Não tenho palavras para descrever o que me vai na alma depois de mais um atentado terrorista como o que abanou Madrid.
Aqui no meu gabinete, a página do Público na net tem sido a janela para Madrid, na qual vejo com preocupação os números a subir, quer de mortos quer de feridos, e leio as reacções.
Quando ocorreu o 11 de Setembro, a sensação foi bem pior, porque temi as consequências. Porém, se hoje creio que daqui não resultarão consequências para o mundo, não posso deixar de sentir a dor dos que por ali andam.
Todos os dias morre gente em guerras, em Israel e na Palestina, na Africa Central, em pequenos Estados... É curioso como, quanto a esses ficamos vacinados. Veja-se o Haiti, ou que quase todos os dias morrem americanos ou iraquianos no Iraque e achamos natural.
São, porém, zonas de conflito, das quais estamos à espera de desgraças. Zonas onde a notícia será a trégua, a paz, a esperança.
Imagine-se Lisboa. E rebentarem bombas na linha de Cascais, na linha de Sintra e na linha da Azambuja, pela manhã, quando milhares de pessoas tomam o seu lugar para o emprego. Pense-se na angústia de quem sabe que os seus viajavam de comboio, quem sabe se naquele comboio que estoirou. Imagine-se o terror que amanhã todos aqueles que tomarem o comboio ou o metro vão sentir.
Quanto tempo passará até que deixem de temer que o céu lhes caia em cima da cabeça?
Que ganharam aqueles que lançaram o terror? De que forma estarão mais perto dos seus objectivos? Ou estes objectivos cingem-se ao caos e à dor dos outros?
Curiosamente, há alguns dias, ouvi na TSF um entrevistado (não me lembro quem, mas julgo que era diplomata português - seria José Lamego?) dizer que a ETA estava gravemente ferida, que perdera muitos comandos e muitos dirigentes, pelo que, desarticulada, tinha a menor actividade desde o ínício dos anos 80 (excepto 1999, devido à trégua). Salientava a falta de apoios de todos os quadrantes, onde o próprio Partido Nacionalista Basco disse que a ETA deveria desaparecer, deixar de existir.
Porém, temia-se que a ETA pudesse desencadear uma "acção espectacular", de elevada gravidade. Esclarecia que a ETA ainda tinha esse potencial e podia alterar a sua forma de intervir. Reconheço agora que ouvi um comentador esclarecido, informado e, infelizmente, premonitório. Isto apesar das insinuações de que seriam os radicais árabes a estar por detrás do atentado.
Não sei quem o fez.
Mas, ETA ou AL-Qaeda: SOIS UNS FILHOS DA PUTA.
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