14.9.07

Pais real

Na minha leitura diária do Blogue dos Marretas e do Ouriço-Cacheiro fui alertado para uma ideia que tenho que partilhar aqui.
O Dalai-Lama está em Portugal. É uma figura incontornável do nosso Mundo, por tudo aquilo que representa, mas muito particularmente pela forma como age e comunica. A tragédia do Tibete alvo de repressão chinesa não é das mais graves neste nosso planeta, mas é uma entre muitas, e a forma como o Dalai-Lama a combate, argumentando com um sorriso nos lábios espalhando a filosofia que o rege consegue captar simpatia, ainda que pouco esclarecida.
Ao chegar a Portugal, jornalistas portugueses "saltaram" sobre o homem confrontando-o com a recusa do Governo Português em recebê-lo oficialmente, aparentemente à espera de uma declaração bombástica, arrasadora, amarga. Mas, naturalmente, isso não aconteceu, saindo-se o líder espiritual tibetano com a fantástica frase de que os Governos pouco fazem para espalhar a palavra de paz e igualdade que é a sua missão, não sendo o Português uma excepção.
O Governo Português não quis receber oficialmente o Dalai-Lama. A única justificação para tal decisão, por muita argumentação publicada pelos governantes, só pode ser o desejo de não "ferir a sensibilidade da China", cujo crescente poderio económico justifica uma estranha subserviência.
Em contrapartida convidou Robert Mugabe para a Conferência da União Europeia com os países africanos, mesmo que com isso ponha em causa a participação do Reino Unido e outros que já ameaçaram, igualmente, boicotar a iniciativa. Pelos vistos este países europeus terão pouco peso na estratégia governativa, e aquele ditador de pacotilha, que responde a um passado racista com vítimas negras num presente racista com expulsão, sem qualquer critério ou justificação, dos brancos, com isso arruinando o país e entregando a população (negra) que demagogicamente anunciou defender, no limiar da fome, na mais confragedora pobreza num país de elevados recursos naturais.
Este é o Governo real.
É o nosso país real. Aquele cujos noticiários televisivos abrem com o soco de Scolari que escalpelizam durante dez minutos para, depois, gastar outro tanto tempo com as especulações jornaisticas sobre o caso da Maddie.
Cada vez mais, mais pessoas vivem longe da realidade, intoxicadas pela deturpação dos valores traduzida nestes tiros ao lado de tudo o que verdadeiramente importa.

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