31.3.09

Corre, Coelho


E nos anos 60 Coelho correu. Correu fugindo à vida que o aprisionava. Até onde irá?
Na prateleira já tenho o "Regressa, Coelho". Depois de um intervalo irei à procura do que lhe aconteceu nos anos setenta.

30.3.09

O adeus do actor. Esperemos que se mantenha o realizador por muitos e bons anos.


Eastwood representa aqui um velho. Um daqueles velhos que, ao contrário dele próprio, já não tem meios para expressar aquilo que pensa, aquilo que sente, que se limita a ser, metódico, activo e sem paciência para a tolerância. Limita-se a viver o dia-a-dia resmungando a torto e a direito e encontrando na rotina e nos amigos de há muito, uma maneira de ser, muitas vezes uma fachada sem conteúdo.
Este homem vai ser posto à prova, e vai deixar emergir o seu sentido de justiça. Ainda que para isso tenha que "resuscitar" uma nova versão de um Dirty Harry, disposto a tudo para arrumar com os "maus".
Clint Eastwood compõe aquele que será o seu último personagem, e fá-lo como uma homenagem a todos os que já interpretou no passado. É duro, frio e temerário na acção, disposto a tudo... mas também é capaz de se aproximar dos outros, de criar empatia, de se mostrar sensível, cuidadoso e carinhoso.
É um velho sem papas na língua, que ousa dizer as barbaridades mais politicamente incorrectas. Porém, mais do que as palavras, serão os actos a defini-lo.
O texto é impecável. A história, muito bem construída. A realização, sem reparos. E sem efeitos especiais, com meios muito contidos, encontramos aqui mais um dos grandes filmes do ano.
A não perder, seguramente.

27.3.09

Palavra de Deputado é sagrada.

Foi aprovado um novo regime de faltas para os deputados, do qual saliento uma bonita norma, creio que sem igual para qualquer outra pessoa deste país com dever de comparência:

"7 — A palavra do Deputado faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais. Quando for invocado o motivo de doença, poderá, porém, ser exigido atestado médico caso a situação se prolongue por mais de uma semana."
Ao que parece, a palavra de um Deputado é sagrada. Pena temos que a sua qualidade seja cada vez mais confrangedora, e haja cada vez menos deputados relevantes, remetendo-se os demais a uma figura de corpe presente (de vez em quando), votando acriticamente e nunca sequer usando da palavra. Excepto para fazer fé.

20.3.09

Querem acabar com o livro

A investida é grande e a ameaça sobre as páginas em papel é cada vez maior. Hoje, n' O Público, lê-se "Acordo entre a Sony e a Google disponibiliza 500 mil eBooks gratuitos em formato ePub"
Ainda assim a maioria de nós prefere ter entre mãos um sólido maço de folhas encadernadas para folhear com a ponta dos dedos. Mas os novos modelos de leitura, assentes em plataformas como o iPhone, PDA's e mesmo leitores de e-Book leves, finos, sensíveis ao toque e por isso simulando o acto de virar as páginas, capazes de guardar em memória dezenas ou mesmo centenas de títulos, ameaçam o reinado do livro com séculos de história. Se nós, velhos do Restelo, nos queixamos de não conseguir ler numa pantalha electrónica tal como o fazemos numa folha impressa, as gerações vindouras já crescem interiorizando, aceitando e dando preferência à leitura em suportes digitais. 
E assim se acabariam as deprimentes "feiras" no Metro, no adro da igreja, nas praças, que querem despachar centenas de monos não vendidos, edições fracassadas, toneladas de papel que saltitam de ponto de venda em ponto de venda, degradando-se até à destruição.
Quando tenho em casa uma sala a que pomposamente chamo biblioteca onde guardo centenas de livros, cd's e dvd's penso no espaço que ganharia se tudo aquilo se limitasse ao formato digital em disco rígido. A música já está guardada, redundantemente, no iPod, no computador e em dois discos rígidos de back-up, pelo que os mais de 650 discos só raramente são abertos e colocados numa aparelhagem. Fazer o mesmo pelos livros parece-me um cenário muito distante. Mas ainda há três anos eu desconhecia o conceito de "ripar" um cd e guardá-lo no computador.

16.3.09

O Poder Político está a minar o Poder Judicial - a Democracia está em risco (1)

Começo aqui uma série de posts sobre um sério problema que afecta todos quantos vivemos nesta sociedade que se quer democrática. O Poder Político está a minar o Poder Judicial. E a fazer um bom trabalho, por sinal. 
Vou tentar ser breve, mas exaustivo. Hoje começo com algo simples de perceber, e que foi notícia no JN.
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Imagine que se divorcia, e como "a coisa está negra" não se entendem quanto à divisão dos bens do casal.
Imagine que aquele tio sem mulher nem filhos que tinha uma data de terrenos "lá na terra" morreu e não se entende com o restos dos primos quanto à divisão dos bens da herança, até porque ainda há que partilhar umas quantas terras dos avós e já há um dos primos morto mas que deixou dois filhos desavindos.
Até agora, pode contar com um Tribunal, com um Juiz ao qual, aleatoriamente, vai ser entregue o caso e que depois decidirá o processo de partilha, o conhecido inventário.
Quer o Governo retirar este processo dos Tribunais e entregá-lo aos notários. Uma situação de conflito, de manifesta litigância e particular relevo (quanta gente já não acabou ao tiro por causa e partilhas) é retirada do orgão jurisdicional que, por natureza, resolve conflitos aplicando a lei aos factos.
A ideia é demasiado má. Veja aqui os comentários.

12.3.09

Ideias parvas

Lido hoje, no Yahoo!


Chocolate tax call in obesity fight

Chocolate should be taxed in a bid to control the
obesity epidemic, a medical conference will hear.

A doctor called to tax chocolate to fight obesity Family doctor David Walker believes that chocolate is a "major player" in the problem of the country's expanding waistlines.
Taxing the treat would raise its profile as an unhealthy food which can contribute to weight-related conditions including diabetes, high blood pressure and back pain, the Lanarkshire GP will tell doctors at a conference in Clydebank.
He said people are often eating more than half a day's worth of calories when they polish off a bag of chocolates in front of the television.
Dr Walker, based at Airdrie Health Centre, said: "I believe that chocolate is a major player in
obesity and obesity-related conditions.
"What I'm trying to get across is that chocolate is sneaking under the radar of unhealthy foods.
"More than one person has said to me, 'oh, but isn't chocolate good for you?' but any benefits are more than outweighed by the detrimental effect of obesity.
"It's a case of anything in moderation and one or two squares, or perhaps one chocolate biscuit a day, is fine.
"My point is that it is not unusual for a person to eat a 225g bag of something like Minstrels while watching their favourite
soap opera, and that's just short of 1,200 calories - more than half the recommended daily intake for men and women".
Dr Walker will lead the debate at the BMA's annual conference of Scottish Local Medical Committees.

9.3.09

Más companhias

A queixa da Unita só me suscita um comentário: por onde têm andado nos últimos anos? Não ouvem as notícias?

Who watches the Watchmen

Era um dos filmes mais aguardado por mim, desde que vi o trailer no Mac (sim, quem tem um Mac e uma ligação à internet pode ver os trailers com uma antecedência brutal).
Por isso, este fim-de-semana fui ver o Watchmen, adaptação cinematográfica da novela gráfica com o mesmo título de Alan Moore e Dave Gibbons. Não é ser pretencioso recorrer ao termo "novela-gráfica" quando se fala deste livro, pois quem já o leu sabe que vai muito para além de uma BD. E o filme, fiel à imagem e ao texto (eliminando a história paralela do náufrago que é lida ao lado do quisque dos jornais, e mesmo assim estendendo-se até duas horas e quarenta minutos) é, pura e simplesmente, uma pérola que ficará para a história com o mesmo impacto.
Apesar de já ter ouvido falar deste livro, creio que raramente o vi à venda em Portugal antes desta explosão comercial à volta do filme, pelo que só o comprei quando o ano passado estive em Nova Iorque. É um livro fantástico que nos faz pensar e regressar aos anos oitenta, quando temíamos que pudesse, a qualquer momento, haver um holocausto nuclear (lembram-se da quantidade de filmes - WarGames, The Day After, por exemplo - e séries que abordavam a temática?). 
Hoje estamos esquecidos de tal destruição 
global. O medo é localizado, com ataques terroristas de efeitos restritos a uma qualquer área, mas sempre permitindo à Humanidade continuar. Watchmen explora exactamente o medo de não continuar, da erradicação da vida na Terra, do que é necessário para superar a paranóia instalada em que toda a gente desconfia de tudo e todos, num mundo onde até os super-heróis têm um lado negro revelando-se verdadeiros rufias ou psicopatas.
Em Londres, outra das lojas que visitei com prazer foi a Forbiden Planet, especializada em banda desenhada, literatura fantástica e de ficção científica, manga, anime, e muitos artigos de coleccionismo dessas áreas. Um paraíso, pois apetece escolher montanhas de livros para os ler durante uma vida. 
Os Watchmen estavam em alta. Com a aproximação da estreia do filme, a parafernália de edições da novela original, de livros sobre o "making of" do filme, de estudos sobre a história, "action figures", brindes... sei lá.
Já agora, a Forbiden Planet revelava quão fanáticos os britânicos são com o "seu" Dr. Who e, agora recentemente, "Torchwood". Podem descobri-los na SIC Radical.

5.3.09

Loucura consumista

Logo no primeiro dia de "passeio" por Londres entrei na HMV, acrónimo de His Master's Voice, uma cadeia de lojas de música, filmes, livros, jogos e equipamento, que se revelou uma autêntica loucura.
Ao contrário das lojas em Portugal, Fnac incluída, o espaço é enorme, e circulamos com à-vontade entre expositores que de forma ampla, clara e evidente nos exibem milhares de cd's. O pior..., é que a grande maioria estava a £ 5,00, ou seja, menos de € 6,00.

Encontra-se de tudo, do mais velhinho ao mais recente, em todos os géneros. Aquele disco que por aqui nunca mais encontramos, ou que nunca baixa de preço, por lá está ao preço da chuva. Com valores assim, e sendo da geração que gosta de ter nas mãos o suporte físico de um álbum, logo me arruinei em pouco mais de uma hora.

Mais de trinta cd's, três jogos para a Wii (tão baratos, quando comparados com os preços de cá), e uma série de bom humor britânico e ainda 4 t-shirts, bem catitas, com imagens da Rua Sésamo, :o)) , e do Stewie (Family Guy).

É bom, ir às compras a Londres...

1.3.09

Londres, 7 anos depois

O meu regresso a Londres, sete anos depois, foi uma oportunidade para conhecer uma cidade diferente. Diferente da corrida que então fiz para ver a maioria das atracções turísticas, pois desta feita visitei apenas dois museus: regressei à Tate Modern e conheci a Saatchi Gallery.

Assim, esta escapadinha à velha Londres levou-me às ruas de comércio, cheias de gente num fim de semana de sol que fazia esquecer as dificuldades do nevão de três semanas antes para descobrir quão viva está a cidade. E isso logo me pôs a fazer comparações com a nossa Lisboa.

Por cá a cidade “fecha” às sete da tarde (veja-se a Baixa, fantasma a partir de então) e mostra-se esquecida ao domingo, com todo o comércio encerrado e apenas ruas vazias para percorrer. Lá, ao sábado as lojas estendem o horário até às 10 da noite. Ao domingo, abrem durante a tarde. E as pessoas vêm para a rua, percorrem os passeios passeando a pé, entrando nos cafés, enchendo as esplanadas, invadindo os jardins. Deslocam-se de metro, cheio como em hora de ponta de um dia útil, porque o centro tem a circulação automóvel limitada. Por cá, sai-se de carro para o centro comercial ou para a tradicional “volta dos tristes” enfrentando filas de trânsito na ânsia de ir à mesma praia nem que seja para beber uma imperial ou comer um gelado.

Redescobri, pois, uma cidade de Londres cheia de vida, renovando o desejo de lá voltar, nem que seja em escapadinhas destas, com direito a ir ao teatro e tudo. Até porque a libra está cada vez mais próxima do euro, e as compras são interessantes.

Falarei disso num próximo post.