O último filme de Martin Scorsese é um remake de uma obra de Andrew Lau, cineasta de Hong Kong que em 2002 realizou "Infernal Affairs". Para a nova versão americana, o realizador de peso escolheu actores do mesmo gabarito, e por isso temos a contracenar este jogo de ilusões, e desilusões, actores como o cada vez mais maduro, cada vez melhor (para mim no seu melhor papel) Leonardo diCaprio, o seguro Matt Damon, Mark Wahlberg com falas brilhantes de ritmo e humor envoltas em dureza e cinismo (pena não se ver mais vezes, este actor), e um veterano Jack Nicholson, excessivo q.b. para compor um personagem que é um excesso.
Regra geral os remakes de Holywood deixam muito a desejar. Neste caso não posso comparar com o produto original, porque não o vi, apesar de me lembrar perfeitamente dos trailers. Por isso mesmo, o argumento era uma novidade e fui sempre avançando em suspenso para a cena seguinte, inseguro a té ao fim sobre a forma como a narrativa iria encontrar o seu desfecho.
Por isso, mesmo sem saber o nível do filme de Hong Kong, posso dizer que "The Departed" é emocionante, cativa, enreda-nos nos jogos de enganos que os personagens insistem jogar contra todas as regras de auto-preservação, e deixa-nos uma sensação de satisfação só possível nos filmes bem orquestrados.
Por falar em orquestra... impõe-se uma palavra para a banda sonora, variada e adequada a cada cena, pela intensidade e qualidade dos seus intérpretes.
Para terminar, apenas direi que só há uma cena escusada... pois a sua ironia é obscurecida pelo irreal da situação. O último plano, no qual o olhar é chamado à cúpula dourada, dispensava a presença do roedor comedor de queijo.
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