Ontem fui ver esta gente a interpretar peças dos míticos Monty Python, segundo uma tradução/adaptação de Nuno Markl. A encenação coube a António Feio.
Não sei como dizer aquilo que achei do espectáculo. Quando se admira tanto o trabalho daqueles senhores ingleses (e um americano), soa sempre a sacrilégio saber que alguém anda a remexer na "coisa". Assim, foi com muito receio que me sentei no Auditório dos Oceanos no Casino de Lisboa. Tinha apenas a segurança de saber que os artistas eram bons, competentes, e o adaptador respeitava muito, mas mesmo muito, o trabalho dos Monty Python.
Com o correr da apresentação tive que constatar o facto de ser mesmo um cromo, pois que não só reconheci como antecipei todo o texto, tantas as vezes que já vi os originais. Ora, isso seria um passo para não achar piada ao espectáculo. Mas achei. E houve momentos de rir a bom rir tal a forma como os actores levaram a cabo o árduo trabalho. E mais ainda com José Pedro Gomes estava em dia "não" em termos de concentração e andou perdido de riso no meio das rábulas, tentando conter-se, mas acabando por contaminar os colegas de palco que a custo, a muito custo, resistiram às insinuantes investidas do riso descontrolado.
De todas as rábulas, as que mais gostei de ver adaptadas foram, sem dúvida, a do Papa e Miguel Ângelo, a dos polícias que têm problemas de audição, a menos que lhes falem com diferentes entoações, e a do produtor de cinema e seus argumentistas. Quanto aos números musicais, Markl lá se safou, particularmente na cambiante do "lumberjack" que virou trolha, sendo certo que é muito difícil adaptar letras de músicas nascidas para ter piada pela cadência e sonoridade do inglês.
Os actores são muito dedicados e, respeitando o original, copiam os tiques dos grandes Monty Python, indo para além dessa mesma cópia mas não estragando a performance com soluções desadequadas ou demasiado "criativas".
Vim de lá muito mais satisfeito do que pensava que poderia vir quando paguei os bilhetinhos.