20.3.09

Querem acabar com o livro

A investida é grande e a ameaça sobre as páginas em papel é cada vez maior. Hoje, n' O Público, lê-se "Acordo entre a Sony e a Google disponibiliza 500 mil eBooks gratuitos em formato ePub"
Ainda assim a maioria de nós prefere ter entre mãos um sólido maço de folhas encadernadas para folhear com a ponta dos dedos. Mas os novos modelos de leitura, assentes em plataformas como o iPhone, PDA's e mesmo leitores de e-Book leves, finos, sensíveis ao toque e por isso simulando o acto de virar as páginas, capazes de guardar em memória dezenas ou mesmo centenas de títulos, ameaçam o reinado do livro com séculos de história. Se nós, velhos do Restelo, nos queixamos de não conseguir ler numa pantalha electrónica tal como o fazemos numa folha impressa, as gerações vindouras já crescem interiorizando, aceitando e dando preferência à leitura em suportes digitais. 
E assim se acabariam as deprimentes "feiras" no Metro, no adro da igreja, nas praças, que querem despachar centenas de monos não vendidos, edições fracassadas, toneladas de papel que saltitam de ponto de venda em ponto de venda, degradando-se até à destruição.
Quando tenho em casa uma sala a que pomposamente chamo biblioteca onde guardo centenas de livros, cd's e dvd's penso no espaço que ganharia se tudo aquilo se limitasse ao formato digital em disco rígido. A música já está guardada, redundantemente, no iPod, no computador e em dois discos rígidos de back-up, pelo que os mais de 650 discos só raramente são abertos e colocados numa aparelhagem. Fazer o mesmo pelos livros parece-me um cenário muito distante. Mas ainda há três anos eu desconhecia o conceito de "ripar" um cd e guardá-lo no computador.

3 comentários:

marisa m disse...

Não te preocupes: (pelo menos eu) continuarei a oferecer-te pelos anos alguma coisa que possas segurar na mão, guardar no bolso (se for grande, o bolso), desfrutar em caso de falha no sistema eléctrico... Ainda vem loooooonge o dia em que te envio um link para descarregar um ficheiro em vez de um embrulho com laços... Uma coisa não dispensa a outra. (Já dizia o tolo-sábio da aldeia do meu pai: "Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa")
:)

Urso Polar disse...

E que belo dito o do tolo. Um amigo de adolescência também um dia disse "era um sapo que era um sapo. Não era uma rã". Q.E.D.

A Tendinha disse...

Pois as coisas evoluem, mas nos livros não creio que a coisa cole... comigo não cola! Há lá algo melhor que o cheirinho de um livro novo?