Eastwood representa aqui um velho. Um daqueles velhos que, ao contrário dele próprio, já não tem meios para expressar aquilo que pensa, aquilo que sente, que se limita a ser, metódico, activo e sem paciência para a tolerância. Limita-se a viver o dia-a-dia resmungando a torto e a direito e encontrando na rotina e nos amigos de há muito, uma maneira de ser, muitas vezes uma fachada sem conteúdo.
Este homem vai ser posto à prova, e vai deixar emergir o seu sentido de justiça. Ainda que para isso tenha que "resuscitar" uma nova versão de um Dirty Harry, disposto a tudo para arrumar com os "maus".
Clint Eastwood compõe aquele que será o seu último personagem, e fá-lo como uma homenagem a todos os que já interpretou no passado. É duro, frio e temerário na acção, disposto a tudo... mas também é capaz de se aproximar dos outros, de criar empatia, de se mostrar sensível, cuidadoso e carinhoso.
É um velho sem papas na língua, que ousa dizer as barbaridades mais politicamente incorrectas. Porém, mais do que as palavras, serão os actos a defini-lo.
O texto é impecável. A história, muito bem construída. A realização, sem reparos. E sem efeitos especiais, com meios muito contidos, encontramos aqui mais um dos grandes filmes do ano.
A não perder, seguramente.
1 comentário:
Nunca gostei muito de Eastwood como actor. Como realizador, sim, gosto muito.
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