28.10.05

Notas

Cumprida a greve dos Juizes, creio ter a mesma atingido um dos seus objectivos: ouviu-se a mensagem sem a deturpação política imprimida pelo Governo. Para quem ouviu com atenção (infelizmente, terão sido poucos), deu para perceber que não estão em causa apenas privilégios (a maioria dos quais julgo justificados e até insuficientes), mas sim, e essencialmente, problemas de prestígio, credibilidade e autoridade, minados constantemente pelo actual Governo.
O Primeiro-Ministro dispara para o lado, fugindo à questão e dando realce ao que mais facilmente parece injustificado para se salvaguardar na demagogia do discurso político. É bem sucedido e os jornalistas vão atrás. Quando o PM diz que os Juízes estão contra ficar com o sistema de saúde de todos os funcionários públicos, assim se acabando com um privilégio injustificado, porque razão não houve um único dos repórteres que lhe perguntasse "então porque ficam os SSMJ a funcionar à mesma para os investigadores da PJ, para os Serviços Prisionais e para o Instituto de Reinserção Social?". Gostava de ver Sócrates responder a essa.
O Minstro da Justiça foge às questões de fundo e leva os jornalistas consigo. Fala-se de requisição civil, de serviços mínimos, de existirem pessoas prejudicadas com a greve (não é esse o fim da greve?) e termina sempre alijando responsabilidades, como se tais "danos" não fossem uma consequência da sua condução da pasta. Quem o ouvir nem acredita que ele é o responsável pela Justiça.
Hoje o Independente trás à capa o caso de Alberto Costa em Macau, do qual uma vez falei neste blog. Tirando a manchete enganosa, num truque fácil, o jornal relembra um bom exemplo do carácter do ministro.
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Nas presidenciais correm fluidas as sondagens que alimentarão o discurso até à eleição. Alegre aparece à frente de Soares. Alguém está surpreendido? Cavaco é dado como certo. Como já ouvi dizer, o melhor é ele não falar muito até às urnas. É que de cada vez que abre a boca perde votos. Pela falta de conteúdo, de segurança, pelo excesso de cautelas e lugares-comuns. A ver vamos.
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Os passarinhos têm gripe. Está lançado o alerta. Depois dos primeiros dias de excitação histérica, parece que com maior informação o surto é encarado com mais segurança. Esperemos que o Ministro da Agricultura, que não poupa esclarecimentos, esteja certo. Esperemos que as farmacêuticas não venham a ganhar muito dinheiro com esta gripe. Seria um bom sinal.
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Wallace & Gromit estão de volta. Há mais uma meia-dúzia de filmes para ver. Para quem paga o KingKard todos os meses tenho deixado de o usar. É altura de corrigir isso.

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