternativa ao sistema dominado por dois partidos (como vai acontecendo por cá, por exemplo).

Ora, este filme pega exactamente neste mundo (aliás, Lewis Black, comentador no Daily Show, é um dos actores principais, como redactor criativo) e transforma Robin Williams num apresentador de um programa deste estilo que, levado pelas circunstâncias, decide candidatar-se a Presidente dos EUA. Conjugando a popularidade granjeada numa franja descontente com os grandes partidos, e beneficiando da introdução de um novo sitema de voto electrónico, acaba por ganhar as eleições.

Ou não?

O filme não é surpreendente nem explosivo. Mas não deixa de evidenciar o poder do humor e as contradições do sistema político norte-americano. Os riscos da democracia que se coloca nas mãos das empresas, do dinheiro e se esquece do eleitor e da integridade necessária para governar.

Não é um filme de encher o olho, mas é muito razoável, garantindo a nota média 3. A ver, sem pressas.

2 comentários:

Ouriço-Cacheiro disse...

Gostei mto do Labirinto. Embora me surpreendesse a violência. Achei gratuita. Mas a minha tolerância à violência ficcional é inversamente proporcional à real...

Urso Polar disse...

A rapariga que estava na mesma fila que eu muito se encolheu e fechou os olhos e silvou de medo. Eu gostei do lado "gore" da coisa.