O Benfica é campeão de futebol e o país entrou em euforia. O clube que mais adeptos tem em Portugal encheu ruas, cortou avenidas, entupiu o trânsito e esgotou o álcool. Milhares de pessoas ficaram felizes e disseram autênticas “bujardas” aos microfones como se o mais importante na vida fosse um título, efémero, ligado ao pé-na-bola.
Foi, por isso, o dia perfeito, a semana perfeita, para o Governo se lançar na exposição e ataque ao défice orçamental que, revelou, está actualmente nos 6,83%! Barroso atacou a economia com o discurso da “tanga” e largou-lhe o pitt-bull que era Manuela Ferreira Leite. Foi impopular, a senhora, mas ainda acreditei que alguma coisa estava a ser feita para controlar o défice orçamental. Ilusoriamente, como sempre, o governo de Pedro Santana Lopes foi pródigo a anunciar que os tempos da tanga já lá iam, e podíamos esquecer a recessão, a depressão, porque estávamos de novo no rumo da riqueza e da abundância.
Agora, Sócrates vai fazer-nos pagar, sem alarido porque isso custa votos, e de preferência a partir desta semana na qual anda tudo com a cabeça virada para a bola e para os feitos do Benfica.
Fico satisfeito pelo meu clube. Mas pouco me importa o campeonato quando vejo o descalabro nacional determinado pela crua, impúdica e doente manipulação política que os sucessivos governos vêm fazendo.
À custa de uma política orçamental determinada por um Pacto de Estabilidade irreal, Portugal ignorou reformas estruturais, perdeu o comboio da competitvidade e iludiu-se com feitos efémeros, conjunturais. De que adianta recordar o sucesso da Expo 98, do Mundial 2004, a construção de auto-estradas, da Casa da Música ou qualquer outro feito episódico. As fábricas fecham, porque não são competitvas. A agricultura perde-se seguindo métodos ancestrais e exclusivamente dependentes do sol e da chuva. A frota pesqueira desapareceu e o peixe junto à costa também. Os hospitais são monstros ingovernáveis e os centros de saúde servem apenas para passar receitas e fazer pensos. Os Tribunais movem-se como tartarugas carregadas debaixo das toneladas de papel que as bagatelas implicam.
Tudo, e todos, pedem ao Estado apoios, como se fosse possível sustentar uma população nada competitiva. Como os filhos impreparados para a vida que estão sempre a exigir aos pais que os sustentem. Ao primeiro contratempo voltam para casa de mão estendida.
Algo está mal.
As gentes, contudo, querem é festa e bola. Ontem, via um filme na TVI, para passar o tempo. Uma comédia ligeira que fazia sorrir. A TVI interrompeu o filme durante mais de meia-hora para mostrar autocarros a caminho dos estádios e comentários tontos de antecipação. Hoje, nos noticiários das 13h00m, a RTP1 demorou 15 minutos com o Benfica. A SIC 30 minutos. A TVI mais de 35.
Assim se vê como todos esqueceram a fábula da cigarra e da formiga.
Exigir é muito fácil. Contribuir é que é tramado. A começar pelos governantes. Óptimos a exigir sacrifícios, são os primeiros a evitá-los, juntando despesismo com incompetência e desconhecimento das matérias sobre as quais decidem.
Gostava de estar feliz com o Benfica. Mas uma vitória no campeonato, 11 anos depois da última, não chega para encobrir a miséria governativa que nos arrasta para o fundo de escuras águas turbulentas.
Foi, por isso, o dia perfeito, a semana perfeita, para o Governo se lançar na exposição e ataque ao défice orçamental que, revelou, está actualmente nos 6,83%! Barroso atacou a economia com o discurso da “tanga” e largou-lhe o pitt-bull que era Manuela Ferreira Leite. Foi impopular, a senhora, mas ainda acreditei que alguma coisa estava a ser feita para controlar o défice orçamental. Ilusoriamente, como sempre, o governo de Pedro Santana Lopes foi pródigo a anunciar que os tempos da tanga já lá iam, e podíamos esquecer a recessão, a depressão, porque estávamos de novo no rumo da riqueza e da abundância.
Agora, Sócrates vai fazer-nos pagar, sem alarido porque isso custa votos, e de preferência a partir desta semana na qual anda tudo com a cabeça virada para a bola e para os feitos do Benfica.
Fico satisfeito pelo meu clube. Mas pouco me importa o campeonato quando vejo o descalabro nacional determinado pela crua, impúdica e doente manipulação política que os sucessivos governos vêm fazendo.
À custa de uma política orçamental determinada por um Pacto de Estabilidade irreal, Portugal ignorou reformas estruturais, perdeu o comboio da competitvidade e iludiu-se com feitos efémeros, conjunturais. De que adianta recordar o sucesso da Expo 98, do Mundial 2004, a construção de auto-estradas, da Casa da Música ou qualquer outro feito episódico. As fábricas fecham, porque não são competitvas. A agricultura perde-se seguindo métodos ancestrais e exclusivamente dependentes do sol e da chuva. A frota pesqueira desapareceu e o peixe junto à costa também. Os hospitais são monstros ingovernáveis e os centros de saúde servem apenas para passar receitas e fazer pensos. Os Tribunais movem-se como tartarugas carregadas debaixo das toneladas de papel que as bagatelas implicam.
Tudo, e todos, pedem ao Estado apoios, como se fosse possível sustentar uma população nada competitiva. Como os filhos impreparados para a vida que estão sempre a exigir aos pais que os sustentem. Ao primeiro contratempo voltam para casa de mão estendida.
Algo está mal.
As gentes, contudo, querem é festa e bola. Ontem, via um filme na TVI, para passar o tempo. Uma comédia ligeira que fazia sorrir. A TVI interrompeu o filme durante mais de meia-hora para mostrar autocarros a caminho dos estádios e comentários tontos de antecipação. Hoje, nos noticiários das 13h00m, a RTP1 demorou 15 minutos com o Benfica. A SIC 30 minutos. A TVI mais de 35.
Assim se vê como todos esqueceram a fábula da cigarra e da formiga.
Exigir é muito fácil. Contribuir é que é tramado. A começar pelos governantes. Óptimos a exigir sacrifícios, são os primeiros a evitá-los, juntando despesismo com incompetência e desconhecimento das matérias sobre as quais decidem.
Gostava de estar feliz com o Benfica. Mas uma vitória no campeonato, 11 anos depois da última, não chega para encobrir a miséria governativa que nos arrasta para o fundo de escuras águas turbulentas.
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