Trabalho de nostalgia, reproduzindo um sonho ao mesmo tempo que demonstra a realidade.
O muro caiu, a RDA extinguiu-se, as diferenças culturais de 40 anos esbateram-se. Tudo sem dignidade, apenas com uma ânsia ocupacionista.
Em Adeus, Lenine o filho, para proteger a mãe da verdade que a pode matar, alimenta uma ficção segundo a qual é a abertura da RDA que promove a reunificação com a RFA. No fundo, e seguindo os bonitos princípios de um fictício novo dirigente, outrora cosmonauta, uma reunificação tal como deveria ter sido, e não como foi.
Caminhando entre a verdade e a mentira, entre a perda de referências e a absorção pela cultura de massas, entre o Estado castrador e o capitalismo empreendedor, mas sem humanidade, o filme leva-nos a um período recente da história da Europa que não deverá ser esquecido enquanto caminhamos rapidamente para uma União Europeia com muitas nações e uma voz. Ou talvez não.
À minha frente, um casal de alemães (sei lá se de leste ou de ocidente) ria nalgumas partes para mim sem piada. Os seus olhos viram o filme de forma diferente. Sentiram o filme de forma diferente.
São filmes como este essenciais para sabermos em que ponto estamos culturalmente nesta Europa.
Mas, que sei eu ainda?
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