17.10.05

Mundos fechados

Vinha hoje no metro e reparei numa coisa muito curiosa. É elevado o número de pessoas que, logo pela manhã, leva auriculares, auscultadores, “orelhinhas”, como quiserem chamar-lhes colocadas. Na era da música digital, dos i-Pod e afins, nada mais natural. Saído de casa, entrado no transporte público, o indivíduo fecha-se ao que o rodeia numa orla musical. É algo que vem de longe, desde os walkman, os leitores portáteis de cassetes, que muito utilizei nos idos anos 80 da adolescência.
O que é estranho, é ver gente que viaja acompanhado, usar tal aparelho.
Ou ambos usarem o aparelho.
Hoje vi três miúdas, com ar de escola secundária, que viajavam juntas. Cada uma ouvia música a partir do seu aparelho, ocasionalmente dando sinais de reconhecerem que as outras estavam ali ao lado. Porém, a comunicação não era verbal. Não aproveitavam para falar do fim-de-semana que acabou, do que fizeram, viram ou leram. Apenas estava juntas, cada uma ao seu ritmo. A dada altura uma apontou para um ouvido e disse qualquer coisa. Uma das amigas ignorou, a outra perguntou “O quê?”, mas não retirou algum dos apêndices auditivos para melhor escutar a resposta. Depois da repetição abanou a cabeça sorrindo, fechando-se de novo na carapaça musical.
Isto é mesmo estranho, ou estou a ficar velho?

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