24.7.08

Esperança

Há poucos dias escrevi aqui sobre o arraial mediático à volta dos ciganos da Quinta da Fonte. Hoje venho transmitir uma nota de esperança.
Ontem reparei que o discurso mediático já foi para além da superfície e começou a ver que a chantagem daquelas famílias em protesto não só não tem justificação como é uma insustentável afronta à sociedade portuguesa. E a maior prova disso foi no Em Reportagem que foi para o ar na RTP a seguir ao Telejornal de ontem, que entrou no bairro e falou com quem lá vive. Ciganos, negros, brancos, gente normal, pacífica, que vive do seu trabalho e que só quer sossego. Quer que acabem as repercussões deste episódio de guerra de rua, mas querem igualmente que se defenda o bairro no dia-a-dia, evitando a sua degradação e devolvendo aos seus habitantes honestos (a esmagadora maioria) a possibilidade de viverem em segurança, apesar de pobres como são.
É indicador das dificuldades que vivem a segregação causada pela falta de segurança que impede que uma loja entregue um frigorífico, um taxi deixe em casa uma senhora de idade ou dois jovens tenham que ir a pé desde a Gare do Oriente porque os táxis os não levam, sequer, à beira do bairro. 
E, ainda assim, uma senhora com quatro filhos e dois empregos, consegue educá-los e fazê-los chegar à universidade. Ainda assim um cigano se diz ofendido pelos outros ciganos que generalizam a "insegurança da raça" quando ele lá continua a viver, a ir para o trabalho, sem problemas. Não se mete com ninguem, e ninguém se mete com ele. E entre os realojados que nem pagam as rendas de € 4,00 (e quando despejados partem a casa toda antes de sair) vive gente que contraiu empréstimos para comprar casa, paga mensalidades de € 500,00 e nem pode sair à rua com a insegurança, tem as janelas gradeadas e não logra levantar os estores. Podem ver tudo aqui é a reportagem de 23.07.2008. São trinta e cinco minutos que vale a pena ver.

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